Dicas fundamentais a jovens investidores

Carolina Bartunek, 17 anos, é estudante do 3º ano do ensino médio. Fez cursos em Harvard, Columbia e Chicago e é uma investidora de ações apaixonada por aprender mais sobre empresas, mercados e negócios. Carolina tem o projeto Investindo no Futuro dentro do canal da Constellation University no YouTube.

Escreve mensalmente, às quartas-feiras

Carolina Bartunek

Amazon, Apple e Google tiveram quedas fortes. É o estouro de uma bolha?

O que explica a correção de preços dessas ações e o que fiz com minha carteira

(Foto: Evanto Elements)
  • Diferentemente da bolha da Nasdaq no final dos anos 90 (apenas li a respeito), hoje o preço das ações é bem mais razoável
  • Apple, Facebook e Google negociam a aproximadamente 30 vezes o lucro esperado para 2021. Esses múltiplos são menores que muitas ações brasileiras

Confesso que a queda dos preços das ações de empresas de tecnologia neste início de setembro foi relativamente assustadora. Sem nenhum motivo aparente Amazon, Apple, Google e outras empresas de tecnologia, predominantemente, chegaram a cair entre 10% e 20%.

Essa correção acabou influenciando, de tabela, também a bolsa brasileira. Com a popularização do investimento em ações entre pessoas físicas, muitas vezes com horizontes de investimento de curtíssimo prazo e muitos fundos passivos que seguem estratégias de momento (vão comprando quando as ações sobem e vendem quando caem) parece que o comportamento das ações ficou mais volátil e imprevisível.

Cada queda de mercado é uma lembrança de como a disciplina e a preparação ao comprar ações é importante. Sempre vale a pena, como comentei em colunas anteriores, escrever a tese de compra de cada ação de seu portfólio. O simples ato de colocar as informações no papel ajuda a montar melhor a tese. Por que tenho ações de Amazon e Google, por exemplo?

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Quando decidi comprar ações de empresas diretamente e não investir em fundos, escolhi começar por empresas grandes que eu admirava e era cliente. Para mim, foi mais fácil entender Google do que Petrobrás ou Vale. Para investir em empresas de commodities eu precisaria ter uma boa ideia de tendências de preços de petróleo e de minério de ferro, perspectivas da economia global e do PIB da China e também expectativas em relação ao dólar.

Warren Buffett costuma dizer que ele tem três pilhas na mesa dele: a pilha do “não investir”, a pilha do “investir” e a última do “muito difícil ter opinião”. A maioria das empresas para mim ainda estão na ilha do muito difícil ter opinião. Por que complicar algo simples? É mais fácil começar pelas empresas que conheço melhor, que estão dando certo e que são bons negócios.

Se é difícil prever os ciclos das commodities ou da economia, por outro lado as grandes empresas de tecnologia são praticamente monopólios, com enormes efeitos de network relativamente previsíveis. Quanto maior o número de usuários de uma plataforma, maior o valor para todos os usuários da rede.

O Facebook, por exemplo não é apenas uma empresa de tecnologia, é uma grande empresa de rede. Eu não uso várias redes sociais, todos meus amigos estão no Facebook, portanto não preciso de  nenhuma outra. Por que isso é importante? Um dos maiores riscos para um negócio é aparecerem novos concorrentes e roubarem parte dos lucros.

Quando se tem o monopólio de certo serviço a longevidade da empresa é mais previsível. Imaginem o custo e a dificuldade para desbancar Amazon, Google e Facebook de suas posições de liderança. Eu tenho um iPhone, com isso acabei tendo um Macbook e vários serviços Apple. Para eu sair para o sistema Android seria um trabalhão. Além de serem semi-monopólios, as grandes empresas Tech têm rentabilidades altíssimas (realmente ganham muito dinheiro) e têm balanços super sólidos.

Diferentemente da bolha da Nasdaq no final dos anos 90 (apenas li a respeito), hoje o preço das ações é bem mais razoável. Apple, Facebook e Google negociam a aproximadamente 30 vezes o lucro esperado para 2021. Esses múltiplos são menores que muitas ações brasileiras. Vale lembrar também que o nível de juros no mundo hoje é muito mais baixo, o que ajuda o investimento em ações.

Voltando à correção recente, dado que as posições competitivas das maiores empresas da Nasdaq parecem estar ok, os negócios são excelentes, as empresas são rentáveis e não vejo nenhuma novidade em termos de ameaça de novos competidores. Por isso, não vejo motivo para reduzir minhas posições.

Vale a pena sempre lembrar que se eu estivesse alavancada ou com posições grandes demais, provavelmente eu teria de estar vendendo algumas ações e realizando perdas neste momento. Não dá para dizer que as bolsas não cairão mais e que a correção chegou ao final, mas que as razões pelas quais comprei as ações que eu possuo permanecem, elas permanecem sim.