- A menos de uma quinzena para o vencimento da Medida Provisória 1031/2021, que trata da privatização da Eletrobras, parlamentares brasileiros ainda discutem o tema
- Com a expectativa de apreciação no Senado Federal somente para a próxima semana e a possibilidade de retorno do texto à Câmara, quem investiu em ações da estatal precisa ficar atento às movimentações políticas para não ficar no prejuízo
- A possibilidade de engavetamento da MP pelo parlamento, além de um sinal concreto de que a empresa não será privatizada esse ano, são fatores que podem afetar a cotação da estatal na Bolsa, aponta especialista
(Cindy Damasceno/Especial para o E-Investidor) – A menos de uma quinzena para o vencimento da Medida Provisória 1031/2021, que trata da privatização da Eletrobras (ELET3, ELET6), parlamentares brasileiros ainda discutem o tema. O prazo chega ao fim no próximo dia 22. Com a expectativa de apreciação no Senado Federal somente para a próxima semana e a possibilidade de retorno do texto à Câmara, quem investiu em ações da estatal precisa ficar atento às movimentações políticas para não ficar no prejuízo.
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O mercado vem reagindo positivamente ao anúncio da privatização da Eletrobras. As ações ELET6 saltaram, de acordo com o Ibovespa, de R$ 34,53 em 10 de janeiro deste ano para R$ 49,74 no último fechamento da Bolsa nesta quarta-feira, 9. Se comparado ao valor do ativo em 2020, a valorização é de 58% — há um ano, o papel estava em R$ 31,43.
A questão é que o texto da privatização ainda não foi aprovado no Senado. O procedimento é essencial para garantir o processo. Na visão de Ilan Arbetman, analista de Research da Ativa Investimentos, o cronograma apertado pode ser um impasse para a privatização, a depender das movimentações políticas nos próximos dias, incluindo alterações no texto.
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“A chance da gente ter alguma transformação existe. E aí é uma corrida contra o tempo”, analisa Arbetman, Às vésperas da apreciação da MP no Senado — o relator da proposta na Casa, senador Marcos Rogério (DEM-RO) projeta o envio da relatoria ainda nesta semana —, a expectativa é de alteração na proposta enviada pela Câmara dos Deputados.
É nas mudanças colocadas pelo Senado, atenta Arbetman, que o investidor precisa ficar de olho. “A proposta que passou da Câmara foi uma proposta mais ‘gorda’, pelo âmbito do debate das audiências públicas. A chance de ter alguma transformação existe. A grande chave é: depende da desidratação que for feita no Senado”, pontua o analista.
Thiago Montemezzo, assessor da Messem Investimentos, também coloca o fator tempo como protagonista na votação da MP. “A expectativa é que seja apresentado um relatório preliminar e que a votação ocorra na semana que vai do dia 14 até o dia 18”, projeta. Com o prazo para apreciação do Senado chegando ao fim, e o retorno quase certo à Câmara dos Deputados, o cenário pode balançar os investimentos.
“Se a oposição, que é contra a privatização da Eletrobras, conseguir levar isso até o encerramento dela no dia 22, pode ser que as ações tenham uma oscilação mais negativa no curto prazo”, avalia Montemezzo.
Um olho no processo, o outro na tela
A lentidão na apreciação dos parlamentares já era esperada, conta Gilberto Braga, economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC). “É natural pelo porte da companhia e pelo o que ela representa”, explica. “Neste momento, o mercado ainda aposta na privatização até dezembro, ou pelo menos, uma garantia de que vai acontecer até o início de 2022, antes de iniciar o processo político-eleitoral”, estima o docente. A situação, contudo, pode mudar a depender do ambiente político dos próximos dias.
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A possibilidade de engavetamento da MP pelo parlamento, além de um sinal concreto de que a empresa não será privatizada esse ano, são fatores que podem afetar a cotação da estatal na Bolsa, aponta Braga. “O noticiário conjunto afeta a cotação para mais ou para menos, seja pelas notícias macroeconômicas, seja por conta da declaração de autoridades envolvendo maior facilidade ou dificuldade do projeto de privatização”, aponta.
A recomendação de Arbetman é que o investidor permaneça sensível ao clima político, e acompanhe as movimentações parlamentares sobre a capitalização. “Fazer o que os investidores já fazem há muito tempo: um olho no processo, o outro olho na tela”.
Já para Montemezzo, o momento é de espera.“Vender antes do resultado da MP é especular um possível resultado. Na verdade, o investidor deve seguir o seu plano de investimento”, diz.