- O Open Banking é a tecnologia que permitirá o compartilhamento de informações entre as instituições financeiras autorizadas, mediante aprovação do consumidor.
- A segunda etapa do Open Banking estava prevista para começar no dia 15 de julho, mas foi alterada para 13 de agosto. Especialistas comentam a mudança.
(Jessica Brasil Skroch, especial para o E-investidor) – O Banco Central anunciou nesta semana o adiamento do início da segunda fase do Open Banking, tecnologia que permitirá o compartilhamento de informações entre as instituições financeiras autorizadas, mediante aprovação do consumidor. O E-investidor conversou com especialistas para entender o que a alteração no cronograma sinaliza para o mercado.
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A segunda etapa do sistema estava prevista para começar no dia 15 de julho, mas foi alterada para 13 de agosto. Situação parecida aconteceu no início das operações do Pix no começo deste ano.
Em nota, o Bacen informou que o adiamento da fase – que envolvia o compartilhamento de dados cadastrais e transacionais de clientes – foi um pedido das instituições financeiras. Elas alegam que precisam de mais tempo para finalizar os testes para a obtenção de certificações para homologação e registro de suas APIs (Interfaces de Programação de Aplicações).
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“O Open Banking é muito mais complexo que o Pix, são situações muito diferentes”, diz José Roberto Kracochansky, CEO e fundador da Jazz, plataforma que oferece serviços de infraestrutura bancária e soluções de crédito. Considerando que será possível abrir contas em diversos bancos de forma quase imediata em uma plataforma só, o empresário alerta que é necessário ter uma estrutura robusta de sistemas anti-fraudes. “Existe uma complexidade muito grande para colocar isso em funcionamento. Não me surpreendo com o processo de demora”, afirma Kracochansky.
Diferente do Pix, que é um produto, o Open Banking é uma plataforma, e é por isso que a sua operacionalização é mais difícil, afirma Guilherme Horn, diretor de Inovação e Estratégia Digital do Banco BV. “Trata-se de uma mudança estrutural do sistema financeiro, algo que precisa ser feito a longo prazo”, diz Horn. O diretor também ressalta que o Bacen fez uma escolha correta em padronizar os dados. Apesar de ser um desafio grande, em outros lugares do mundo a falta de padronização não se mostrou efetiva.
Segurança com o Open Banking
A mudança de data sinaliza a preocupação com a segurança e a prevenção de problemas graves com o sistema, de acordo com Gabriela Joubert, head de Equity Research no Banco Inter. Para a especialista, a alteração não é um fator que impactará as instituições financeiras de forma relevante e não retira os impactos de longo prazo que o Open Banking deve trazer ao mercado.
Para Marcelo França, CEO da Celcoin, plataforma de Open Finance, as questões de segurança mais importantes estão em dois aspectos: o primeiro é relativo ao processo de consentimento do usuário para o compartilhamento de dados, seguindo as definições de quais tipos de dados podem ser fornecidos e por quanto tempo. O segundo é sobre toda a questão técnica envolvida para a segurança do tráfego de informações sensíveis, como o extrato bancário, entre diversas instituições.
Mesmo com a prorrogação, o cronograma continua desafiador. Segundo Antônio Brito, CEO da Supersim, fintech de crédito, a dificuldade está principalmente na estrutura de dados, uma vez que os sistemas atuais são antiquados e que as informações são armazenadas em locais distintas dentro das bases das instituições financeira. “Isso faz com que seja muito complexa a adequação desses sistemas e dados em padrões definidos pelo Bacen através das APIs de integração entre os agentes, para conexão das pontas e extração de diferentes informações”, diz Brito.
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