Dez dias após o lançamento da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, interlocutores do mercado financeiro seguem demonstrando ceticismo quanto à sua permanência efetiva na disputa presidencial de 2026.
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Dez dias após o lançamento da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, interlocutores do mercado financeiro seguem demonstrando ceticismo quanto à sua permanência efetiva na disputa presidencial de 2026.
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A reação foi quase imediata. No dia do anúncio, marcado por mensagens confusas, o Ibovespa recuou 4,35%, refletindo aumento da aversão ao risco. Três dias depois, nova instabilidade foi observada na Bolsa quando o senador, numa tentativa de explicar a declaração de que a pré-campanha teria um “preço”, afirmou que ela é irreversível, o que só reforçou a percepção de incerteza política.
Esse ceticismo está associado ao histórico de volatilidade política e comunicacional do clã Bolsonaro, fator que segue pesando na avaliação de risco feita por bancos e fundos de investimento. Nesse contexto, a própria declaração sobre o “preço” da candidatura alimenta a expectativa de que Flávio possa recuar da disputa presidencial, após a eventual aprovação do PL da Dosimetria, retomando o plano original de concorrer à reeleição para o Senado, pelo Rio de Janeiro.
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Tenho reiterado em conversas com representantes do mercado que o PL da Dosimetria, por si só, não resolve a equação política da família Bolsonaro. O que está em jogo é a preservação do legado do ex-presidente Jair Bolsonaro e a tentativa de influenciar a construção de uma futura chapa de centro-direita.
Vale destacar que o desconforto do mercado não está na pré-candidatura em si, mas na baixa perspectiva de vitória eleitoral associada hoje ao nome de Flávio Bolsonaro. Embora seu discurso dialogue com pautas caras ao mercado, como controle de gastos, crítica ao aumento da carga tributária e defesa do equilíbrio fiscal, investidores buscam, além do discurso, previsibilidade institucional e viabilidade política.
O ambiente eleitoral também pesa. A expectativa é de uma disputa novamente marcada pela polarização e pelo alto índice de rejeição. E se olharmos para o último Datafolha, da semana passada, vemos que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem 45% de rejeição, Lula 44% e Flávio Bolsonaro 38%, enquanto o nome hoje mais bem avaliado pelo mercado, o governador Tarcísio de Freitas, registra cerca de 20%.
Além disso, Lula chegará à eleição com a máquina pública a seu favor e com indicadores concretos para apresentar, como queda do desemprego e inflação controlada. Flávio, por não ocupar cargo no Executivo, não dispõe da mesma vitrine administrativa, vantagem que, novamente, favorece Tarcísio de Freitas, que terá a gestão de São Paulo como ativo central de campanha.
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Vamos acompanhando.
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