O que este conteúdo fez por você?
- É importante entender que o efeito manada tira o nosso livre arbítrio. Simplesmente fazemos o que todos estão fazendo, afinal, emocionalmente é mais confortável errar com todo mundo do que correr o risco de acertar sozinho
- Muitos segmentos de alto luxo simplesmente aumentaram suas vendas no meio da pandemia
- Para Gustavo Costa, CEO da LGL Case, principal agência de marketing 360° especializada no segmento de alto luxo e que atende grandes marcas como Jaguar & Land Rover, BMW e McLaren, cinco fatores explicam este comportamento do mercado, que vai na contramão de outros segmentos
Diversos ganhadores do prêmio Nobel de economia na verdade são psicólogos. Isso tem um motivo muito específico. Saber a parte técnica é fundamental, mas sem controle emocional não servirá de muita coisa.
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Basta ver o que ocorreu durante a pandemia, quando muitos investidores que se consideravam equilibrados e experientes simplesmente venderam grande parte de suas ações, como se o mundo fosse acabar.
Enquanto isso, outros aproveitaram o cenário de caos e investiram mais ou simplesmente quem nem estava na renda variável sentiu que era um bom momento e começou a investir. Isso explica os mais de 200 mil investidores que entram na B3 todos os meses.
Efeito manada e o novo coronavírus
É importante entender que o efeito manada tira o nosso livre arbítrio. Simplesmente fazemos o que todos estão fazendo, afinal, emocionalmente é mais confortável errar com todo mundo do que correr o risco de acertar sozinho.
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Basta olhar guichê de um cinema. Se um caixa estiver com uma grande fila e o outro vazio, a maioria das pessoas irá entrar na fila, sem nem questionar, pois acredita que apenas um caixa está aberto.
No caso do novo coronavírus, com todas as pessoas em casa, é natural que o ser humano fique com medo. É o medo da morte, da perda do emprego ou até mesmo de como será o mundo daqui para frente.
Com isso, é natural que todos diminuam os gastos financeiros. Porém, isso é uma meia verdade e que não vale para todas as classes sociais.
Como o mercado de luxo se beneficiou da crise?
Muitos segmentos de alto luxo simplesmente aumentaram suas vendas no meio da pandemia. A Azimut Yachts, por exemplo, que produz a mais famosa linha de barcos do mundo, viu suas vendas no Brasil aumentarem em 40% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Isso porque é um produto com valores a partir de R$ 14 milhões.
No segmento imobiliário, aconteceu o mesmo. Com a quarentena por tempo indeterminado, em muitos casos adaptando a nova vida em casa com crianças, pessoas com alto poder aquisitivo buscaram um novo imóvel para morar.
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Na imobiliária Remax, o segmento de alto padrão, principalmente de coberturas, não somente cresceu, como bateu recorde histórico de vendas. A mesma onda aconteceu na SF Consultoria Imobiliária, uma das maiores do país no setor.
Para Gustavo Costa, CEO da LGL Case, principal agência de marketing 360° especializada no segmento de alto luxo e que atende grandes marcas como Jaguar & Land Rover, BMW e McLaren, cinco fatores explicam este comportamento do mercado, que vai na contramão de outros segmentos.
1) Luto
Muitas pessoas perderam parentes e amigos, ou seja, viram que tudo pode acabar de repente. Isso fez com que priorizassem mais o lazer e o conforto e emocionalmente fosse mais confortável gastar parte do patrimônio.
2) Taxa Selic
A taxa de juros em 2% corroeu a rentabilidade da renda fixa. Com os negócios já ameaçados, muitos empresários não desejam correr riscos com seus investimentos, como por exemplo, na renda variável. Isso fez com que preferissem gastar em um sonho a deixar investido rendendo pouco.
3) Fronteiras fechadas
Com a pandemia, este público de alta renda não conseguiu sair do país, seja pelo risco da saúde ou pelo fechamento de fronteiras. Isso fez com que muitos multimilionários investissem em ativos que pudessem usufruir no Brasil, como um barco ou um novo carro.
4) Dólar
A desvalorização da moeda brasileira fez multiplicar o patrimônio de muitos investidores. As grandes fortunas deixam parte do capital fora do país, como Europa e Estados Unidos. Ambas as moedas se valorizaram sobre o Real. Isso fez com que muitos trouxessem parte do capital que estava no exterior para o Brasil.
5) Desaceleração
O mundo todo foi obrigado a desacelerar. As pessoas tiveram mais tempo de pensar na vida, ficarem com suas famílias e repensarem o que realmente importa. Esse ócio produtivo fez com que muitas pessoas entendessem que não adiantar trabalhar sem parar, acumular riquezas e não aproveitar a vida.
Magazine Luiza, Via Varejo e Weg
Entendermos este comportamento humano serve também para o mercado de ações. Por exemplo, naturalmente, seria previsível que o varejo sofresse muito com a pandemia. E mais uma vez isso se mostrou uma meia verdade.
Claro que as vendas caíram, mas as empresas focadas no e-commerce, como Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VVAR3), ganharam enorme participação nesse mercado.
Indústrias sólidas como a Weg (WEGE3), como uma ampla linha de produtos e negócios no Brasil e exterior, que foram beneficiadas pelo câmbio, também tiveram forte valorização rapidamente. O banco BTG (BPAC11), focado no segmento de alta renda, também andou na contramão dos bancos de varejo.
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Isso significa que não havia sentido algum estas empresas caírem mais de 30% no meio da pandemia. Porém, muitos não investiram e perderam uma grande oportunidade, pois acharam que havia caído pouco, tendo em vista que outras ações tiveram quedas maiores do que 70%.
Entender que não podemos olhar para um cenário com os mesmos olhos, para todos os segmentos é um legado que o coronavírus deixa para sempre. Conforme passa o tempo, aumenta a minha certeza de que, nos investimentos, a parte emocional é mais importante do que a parte técnica.
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