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- O mês de dezembro foi marcado por uma piora relevante no quadro pandêmico do mundo. Observamos uma explosão do número de novos casos de covid-19
- As evidências internacionais, por ora, mostram que a Ômicron causa casos mais leves e menos graves, seja pela mutação da cepa ou pela maior cobertura vacinal
- O mercado tem conseguido atravessar este ambiente sem grandes impactos nos preços dos ativos de risco. Isso poderá mudar caso este ciclo dure mais tempo ou se torne mais agressivo
O mês de dezembro foi marcado por uma piora relevante no quadro pandêmico do mundo. Observamos uma explosão do número de novos casos de covid-19, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Ao contrário dos ciclos anteriores, contudo, até o momento, o aumento exponencial do número de casos não acarretou elevação, na mesma proporção das “ondas” anteriores, do número de internações e/ou óbitos.
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Ainda é cedo para afirmarmos de forma concreta e científica, mas há argumentos de que está cepa seja menos agressiva e/ou que a cobertura vacinal esteja ajudando a sociedade a administrar a situação de uma maneira mais suave do que no início da pandemia.
De qualquer forma, as próximas semanas ainda devem ser marcadas por um fluxo de notícias mais negativo no tocante aos números de casos ao redor do mundo. Por ora, acredito que o impacto econômico seja de pressão baixista no crescimento, porém de maneira pontual e passageira. No entanto, devem surgir novas pressões altistas na inflação, especialmente devido a mais uma quebra da cadeia produtiva global.
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Dado o cenário descrito acima, o mercado tem conseguido atravessar este ambiente sem grandes impactos nos preços dos ativos de risco. Isso poderá mudar caso este ciclo dure mais tempo ou se torne mais agressivo, o que não é o cenário base, neste momento.
Na China, vimos sinais incipientes de estabilização do crescimento do país. A estabilização ainda me parece frágil e instável. O governo vem adotando medidas localizadas e pontuais de suporte à economia, o que tem ajudado o mercado imobiliário, em especial. Acredito que a estabilização pode vir a dar algum alento no humor de curto-prazo, mas sigo esperando um crescimento estruturalmente mais baixo da China nos próximos anos.
Devemos conviver com um ambiente de “stop-and-go” da economia, onde períodos de estabilização (como o atual), serão seguidos de novas pressões baixistas no crescimento e focos específicos de stress (mercado imobiliário, crédito e afins).
Nos Estados Unidos, a economia segue firme, com crescimento robusto. O mercado de trabalho se mostra bastante apertado e os sinais de inflação são crescentes. O Banco Central anunciou uma aceleração de seu processo de normalização monetária, dobrando a redução mensal do cenário para a liquidez global (QE, taxa de juros e afins) . Agora, a expectativa é de que o QE se encerre em março. O Fed já iniciou um processo de sinalização de alta de juros para o segundo trimestre de 2022, com o mercado precificando cerca de três altas de 25bps no ano que adentramos.
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Acredito que a inflação nos EUA (e no mundo) e o QE serão determinantes para o desempenho dos ativos de risco ao longo deste ano. Ainda vejo este vetor como um dos maiores riscos ao cenário do ano que estamos iniciando.
No Brasil, a inflação continua elevada, o que levou o Banco Central a endurecer o seu discurso. A taxa Selic já se encontra próxima aos dois dígitos e deve atingir um patamar em torno de 12% ainda no primeiro semestre de 2022. Há sinais inequívocos de desaceleração do crescimento, a despeito de números mais positivos de emprego, na margem.
As evidências anedóticas sinalizam que a nova onda da pandemia chegou ao Brasil. Acredito que dentro de alguns dias veremos os números de novos casos subindo consideravelmente. Isso é apenas uma opinião pelo que tenho lido e ouvido no dia a dia. Os dados oficiais, que estão com problemas técnicos, ainda não mostram essa situação.
Para a sociedade, será importante medir o quanto o novo ciclo irá afetar o sistema de saúde. As evidências internacionais, por ora, mostram que a Ômicron causa casos mais leves e menos graves, seja pela mutação da cepa ou pela maior cobertura vacinal. Contudo, são evidências e não conclusões científicas comprovadas.
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No que tange a economia, resta saber como os governantes irão administrar o fluxo de notícias ruins. O risco seria novos lockdowns e pressões por mais gastos públicos, usando a pandemia como argumento.
Falando em gastos, o ano termina com uma situação fiscal corrente muito mais construtiva do que iniciou. Há uma probabilidade elevada do Brasil encerrar o ano com superávit fiscal primário. Devemos comemorar este resultado, mas não podemos ignorar o fato de que há enormes pressões políticas por mais gastos em um ano eleitoral como será 2022.
O mês foi de alguma recuperação dos ativos de risco, no Brasil e no mundo. No Brasil, os ativos locais podem ser classificados como “os patinhos feios” em relação a desempenho ao longo de 2021. O ano foi marcado por queda da bolsa, alta do dólar e forte abertura das taxas de juros.
Os movimentos verificados em 2021 já precificam um cenário desafiador e de enorme incerteza para o País nos próximos meses. Vemos valor em vários ativos, mas entendemos que será um ano de bastante incerteza e, consequentemente, de uma volatilidade ainda elevada.
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No resto do mundo, a China observou forte queda em seu mercado de ações, fruto da caçada regulatória, pelos problemas no mercado imobiliário e pelos sinais mais negativos de crescimento. Os EUA, e os índices de ações do país, foram, uma vez mais, os destaques positivos do ano.
Aqui, contudo, vale um alerta. A alta da bolsa dos EUA foi bastante concentrada em poucas ações, o que mostra algum nível de desconforto “por debaixo da superfície”. O mesmo desempenho positivo não ocorreu no mercado de renda fixa, que sofreu com a abertura das taxas de juros e alguma abertura de spreads de crédito.
O ano foi bastante desafiador para gestão ativa em ações, tanto no Brasil como nos EUA. No Brasil, o quadro técnico falou mais alto, com os investidores vendendo ações ou fundo de ações para comprar renda fixa. Nos EUA, o desempenho das FAAMGs (as gigantes de tecnologia) suportou a alta dos índices. Os fundos que não tinham posições relevantes nessas ações, acabaram apresentando desempenho relativo mais negativo.
Acredito que 2022 será mais um ano desafiador. Todavia, vemos oportunidades sendo criadas, e outras que irão aparecer ao longo do ano. Assim, estou bastante confiante no trabalho que temos desenvolvido no portfólio dos clientes, trazendo diversificação e consistência de longo prazo.
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