Uma ação do presente para garantir o seu futuro

Louise Barsi é formada em economia e contabilidade e especialista em mercado de capitais. Analista CNPI, ela se dedica à empresa de educação digital Ações Garantem o Futuro, que foi criada para desmistificar a Bolsa de Valores para os investidores brasileiros.

Escreve às quartas-feiras, a cada 15 dias.

Louise Barsi

Os 5 Setores à prova de balas: como escolher boas empresas para sua carteira

Filtro nos ajuda a olhar apenas para setores perenes

Definir um alvo (Foto: Evanto Elements)
  • Uma vez definido seu objetivo, as empresas são selecionadas por possuírem características consideradas fundamentais para um portfólio de longo prazo
  • Além da política de distribuição de dividendos, averiguamos se há resultados sólidos, consolidação no mercado e perenidade do negócio
  • Em resumo, esse filtro nos ajuda a olhar apenas para setores perenes, chamados de “5 à Prova de Balas”. Para que você nunca mais esqueça essa terminologia, basta memorizar o acrônimo BEST

Até o momento esta série de artigos procurou mostrar aos seus leitores o caminho das pedras para atingir a liberdade financeira através de uma carteira previdenciária na Bolsa de Valores: a estratégia conhecida como Jeito Barsi de Investir. Ressaltei aqui também as vantagens de um planejamento para o futuro e a importância do fator tempo nesta equação.

O nome do jogo é longo prazo. Mas longo quanto? A resposta é típica de economista: depende! Longo o suficiente para gerar uma renda satisfatória, que por sua vez dependerá da capacidade de poupança e de investimento de cada um. Voltando ao exemplo prático do texto passado para se conquistar uma renda de R$ 60 mil por ano:

Suponha que uma empresa tenha o histórico de pagar R$ 1,00 por ação. Você precisará, então, de 60 mil ações para atingir seu objetivo. Isto poderá te custar R$ 600 mil reais se cada ação estiver cotada a R$ 10 reais, ou R$ 1,2 milhão se esta mesma ação for comprada por R$ 20 reais.

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Novamente, se o investidor puder aplicar R$ 1.500 reais por mês, chegará à renda estipulada em 33 anos na primeira simulação ou em 66 anos na segunda. Justamente por isso o preço é tão importante, e momentos de crise como a pandemia acabam se tornando grandes oportunidades. Você terá a chance de comprar ações que valem R$ 20 por R$ 5 e assim chegar ao seu objetivo em número de ações mais rapidamente, com os mesmos recursos.

A matemática é extremamente simples e indica outra consequência ao investidor previdenciário: variação de patrimônio não paga boleto, mas a renda gerada por ele sim. Portanto, a métrica do “sucesso” nesta estratégia está centrada na quantidade de ações. Afinal, o dividendo é pago em função disto.

Nestes 5 anos à frente do operacional na gestão do patrimônio da Família Barsi, foram raras as vezes que presenciei meu pai checar a rentabilidade da sua carteira em detrimento dos dividendos que recebia todos os meses.

“Louise, vocês do AGF só sabem falar de dividendos?”

Touché, caro leitor! À primeira vista é muito fácil banalizar a metodologia e rebaixá-la a meramente uma seleção de empresas que paguem bons proventos. Obviamente este é um pilar fundamental, na nossa opinião, para que as ações garantam o seu futuro, mas não é o único. Nas palavras do próprio Luiz Barsi, durante uma entrevista:

“Vamos lá, reduzir a estratégia apenas a empresas que paguem dividendos é um tanto quanto simplista. Não sou um caçador de dividendos a qualquer custo. Eu me torno parceiro de empresas que não apenas distribuem boa parte dos seus lucros, mas que também pertençam a setores perenes e com o objetivo da parceria de longo prazo.”

Justamente por privilegiar horizontes de longuíssimo prazo, os compromissos a seguir são inegociáveis:

  • Reinvestimento dos proventos;
  • Aportes frequentes (sem valor mínimo estabelecido);
  • Destinação de recursos para a Bolsa sem necessidade de desembolso no curto prazo;
  • Compra baseada na expectativa futura de geração de valor, não em arbitragem ou especulação;

É geralmente no quarto compromisso que a grande maioria dos investidores encontra dificuldades. Como escolher boas empresas para uma carteira?

A estratégia de carteira previdenciária só fará sentido se as empresas dentro dela sobreviverem pelos próximos 20, 30 ou 40 anos. É muito importante observar que elas estão inseridas dentro de um ambiente macroeconômico e que esse ambiente se transforma diariamente, criando uma infinidade de novas oportunidades ou mesmo encerrando longos ciclos de sucesso, principalmente no Brasil.

Isso significa que não é porque um negócio seja excelente há muito tempo que continuará sendo. Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, mas esse risco pode ser mitigado se você usar os filtros corretos.

Uma vez definido seu objetivo, as empresas são selecionadas por possuírem características consideradas fundamentais para um portfólio de longo prazo. Além da política de distribuição de dividendos, averiguamos se há resultados sólidos, consolidação no mercado e perenidade do negócio.

Nenhum segredo nos três primeiros, o destaque fica para o último critério. Ora, para tirar a dúvida sobre a perenidade de um negócio, basta que o investidor responda a uma única e simples pergunta: eu viveria sem o serviço ou o produto que esta empresa oferece? Se a resposta for NÃO, então há grandes chances que ela sobreviva ao tempo.

Em resumo, esse filtro nos ajuda a olhar apenas para setores perenes, chamados de “5 à Prova de Balas”. Para que você nunca mais esqueça essa terminologia, basta memorizar o acrônimo BEST.

Bancos
Energia
Saneamento/seguros
Telecom

Esses setores são compostos basicamente por empresas que vendem produtos ou serviços tão essenciais para a sociedade e para a economia, que sua demanda será sempre crescente ou pelo menos estável em tempos de crise. Quer dizer então que podemos comprar qualquer ação de olhos fechados, desde que pertençam a esses setores?

Claro que não é bem assim. IRB Brasil Resseguros não nos deixa mentir que companhias de setores perenes também correm risco de perder valor, muitas vezes de maneira irreparável. É aí que entra o segundo passo para selecionar empresas vitoriosas. Pare e reflita o que você faria antes de se tornar sócio de um negócio na vida real (lembre-se que investir na Bolsa de Valores não é diferente disso). Quais quesitos você analisaria?

Antes de mais nada, o que a empresa faz! Quais as características desse negócio, sua rentabilidade, seus concorrentes, quem são fornecedores… Enfim, você se empenha em conhecer profundamente tudo que te interessaria como sócio. Muito além de utilizar apenas a abordagem fundamentalista, Barsi vai a fundo no operacional de uma empresa, procurando conhecer mais os seus aspectos qualitativos.

Este é o cenário micro que poucos gastam tempo investigando e que muitas vezes pode ser descoberto com uma pesquisa aprofundada no próprio site de Relações com Investidores. Conhecer as pessoas por trás do negócio, a capacidade de gestão, ver os ativos pessoalmente, conhecer sua composição acionária, a origem de sua fundação, entre outros aspectos, são outras condições importantes.
Não se engane: se você quiser ter sucesso na Bolsa deve aprender e se habituar a ler sobre negócios!