As ações do Banco do Brasil (BBAS3) estão entre as principais que compõem o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira. Nesta segunda-feira (1º), às 15h50, o banco registra baixa de 1,25% na bolsa, com cotação a R$ 22,19.
Publicidade
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) estão entre as principais que compõem o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira. Nesta segunda-feira (1º), às 15h50, o banco registra baixa de 1,25% na bolsa, com cotação a R$ 22,19.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Desde o início de 2025, BBAS3 tem refletido um ambiente mais desafiador, marcado pelo aumento expressivo das Provisões para Devedores Duvidosos (PDD), que cresceram de forma contínua e exigiram revisões nas projeções do banco, e pela redução do payout (parcela do lucro distribuída em dividendos) para 30%, o que diminuiu o apelo da ação entre investidores que buscam renda passiva.
Essas iniciativas caminham em paralelo com medidas de apoio do governo ao setor rural, que ajudam a conter o impacto da inadimplência e podem aliviar as provisões futuras.
BBAS3 é o código de negociação (ticker) das ações ordinárias do Banco do Brasil S.A., listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira. O BB é uma sociedade de economia mista de capital aberto, estrutura que combina participação estatal majoritária com acionistas privados. O capital social da empresa é formado exclusivamente por ações ordinárias, sendo que cada uma confere ao titular um voto nas deliberações da Assembleia Geral.
A instituição opera sob o regime das leis do mercado de capitais (Lei nº 6.404, de 1976, Lei das S.A.) e das regras específicas aplicáveis às estatais (Lei nº 13.303, de 2016), que definem parâmetros de governança e responsabilidade pública.
A dupla natureza, pública e privada, faz do BB um caso singular no sistema financeiro nacional: um banco que precisa equilibrar metas de rentabilidade e retorno aos acionistas com sua função estratégica de agente de políticas públicas.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Reconhecido como uma das organizações financeiras mais tradicionais e sólidas do País, o Banco do Brasil atua em praticamente todos os segmentos: varejo, agronegócio, crédito corporativo, mercado de capitais e serviços financeiros.
A cotação de BBAS3 reflete a combinação entre fatores operacionais e o ambiente macroeconômico. Entre os vetores mais determinantes está a qualidade da carteira de crédito, especialmente em segmentos mais sensíveis como agronegócio, pessoas físicas e pequenas empresas, áreas que, historicamente, respondem mais intensamente a ciclos de juros e volatilidade econômica.
Também contribui para a percepção de preço do papel o aumento do Provisões para Devedores Duvidosos (PDD). A entrada em vigor da Resolução nº 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que exige provisão antecipada de créditos contra calotes – entenda aqui – obrigou o BB a reforçar significativamente suas coberturas.
Embora prudente do ponto de vista regulatório, esse reforço pressiona o custo de crédito, reduz o lucro distribuível e impacta o preço de BBAS3, já que o mercado tende a precificar margens menores e baixar perspectivas de dividendos.
A rentabilidade operacional é outro eixo de atenção. Indicadores como retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) e margem líquida passaram a ser acompanhados com mais rigor pelos investidores após o banco revisar suas projeções de lucro ajustado para o intervalo entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões em 2025. A revisão, motivada pelos resultados mais fracos do segundo trimestre de 2025 (2T25), reforça o papel dos próximos balanços como termômetro para o sentimento do mercado.

Paralelamente, a política de distribuição de lucros exerce influência direta sobre a atratividade da ação. A Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976) estabelece que as companhias abertas devem distribuir, como dividendo mínimo obrigatório, ao menos 25% do lucro líquido. O Estatuto Social do Banco do Brasil (clique aqui) segue essa diretriz.
Entretanto, decisões de reduzir o payout ou reter resultados para fortalecimento de capital – caso recente – costumam gerar reação negativa entre investidores de perfil mais voltado à renda, especialmente aqueles que buscam previsibilidade e fluxo constante de proventos.
Por fim, o ciclo de juros da economia brasileira completa o conjunto de variáveis estruturais que afetam BBAS3. Segundo o Banco Central (BC), taxas mais elevadas aumentam o custo de captação e pressionam o crédito, mas também ampliam a rentabilidade de operações com títulos e empréstimos.
Publicidade
Já cortes de juros tendem a impulsionar a concessão de crédito, embora comprimam margens financeiras. Como o BB combina características de banco comercial e instituição de controle estatal, sua sensibilidade a decisões de política monetária se torna maior que a de pares privados, o que torna o ativo especialmente dependente do cenário macroeconômico e da política fiscal do governo.
No calendário oficial de Relações com Investidores (RI) do Banco do Brasil (veja aqui), os marcos de divulgação de resultados de 2025 já estão definidos e devem orientar a agenda dos investidores. O balanço do terceiro trimestre (3T25) tem divulgação prevista para 12 de novembro de 2025. Encerrando o ciclo anual de interações com o mercado, o banco também confirmou a realização do BB Day 2025 para o dia 10 de dezembro, evento tradicional em que a Diretoria Executiva detalha perspectivas estratégicas e metas de médio prazo.
O segundo trimestre de 2025 se mostrou particularmente decisivo: o Banco do Brasil mostrou recuo expressivo no lucro ajustado – cerca de 60% inferior ao registrado no mesmo período de 2024. O resultado abaixo das expectativas levou a uma revisão do guidance anual, com cortes nas projeções de lucro e na payout.
A reação dos analistas foi imediata. As revisões de projeções divulgadas após o 2T25 passaram a ser vistas como um marco de inflexão na estratégia do banco para 2025, redirecionando o foco das casas de análise e dos investidores institucionais para os indicadores de eficiência, inadimplência e rentabilidade nos trimestres seguintes.
A expectativa é de que o 3T25 funcione como termômetro para avaliar se o banco conseguirá estabilizar margens e reduzir provisões, retomando gradualmente a trajetória de crescimento dos lucros.
A política de remuneração do Banco do Brasil segue sendo um dos principais pontos de interesse para os investidores em 2025. Em meio a um cenário de revisão de guidance e de lucros pressionados, o banco optou por alterar o cronograma de pagamentos de proventos, com prioridade para juros sobre capital próprio (JCP) como forma de distribuição de resultados.
O Banco do Brasil comunica que, em virtude da necessidade de convergência para o payout de 30% aprovado pela Administração em 13 de agosto de 2025, a remuneração dos acionistas referente ao 3T25 será paga integralmente em 11/12/2025, ou seja, não haverá pagamento antecipado referente ao período.
De acordo com os fatos relevantes já divulgados, foram confirmados JCP referentes ao primeiro e ao segundo trimestres de 2025, em linha com o calendário corporativo previamente anunciado.
O gráfico abaixo mostra a cotação em tempo real das ações do Banco do Brasil (BBAS3).
Você pode acompanhar também pela página de cotações do E-Investidor, que reúne o preço atualizado, gráficos de desempenho e variações ao longo do pregão da Bolsa.
O Banco do Brasil (BBAS3) remunera seus acionistas por meio de dividendos e JCP, dois instrumentos que, embora semelhantes em essência, apresentam tratamentos tributários distintos e exercem impactos diferentes sobre o resultado líquido distribuído.
A preferência da instituição pelo modelo de JCP é estratégica e fiscalmente eficiente, porque, segundo o Manual de Orientação Tributária da Receita Federal, os valores podem ser deduzidos da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) do próprio banco, reduzindo o ônus tributário corporativo.
Houve, de fato, uma mudança estrutural de grande relevância na política de remuneração do BB. Em agosto, o Conselho de Administração aprovou a redução do payout (o porcentual do lucro líquido destinado a dividendos e JCPs) de 40% para 30%.
Publicidade
Segundo a administração do banco, a decisão teve como objetivo preservar caixa, reforçar a base de capital e alinhar a política de proventos às metas internas de solvência e provisão.
A medida foi comunicada em resposta à queda expressiva no lucro ajustado do 2T25 e à necessidade de manter índices de Basileia (que medem a saúde financeira e a solvência de um banco) confortáveis diante de um cenário de maior inadimplência e elevação de custos de crédito.
O impacto da crise sobre a remuneração do acionista foi imediato. Antes da revisão, o guidance do banco indicava lucros entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões para o exercício. Após a revisão, a projeção foi cortada para uma faixa de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões, o que reduz o volume total de dividendos e JCP
Com base nas novas projeções, o dividend yield (DY, rendimento de dividendos) de BBAS3 caiu para cerca de 5,4% em 2025, abaixo média histórica de 8,5%.
O principal gatilho para a reavaliação das ações BBAS3 em 2025 foi o resultado 2T25, que marcou uma virada negativa na trajetória de rentabilidade do Banco do Brasil. O lucro líquido ajustado foi de R$ 3,8 bilhões, queda de cerca de 60% em relação ao mesmo período de 2024. O ROE recuou para 8,4%, o menor desde 2016.
Publicidade
O principal vetor dessa deterioração foi o aumento expressivo da inadimplência, especialmente no agronegócio, cujo índice saltou de 1,32% para 3,49% em 12 meses. Esse avanço reflete tanto as condições climáticas adversas, quanto o encarecimento do crédito rural.
Como consequência, o banco elevou a projeção de custo de crédito para R$ 53 bilhões a 56 bilhões. Esse aumento drenou o lucro e pressionou o capital regulatório, levando a instituição a adotar uma postura de maior cautela em suas projeções financeiras.
O Banco do Brasil reviu drasticamente sua projeção de lucro líquido – uma redução de quase 40%. O guidance para o crescimento da carteira de crédito total também foi revisado. Confira as mudanças na tabela abaixo.

A reação dos analistas de mercado à combinação de queda de lucro, aumento da inadimplência e corte do payout foi majoritariamente negativa, resultando na reavaliação dos preços-alvo e, em alguns casos, das recomendações para as ações BBAS3. O mercado reagiu negativamente ao balanço do 2T25, principalmente devido ao baixo ROE e à perspectiva de remuneração acionária significativamente menor.
Assumindo o novo payout de 30% e um lucro líquido na ponta inferior do guidance (R$ 20,4 bilhões), analistas como Evandro Medeiros, da Suno Research, projetaram dividend yield para 2025 de 5,4%. Esta projeção contrasta fortemente com o rendimento histórico do banco, que atraía investidores pela sua alta capacidade de distribuição.
Publicidade
A revisão do guidance e do payout forçou as casas de análise a reajustarem seus modelos de valuation (valor do ativo) do Banco do Brasil, resultando em cortes nos preços-alvo para refletir o novo panorama de risco e rentabilidade.
A XP Investimentos realizou um corte substancial no preço-alvo, reduzindo-o de R$ 41 para R$ 32. O BTG Pactual também reavaliou sua recomendação, cortando de R$ 34 para R$ 30 e alterando a recomendação para “neutra”. O Santander, por sua vez, foi ainda mais cauteloso, reduzindo o preço-alvo de R$ 45 para R$ 26. O Itaú BBA estabeleceu seu preço-alvo em R$ 25.
O histórico completo de proventos e dividendos do Banco do Brasil pode ser consultado na Central de Resultados do RI. Além disso, o portal E-Investidor publica análises e simulações sobre o potencial de renda passiva de BBAS3.
Publicidade
Uma dessas simulações, elaborada pelo analista Fábio Sobreira a pedido da reportagem, mostra quanto seria necessário investir para gerar R$ 5 mil mensais em proventos, considerando a rentabilidade média histórica de 8,5% ao ano. O estudo aponta que, com aportes de longo prazo e reinvestimento dos dividendos, seria possível atingir essa renda em 30 anos investindo cerca de R$ 473 por mês.
Invista em informação
As notícias mais importantes sobre mercado, investimentos e finanças pessoais direto no seu navegador