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Randon: Inflação e eleições são os principais receios para 2022

Mesmo após um 2020 cheio de incertezas, a companhia reportou o melhor resultado da sua história

Randon: Inflação e eleições são os principais receios para 2022
Paulo Prignolato, CFO das Empresas Randon. Foto: Alex Battistel
  • A Randon (RAPT4) é uma empresa que atua há mais de 70 anos, produzindo soluções em equipamentos, sistemas automotivos e serviços para o transporte
  • No acumulado de 2021, as ações da companhia estão em queda de  18,59%, cotadas a R$ 12,66, nesta quinta-feira (12) 

As Empresas Randon (RAPT4) atuam há mais de 70 anos produzindo soluções para transporte. Mesmo após um 2020 cheio de incertezas devido ao estouro da maior crise sanitária do século, a companhia reportou o melhor resultado da sua história. No primeiro trimestre de 2021, o grupo registrou um salto de 63,8% na receita líquida em comparação ao mesmo período do ano passado, para R$ 1,9 bilhão.

O EBITDA (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado foi de R$ 349,3 milhões, 226,5% melhor do que o obtido entre janeiro e março do ano passado. A performance se repetiu nos três meses seguintes, com uma disparada de 126,6% na receita líquida em comparação ao segundo trimestre de 2020, atingindo os R$ 2,1 bilhões, além de um aumento de 74,2% na venda de semirreboques (equipamento de transporte de cargas) no Brasil.

De acordo com Paulo Prignolato, CFO das Empresas Randon, e Esteban Angeletti, diretor de RI e finanças, o desempenho destacado acontece por um conjunto de fatores. “No caso de Randon, podemos começar citando o trabalho de adequação, de estrutura de operações, de eficiência operacional que foi feito desde 2016”, afirma Angeletti. “O segundo ponto é que nós temos um mercado muito aquecido em todos os nosso negócios, que acabam contribuindo para uma maior diluição do custo fixo.”

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Apesar dos números expressivos e históricos, as ações RAPT4 ainda estão um pouco fora do radar dos investidores. No provável melhor semestre da história do grupo, os papéis estão caindo cerca de 18%, aos R$ 12,96, devolvendo assim quase todos os ganhos aferidos no ano anterior. Para os executivos, isso acontece em função de algumas dúvidas que pairam sobre o setor, como o problema de escassez de matérias-primas e impactos da inflação nos custos.

“Nós não estamos enfrentando problemas de desabastecimento da nossa cadeia. O setor em si não está sofrendo isso e é bem importante que isso seja destacado”, explica Prignolato. “Fizemos compras estratégicas, oneramos um pouco nosso capital de giro, justamente para não faltar matéria-prima na nossa cadeia de suprimentos.”

A Randon também está visando diversificar o portfólio e regiões de atuação, para tornar a empresa menos exposta a ciclos econômicos. O grupo tem um braço de serviços financeiros e digitais, com a Rondon Consórcios, Banco Randon e Randon Ventures, focada em investimentos e aceleração de startups. Recentemente, a companhia criou a R4 Digital, no setor de logística.

“A liquidez do nosso papel aumentou substancialmente”, ressalta Prignolato. “O que é importante justamente para dar tranquilidade para alguns fundos maiores investirem no nosso papel.”

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Confira a entrevista na íntegra:

E-Investidor – A Randon registrou resultados históricos nos dois primeiros trimestres de 2021. Quais fatores impulsionaram os números? 

Esteban Angeletti – Todo recorde é, na verdade, uma combinação de fatores. No caso de Randon, podemos citar o trabalho de adequação, de estrutura de operações, de eficiência operacional que foi feito desde 2016. Foi uma crise na qual aprendemos bastante, tivemos muita resiliência para enfrentá-la e que nos deixou mais leves em termos de custo fixo e mais eficientes em termos de produção.

O primeiro ponto é esse ajuste estrutural, que acreditamos ter sido feito desde a última crise. O segundo é que nós temos um mercado muito aquecido em todos os nosso negócios, que acabam contribuindo para uma maior diluição do custo fixo e uma maior otimização da nossa capacidade produtiva.

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O terceiro ponto é o cenário, no qual é possível um reposicionamento de preços. Assim como nós também estamos sofrendo com a inflação, ao mesmo tempo parte da situação está conseguindo ser repassada para clientes, dentro do mercado. Isso também acaba contribuindo para a expansão da receita líquida.

Por fim, o quarto ponto é: são raros os anos em que todas nossas linhas de negócios apresentam resultados acima da média, justamente por sermos um grupo diversificado, nem sempre todas as divisões acabam performando e desempenhando em seu topo histórico, esse é o caso dos últimos quatro trimestres, nos quais temos observado todas as linhas de negócio contribuindo positivamente para os resultados.

E-Investidor – A pandemia derrubou a demanda no setor automotivo, provocando uma série de dificuldades nas linhas de produção. Mas os resultados da Randon mostram que a empresa contrariou esse movimento de baixa nas montadoras. Qual a projeção de crescimento a partir de agora?

Angeletti – Quando anunciamos a primeira versão do guidance, em fevereiro, apontamos para um crescimento robusto na casa de 20 a 25%, baseado na visibilidade que tínhamos no momento. Claro que não esperávamos um mercado tão aquecido. Além disso, acho importante destacar que o nosso ponto de partida, que foi o resultado de 2020, já foi alto. Diferentemente de outras indústrias, nós não fomos tão afetados pela pandemia em nossas receitas no ano passado.

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Quando fizemos a revisão do plano agora na metade do ano, verificamos que o mercado estava 50% mais forte do que esperávamos, por isso acabamos expandindo esse guidance na ordem de 25% em relação à primeira versão divulgada.

Em referência ao ano que vem, ainda é cedo para afirmarmos qualquer expectativa. Mas, acreditamos que vai continuar sendo um ano positivo em termos de demanda, podendo repetir algo entre o que foi 2020 e o que vai fechar 2021. É claro que temos alguns pontos no radar para ficarmos monitorando, a escassez e a inflação de matéria-prima, por exemplo, continua sendo uma preocupação para o segundo semestre e, provavelmente, vai nos acompanhar em boa parte do ano que vem também.

Já o terceiro fator de preocupação é o cenário político, pois sabemos que há eleição em 2022. Temos que ficar monitorando a demanda. Por enquanto, a expectativa é que continue sendo positivo, mas esses três riscos precisam ser monitorados.

Paulo Prignolato – Acho importante destacar alguns aspectos relevantes, principalmente falando sobre intenções para o futuro. O setor vivenciou uma crise muito grande, principalmente nos anos de 2015 e 2016 e nós fizemos a nossa lição de casa. Na época, nós decidimos que, para o próximo ciclo de crescimento, de 2015 a 2020, nos tornaríamos mais resilientes.

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Com isso, fizemos uma série de investimentos justamente relacionados a inovação e aportes que também pudessem trazer uma automação maior para as nossas indústrias. Nos projetos de M&A, focamos principalmente no setor de reposição, pois o segmento de reposição de autopeças é tradicionalmente bastante resiliente a crises. Nós estamos colhendo esses frutos agora.

Para o futuro, nesse próximo ciclo de crescimento, a nossa intenção é crescermos nas nossas receitas no exterior, justamente para diminuir um pouco a exposição que temos ao mercado brasileiro. Vamos focar nossos investimentos em M&A por meio de parcerias, ou mesmo joint ventures e aquisições de empresas, principalmente no exterior, e esperamos que esse crescimento aconteça na América do Norte bem como na Europa.

E-Investidor – Como inovar dentro desse setor de soluções para transportes? 

Prignolato – Essa é uma questão bastante relevante para nós. Hoje, a nossa divisão de serviços representa em torno de 3% a 4% da nossa receita, porém, é uma divisão que agrega muita margem. Atualmente, nós temos a Randon consórcios, o Banco Randon, agregamos também outros serviços, principalmente relacionados a logística como um todo, e a Randon Ventures que vem justamente acessar o mercado e capturar oportunidades por meio da proximidade com uma série de startups.

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Então, a nossa ideia é tornar essa divisão de serviços cada vez mais relevante e  almejar uma parcela maior dentro das nossas receitas. Queremos oferecer serviços principalmente de alguma forma relacionados ao mercado de logística, que possam, justamente, além dos nosso produtos, garantir uma gama de serviços que tragam uma maior proximidade aos nosso clientes finais que são os caminhoneiros

E-Investidor – Esse foi o caso da fintech R4 digital, recém-criada pela Randon?

Prignolato – Sim, essa é uma das iniciativas que foram lançadas, e o objetivo é, sem dúvida alguma, ampliar, quer seja aumentando a oferta dos serviços, principalmente conectados ao banco, o que chamamos BASS (Banking as a Service), e oferecer uma gama de produtos ao mercado de transportadoras e aos próprios caminhoneiros. Esse é um bom exemplo que foi recém-lançado, além  de uma série de outras participações em startups, por meio de parcerias e valores em serviços adicionais.

E-Investidor – No relatório de resultados, a Randon afirma que teve que realizar um ‘esforço adicional para garantir a produção, atender a forte demanda de mercado e atenuar os efeitos da inflação nos custos’. Na prática, como vocês estão trabalhando para mitigar esse impacto inflacionário na empresa?

Angeletti – Estamos trabalhando em diversas frentes. Nosso trabalho começou ainda no ano passado, acho que uma das iniciativas que temos usado com mais força é a questão de adiantamento, se antecipar a esses movimentos. Então, desde setembro do ano passado, nosso departamento de compras vem antecipando as aquisições como uma forma de fugir ou evitar parcialmente essa inflação.

O segundo ponto é que temos cada vez mais concentrado e consolidado as nossas demandas por meio do nosso departamento de compras corporativo, e isso nos permite ganhar escala e ter mais força de negociação frente aos nossos fornecedores. Estamos fazendo o equilíbrio de mix entre eles. No caso do aço, por exemplo, que é a principal matéria-prima, trabalhamos com os principais produtores de aço e acabamos jogando com o mix, conforme o preço seja mais adequado.

Outra iniciativa é a substituição de matéria-prima no médio e longo prazo, como  forma de parar de ser refém do preço do aço. Queremos substituir tudo o que for possível por materiais compostos por outras substâncias. Isso não só vai em direção do veículo mais leve, como também é uma segunda alternativa de matéria-prima.

Por fim, temos trabalhado na questão da produtividade interna, como o Paulo comentou, um movimento muito grande de automação, para fazer com que nosso processo produtivo fique mais eficiente. Desta forma, é possível compensar o aumento de custo de matéria-prima, com a redução do custo de fabricação.

E a última alternativa que deixamos como bônus é o repasse de preços para o cliente, isso porque nunca sabemos as condições de mercado que vamos encontrar, se o cliente estará disposto a aceitar esse repasse de preços. Entendemos que precisa ser competitivo da porta para dentro primeiro e, depois, se isso for possível, trabalhamos com o preço do mercado.

Prignolato – Você mencionou essa questão do risco e esse é um ponto a ser muito bem esclarecido, porque às vezes o mercado confunde. Nós estamos sofrendo pela questão inflacionária de matéria-prima, assim como todas as empresas do setor, isso faz parte do jogo, com o mercado aquecido. E nós estamos conseguindo repassar isso aos nosso clientes e, aquilo que não conseguimos, fazemos investimentos em ganhos de produtividade. Agora, nós não estamos enfrentando problemas de desabastecimento da nossa cadeia. O nosso setor em si não está sofrendo isso, e é bem importante que seja destacado.

Nós não estamos sofrendo porque nos antecipamos a uma série de questões. Primeiro, fizemos compras estratégicas, oneramos um pouco nosso capital de giro, justamente para não faltar matéria-prima na nossa cadeia de suprimentos. E por conta também, de uma boa gestão do nosso time de suprimentos e de operações, quer seja por meio do desenvolvimento de novos fornecedores ou por meio do desenvolvimento de materiais alternativos.

E-Investidor – A escassez de insumos no Brasil e no exterior são citados pela Randon, em relatório, como pontos de atenção. Por que está acontecendo esse movimento?

Prignolato – Existe um ponto de escassez que está sendo colocado no mercado, que é a questão de falta de semicondutores, porém, isso está afetando algumas linhas de produtos, principalmente, produtos da linha leve. Então, é uma questão que não está afetando os mercados das empresas Randon, esse é o ponto específico.

Com relação a outros componentes, que integram nossos produtos finais, desde o início da pandemia no ano passado, claro que nós antecipamos por meio de desenvolvimento de outros fornecedores e também comprando mais, ou seja, temos uma estrutura de capital bastante robusta, o que nos permite onerar o nosso capital de giro carregando mais estoques, justamente, para evitar esse risco de desabastecimento.

E-Investidor – Por que o investidor deveria investir na Randon, isto é, quais os diferenciais competitivos da empresa?

Angeletti – Nós temos vários pontos a destacar de Randon. Estamos expostos a vários setores da economia, por meio dos nosso negócios que são diversificados, como Paulo mencionou, temos cada vez mais aumentado a parcela de exposição ao mercado de reposição, que é um mercado mais estável e resiliente às crises.

Um ponto legal de destacar, é que no mercado de reposição, é em momentos de mercado aquecido que as nossas autopeças vendem para produtos novos, seja para caminhões ou para veículos leves. Em momentos de crise econômica, no qual as pessoas não compram carros, acabamos vendendo para a reposição. Neste momentos, as pessoas não compram veículos, mas são obrigadas a mantê-los, e quase todos os nossos itens são de segurança ou prioritários, ou seja, a manutenção não é eletiva, eu não posso postergar uma troca de pastilha de freio, porque é um item de segurança.

Isso faz com que, mesmo nos ciclos de alta e nos de baixa, a receita dessa frente de reposição se mantenha estável. Com relação aos implementos rodoviários, vale lembrar que mais de 80% da carga no Brasil é movimentada por meio das rodovias.

Tem uma outra parcela, que corresponde aproximadamente de 10% a 12%, que é transportada por ferrovia, e a Randon está presente nos dois, tanto no rodoviário quanto no ferroviário. Então somando, estamos basicamente presente no mercado de 95% do transporte de cargas no Brasil

Dentro dessa questão específica de implemento rodoviário, a Randon é líder de mercado, com mais de 30% do market share, e ainda assim consegue ter um preço prêmio em relação aos seus concorrentes, isso muito em função dos atributos que o cliente enxerga no nosso produto, que são principalmente a questão da confiabilidade, da disponibilidade do produto e de um menor custo de manutenção quando comparado com nossos concorrentes. Isso tudo também acaba tendo um efeito colateral que é o maior preço de revenda no mercado secundário.

Olhando para frente temos diversas iniciativas da parte de serviços, mas dentro da parte divisão industrial, seja em implementos rodoviários ou autopeças, estamos olhando para três frentes que chamamos de mega tendências da indústria automobilística, que é a eletrificação, a questão da conectividade, e os materiais inteligentes.

Nós temos mais de 20 projetos nessas três frentes que estão sendo desenvolvidos só no ano passado, por exemplo, patenteamos outros 23 produtos, que nos fazem crer que também estamos preparados para esse futuro.

Além disso, a nossa gestão é conservadora de caixa. Trabalhamos em uma indústria que tem uma necessidade de capital bastante intensiva, mas ainda assim temos uma alavancagem bem baixa, quando comparamos nossa dívida líquida pelo Ebitda. A divisão banco, nossa alavancagem está próxima a 1x o Ebitda, o que é bastante robusto comparado com outras indústrias, ou concorrentes.

E-Investidor – Você mencionou 23 projetos nessas novas frentes visando tendências do setor automotivo. Pode nos dar um exemplo ?

Angeletti – Não posso dar detalhes desses projetos, que estão em andamento, pois são sigilosos, mas posso trazer um que já é público, que exemplifica muito bem essa linha de pesquisa, que é o nosso eixo elétrico, nosso sistema híbrido de propulsão de carreta foi lançado em 2019.

A ideia é bastante simples, a aplicação e a execução que são complexas, ele é um eixo que vai regenerando as baterias, é utilizado no semi-reboque e vai regenerando as baterias conforme o caminhão vai descendo ou ele freia, isso possibilita que no momento de ultrapassagem ou em uma subida, o motorista posse acionar o sistema para aliviar o peso da carga do caminhão e, como consequência positiva, proporciona uma redução de combustível de até 25% dependendo do trajeto que seja feito.

Além de reduzir o desgaste de pneu e de freio, que são os três principais custos de um transportador, quando você olha para os transportadores a mão-de-obra é um dos primeiros itens de custo e os outros três são: combustível, pneu e freio.

E-Investidor – Mesmo com o resultado forte no trimestre, os papéis da Randon estão caindo 18% em 2021, devolvendo quase todos os ganhos de 2020. O que explica esse descompasso?

Prignolato – De fato a gente vem conversando bastante internamente para tentar entender esses fatores. Acho que é importante destacar o seguinte: hoje nós temos mais de 10 casas que cobrem os nossos papéis, podemos dizer que praticamente 90%-95% estão mantendo um preço de consenso na faixa de R$ 20 a R$ 22. Inclusive, ontem (10 de agosto) quando nós divulgamos nossos resultados, percebemos que pelo menos três dessas casas elevaram o preço-alvo.

A liquidez do nosso papel aumentou substancialmente. Se nós analisarmos o que aconteceu nesses últimos 24 meses, o que é importante justamente para dar tranquilidade para alguns fundos maiores investirem no nosso papel. Talvez essa questão de dúvidas que pairam sobre essa falta de semicondutores que tem afetado algumas empresas, porém fiz questão de esclarecer que não está nos impactando, porque acho que isso tem que ficar muito claro e ressaltado para o investidor que tenha ficado com esta dúvida.

É difícil, o mercado é soberano, mas esperamos que agora com essa revisão do guidance, e com a nossa videoconferência que vamos fazer daqui a pouco, seja possível esclarecer esses fatores e tranquilizar o investidor.

Angeletti – O investidor acaba olhando para o papel de Randon e colocando ele na mesma categoria de outros papéis que potencialmente estão sofrendo com essa questão dos semicondutores. Com isso, talvez o investidor não consiga enxergar imprecificação de Randon e também essa questão de que a falta de semicondutores não afeta nosso principal cliente, que é a indústria montadora de veículos pesados,  indústria essa, que até pelos próprios números de mercado, tem mostrado recorde de produção e de vendas.

E-Investidor – A relação da Randon com o agronegócio está mais forte?

Angeletti – Estamos cada vez mais expostos ao setor de agronegócio. Historicamente o segmento representava cerca 60% da receita de semi reboque, esse ano está na casa de 67%. Estamos bastante ligados ao agronegócio sim, porém o que temos visto é que o agronegócio não dá sinais de desaceleração, pelo contrário. Mesmo durante a crise,  ele tem crescido nos últimos anos aliado a um bom momento de safra com tecnologia, com um bom momento do mercado externo, apresentando recordes atrás de recordes.

Então, sim, existe essa ligação com o agronegócio, porém temos trabalhado e investido em uma maior diversificação para termos uma alternativa caso haja algum momento de desaceleração do setor. Mas eu pontuo de novo, isso não está em nosso radar, pelo menos para os próximos anos, não enxergamos essa desaceleração do agronegócio, pelo contrário, tem clientes nossos do Mato Grosso, que é uma das principais regiões produtoras de grãos, que comentam que eles só não plantam mais área porque não têm capacidade de escoação.

Prignolato – O agronegócio é muito relevante para o Brasil como um todo e é muito importante para as empresas Randon. Aos longo dos últimos anos, o segmento cresceu dentro da importância para nós porque os outros negócios encolheram.

No entanto, o que estamos vendo agora, é uma recuperação do setor de mineração, construção civil, e fazendo um parênteses, todos esses projetos de infraestrutura com todos esses incentivos que estão sendo colocados não só pelo governo brasileiro, mas recentemente foi aprovado mais um pacote lá nos EUA de US$ 1 trilhão, para projetos de infraestrutura. O próprio mercado de vagões que é algo que vai se tornar mais relevante para as empresas Randon ao longo dos próximos anos.

Em suma, o agronegócio vai continuar importante, porém o que vamos ver é uma recuperação desses setores que eu comentei.

E-Investidor – Quais os principais desafios da Randon quando o assunto é sustentabilidade ambiental, boas práticas sociais e de governança?

Angeletti – A companhia já nasceu com essa preocupação, principalmente no social. Tanto é que temos o instituto (Instituto Elisabetha Randon) há várias décadas, que cuida de crianças e adolescentes da comunidade para fornecer e preparar eles para o futuro profissional.

Nesse ponto, nós já éramos bastante reconhecidos. Do ponto de vista do meio ambiente e da governança, a gente se deu conta que tinha diversas iniciativas só que nunca (…)29:54 Comentavam isso ao mercado. E aí enxergamos essa possibilidade de reposicionar nossa estratégia de sustentabilidade simplesmente organizando ela, todas essas iniciativas que já existiam.

Então, nós criamos os cinco pilares que foram divulgados no evento do dia 1º de junho, que estão endereçando esses três pontos: o meio ambiente, a governança e o social. O principal desafio é conseguirmos permear essa preocupação de ESG por toda organização. Nós falamos que ESG não é uma área dentro da empresa, e sim uma mentalidade, uma cultura que tem que estar dentro de todos departamentos da companhia.

Nós temos os cinco objetivos públicos que foram lançados e acho que importante mencionar que esses compromisso públicos eles não foram colocados sem a gente pensar em como vamos atingir eles, pelo contrário, primeiro olhamos para essa iniciativa, e depois nos demos conta de qual compromisso poderíamos assumir. Acreditamos que nos próximos cinco anos vai conseguir atingi-los

E-Investidor – Sr. Paulo Prignolato, como é ocupar a primeira posição entre os melhores CFOs no ranking da Institutional Investor?

Prignolato – É um trabalho árduo, constante e perene e mostra que estamos no caminho certo, isso acaba nos dando o conforto de “olha vamos continuar nessa rota”, isso, claro, é gratificante para a equipe como um todo esse reconhecimento de continuarmos com essa evolução contínua, da nossa governança e transparência, esse trabalho que desde a nossa fundação a 72 anos damos muita ênfase que são os temas relacionados a ESG e inovação.

E-Investidor – Quais as perspectivas para a indústria automotiva, como um todo?

Angeletti – O primeiro ponto é que, assim como aconteceu em 2016, uma crise nos fez quebrar paradigmas e buscar inovação. A pandemia é a prova viva disso, que nós estamos fazendo de novo, acredito que todas as empresas que conseguirem passar por esse período de escassez, de inflação, de incertezas, de home office, vão sair mais fortes.

Com relação ao setor como um todo, também sou bastante otimista em relação à retomada pós-pandemia, mas também em relação a tudo que está vindo de renovação, seja no produto, aqui eu volto com aquelas três megatendências, de eletrificação, conectividade e materiais inteligentes.

Acredito que ainda haja muito a ser explorado, muitas novidades em termos de materiais para serem utilizados no mercado, que vai transformar o produto final e seu uso, como também toda a frente de serviços, que temos explorado bastante nos últimos dois anos.

Sabemos que logística no Brasil é uma indústria que movimenta bilhões de reais por ano, e sabemos que ela é muito analógica, então tem aqui um espaço a ser explorado, que é bastante rico. Acreditamos em uma baita oportunidade a ser explorada.

Prignolato – Invista na Randon se você acredita em diversificação de negócios, posição sólida de caixa, priorização da sustentabilidade, inovação e transformação constantes e qualidade e segurança em seu sentido mais amplo.

 

 

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