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- Os três primeiros meses de 2021 foram bem desafiadores para quem acompanha o mercado brasileiro e tem ações na Bolsa de Valores
- Com a temporada de balanços do primeiro trimestre encerrada, já é possível ter uma percepção mais clara dos setores que estão conseguindo retomar os bons resultados e as áreas que ainda estão sofrendo com os impactos da crise
(Mônica Wanderley da Silva, Especial para o E-Investidor) – Os três primeiros meses de 2021 foram bem desafiadores para quem acompanha o mercado brasileiro e tem ações na Bolsa de Valores. Em janeiro, houve um clima de incerteza sobre questões como o auxílio emergencial e o início da vacinação em outros países. Em fevereiro, o mercado ficou apreensivo com a intervenção em estatais (que resultou nas trocas de comando da Petrobras e do Banco do Brasil); Em março, o aumento de quase três vezes no número de mortes causadas pela covid-19 acendeu um alerta vermelho.
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Com essa sucessão de temas delicados e de alto impacto no ambiente monetário, era de se esperar que o balanço financeiro do primeiro trimestre fosse impactado. Porém, contrariando as expectativas, o prejuízo causado na Bolsa de Valores foi considerado pequeno: o Ibovespa, indicador que reúne o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa de Valores, estava em 118.854 pontos em 4 de janeiro e caiu para 116.633 em 31 de março.
Como a queda foi pequena e, no início de maio, o indicador chegou a bater o recorde do ano, as apostas são de que um período mais promissor se descortina nos próximos meses.
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Esse otimismo ganhou força após a rodada de anúncios dos balanços financeiros do primeiro trimestre, ocorrida em março. Apesar de alguns setores ainda estarem muito afetados por conta do distanciamento social causado pela covid-19, empresas do setor de construção e e-commerce, por exemplo, trouxeram números bem positivos.
Resultados gerais
Com a temporada de balanços do primeiro trimestre encerrada, já é possível ter uma percepção mais clara dos setores que estão conseguindo retomar os bons resultados e as áreas que ainda estão sofrendo com os impactos da crise.
Construtoras, mineradoras e siderúrgicas
O mercado de construção está em ritmo de recuperação operacional: apesar de o número de lançamentos ter diminuído 60,4% nesse período, a Cyrela, por exemplo, divulgou em seu balanço a marca de R$ 192 milhões de lucro no primeiro trimestre de 2021. O valor é 588% maior do que os R$ 28 milhões registrados no mesmo período de 2020.
No campo das mineradoras, é impossível não citar os resultados da Vale, que sempre impressionam. No primeiro trimestre, a empresa surpreendeu a Bolsa de Valores ao anunciar R$ 30,5 bilhões de lucro líquido, valor maior do que os R$ 26,7 bilhões registrados em todo o ano de 2020. A crise, nesse caso, passou longe.
O momento também se encontra feliz para as siderúrgicas. Enquanto a Gerdau reportou lucro líquido de R$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre, valor bem maior do que os R$ 221 milhões registrados no mesmo período de 2020, a Usiminas saiu do prejuízo de R$ 424 milhões apresentado nos três primeiros meses de 2020 e anunciou lucro de R$ 1,2 bilhão neste ano.
Setor elétrico
Companhias cuja produção depende da geração hidrelétrica, como AES Brasil, Cesp e Engie tiveram resultados impactados pela falta de chuvas. Por outro lado, as empresas com foco na geração, distribuição e transmissão apresentaram resultados bem mais favoráveis — a Eletrobras, por exemplo, registrou lucro líquido de R$ 1,6 bilhão, 31% maior do que o do mesmo período do ano passado.
Varejo
Quando falamos em alimentação, marcas como Assaí e Carrefour tiveram resultados positivos, em parte impulsionados pelo maior consumo de produtos em casa, devido ao distanciamento social. O Carrefour, por exemplo, fechou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 420 milhões, crescimento de quase 5% na comparação com 2020.
No setor de vestuário, o momento ainda é de recuperação na Bolsa de Valores. As lojas C&A registraram um prejuízo de R$ 138,5 milhões (150% maior do que 2020) e queda de 20,6% na receita líquida, segundo os mesmos dados do ano passado.
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A situação da Lojas Renner também é similar: prejuízo líquido de R$ 147,7 milhões (em frente a um lucro de R$ 7,1 milhões em 2020) e receita líquida de R$ 1,36 bilhão, queda de 12% na comparação anual.
No comércio eletrônico, o destaque na Bolsa de Valores ficou com a Magazine Luiza, que fechou o trimestre com uma alta de 739,7% no comparativo com 2020, e R$ 258,6 milhões de lucro líquido.
A Via Varejo, que detém o controle das varejistas Casas Bahia e Ponto Frio, anunciou lucro líquido de R$ 180 milhões entre janeiro e março, alta de 1.284,6% quando comparado com os R$ 13 milhões no mesmo período em 2020.
Porém, a empresa esclareceu em seu comunicado à Bolsa de Valores que “no trimestre, o incentivo de subvenção [incentivo público] totalizou R$ 150 milhões, dos quais R$ 117 milhões se referem a efeito de anos anteriores e R$ 33 milhões ao primeiro trimestre de 2021”.
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Já a B2W, dona das Lojas Americanas e Submarino, terminou o 1º trimestre com prejuízo líquido de R$ 163,6 milhões, alta de 51,5% em comparação ao prejuízo de R$ 108 milhões de 2020. Já a receita líquida ficou em R$ 2,9 bilhões, crescimento de 73,5%.
Setores que devem prosperar na Bolsa de Valores
Para o curto prazo, especialistas acreditam que os seguintes segmentos da indústria terão maior destaque:
- Bancos, pela retomada da economia que vem apoiada pelos índices gerais e desempenho de muitos negócios na Bolsa de Valores;
- Empresas com foco em soluções e comércio digital (e-commerce), tanto pelo aumento do comércio digital como pelas medidas restritivas, que devem perdurar no Brasil em todo o 2021;
- Varejistas do setor de alimentos, que apostaram em tecnologias para facilitar a experiência de compra digital durante a pandemia. Com a perspectiva de que a pandemia continue pelos próximos trimestres, o aumento na demanda tende a se refletir nos resultados financeiros.