O que este conteúdo fez por você?
- A educação pública no Brasil ainda é vista como inferior, e deixa de preparar jovens para assuntos importantes, como educação financeira
- Para mudar essa mentalidade, é preciso a união de políticas públicas e de investimentos do terceiro setor
- Apoiar o ensino público é alimentar os sonhos de milhares de jovens
A Multiplicando Sonhos teve uma reunião na semana passada com o Instituto Fefig, que apoia projetos educacionais de todo o Brasil, e um depoimento do Bartholomeu Eneias Gomes da Silva, superintendente executivo da organização, me marcou o suficiente para se tornar tema deste artigo.
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Assim como eu, Bartholomeu também veio da periferia da zona leste de São Paulo e estudou em escolas públicas da região. Extremamente dedicado aos estudos, ele me contou que chegou a escutar de um dos seus melhores professores do ensino médio, um docente de química, que “ali não era o seu lugar”.
O episódio marcou o executivo para a vida toda e, infelizmente, não é um caso isolado. Situações parecidas levam milhares de estudantes de baixa renda a acreditar que a escola pública não é um lugar de pessoas com futuro promissor. Com isso, têm sua autoestima minada.
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É verdade que nas últimas décadas, avançamos positivamente na mobilidade social. Bartholomeu furou a bolha e entrou na Universidade de São Paulo (USP), a mais concorrida do País, logo que terminou o ensino médio. Eu entrei no Mackenzie, uma das principais universidades particulares. Porém, muitos estudantes de escolas públicas ainda deixam oportunidades de crescimento passarem por não se verem capazes de alcançá-las.
“Não só na educação, mas em todos os setores, existe uma concepção de que, por ser público, necessariamente é ruim. E se tratando especificamente da educação, há uma aura negativa em torno da escola pública que acaba colocando um rótulo de que é impossível ter uma educação de qualidade se ela for pública. Esse é o primeiro problema que deveríamos estar discutindo, pois gera uma mentalidade de não crescimento”, diz Bartholomeu.
Políticas públicas e terceiro setor
Alinhado à visão da Multiplicando Sonhos, Bartholomeu acredita que a saída está em uma união entre políticas públicas efetivas em educação e uma mudança de mentalidade na sociedade – ambos apoiados pelo terceiro setor. Ou seja, é preciso cobrar o poder público, mas também apoiá-lo, entendendo que cada um de nós funciona como um motor importante da sociedade.
“O Brasil ainda precisa avançar muito no sentimento de corresponsabilização. Muitas vezes, nós vemos as pessoas colocando esse rótulo de que se é público não presta, enquanto vemos pouco engajamento da sociedade civil para transformar tal realidade”, diz.
Nesse sentido, o terceiro setor assume o papel de mola propulsora importante. Ele disponibiliza recurso privado para impulsionar as ações independentes, trazendo qualificação técnica às instituições e apoiando efetivamente o poder público. Em contrapartida, cobra resultados, incentivando um sistema de melhoria contínua e sustentabilidade dos projetos.
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Com esse ecossistema funcionando, conseguimos fazer com que jovens sonhem. E quando falamos de sonhos, não estamos limitando a metas individuais, mas também aos objetivos coletivos. Afinal, quanto mais jovens sonham grande, mais o País evolui junto.
“Precisamos vencer essa essa visão de que o lugar que você nasceu ou a quantidade de dinheiro que a sua família tem vai definir o seu destino, assim como esse sentimento de que há pessoas que nasceram para serem fracassadas e profissões que não podem ser acessadas por alguns setores da sociedade”, diz Bartholomeu.
Gosto de reforçar que não se trata de negar todas as dificuldades que existem, mas de não amarrar os jovens a elas, tornando-as definitivas. Ao vencer os estereótipos a partir da educação pública, aumentamos as possibilidades e melhoramos efetivamente a vida das pessoas.
Assim como Bartholomeu, a Multiplicando Sonhos está incentivando o sonho de muitos alunos por meio do seu programa educacional. E estamos acompanhando alguns administradores, advogados, empreendedores e até médicos dando os seus primeiros passos rumo ao futuro. É a educação financeira mostrando ser possível, sim, apoiar a educação pública e impulsionar os sonhos desses jovens!
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Colaboração: Giovanna Castro