No final do ano passado, estive presente em um evento em Nova York onde foi lançado o movimento “Stand With Crypto”, uma iniciativa que une empreendedores cripto nos EUA para promover a inovação tecnológica através do blockchain (mecanismo de banco de dados avançado que permite o compartilhamento transparente de informações), apoiando regulamentações claras para preservar a liderança tecnológica do país. O movimento está convocando os eleitores a entrarem em contato com seus congressistas para que apoiem o desenvolvimento do mercado.
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O contexto dos criptoativos nos Estados Unidos revelou uma metamorfose marcante desde o final de 2023 até o momento atual, impulsionado por uma série de fatores que não apenas influenciaram mas também estão redefinindo o panorama global de investimentos em ativos digitais.
Alguns pontos que merecem destaque nessa mudança de perspectiva:
- Em meio à expectativa do halving (reduzir pela metade), em abril de 2024, investidores de varejo começaram a se posicionar em relação ao bitcoin.
- No front regulatório, o entusiasmo foi ampliado pela aprovação dos ETFs (fundo atrelado a uma carteira de ativos que busca um retorno semelhante a um índice de referência) de bitcoin – formato que viabilizou uma porta de entrada para uma avalanche de investidores institucionais, que identificaram uma exposição simplificada ao mercado de criptoativos.
- O interesse institucional por este produto também iniciou um movimento de subida, resultando no primeiro trimestre de 2024 como o período de fim do bear market (mercado em tendência de queda prolongada).
Entretanto, o fator que mais pode impactar a transformação do olhar para cripto é a eleição presidencial, que está utilizando esse movimento favorável ao mercado digital e à nova economia como apoio para uma possível vitória.
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De acordo com uma pesquisa patrocinada pela Grayscale, um em cada três eleitores dos Estados Unidos diz que consideraria a posição de um candidato político sobre criptomoedas antes de votar. Além disso, 73% dos entrevistados afirmaram que concorrentes presidenciais devem ter um panorama aprofundado sobre tecnologias inovadoras, tais como criptomoedas e Inteligência Artificial (IA).
A inflação também teve um papel fundamental no aumento do interesse por cripto: 40% dos investidores apontaram que incluirão ativos digitais em seus portfólios futuros como uma medida estratégica de investimento.
Nesta semana, surgiram rumores de que Donald Trump teria lançado uma memecoin chamada MAGA. A possibilidade de um ativo inédito, oficialmente ligado ao candidato à presidência, fez com que a criptomoeda DJT disparasse mais de 180% na última segunda-feira (17). Trump, que antes chamava as criptomoedas de “scam” (fraude), agora promoveu uma “crypto army” (guerra entre ativos) e incentivou seus seguidores a votarem nele, alegando que enfrentará o “ódio de Biden contra o Bitcoin”. Trump quer se lançar como um verdadeiro “crypto president”.
Por outro lado, nos últimos quatro anos o presidente Joe Biden demonstrou uma clara relutância em apoiar a indústria de Bitcoin e criptomoedas. Em 31 de maio, Biden vetou um projeto de lei que permitiria que instituições financeiras custodiassem bitcoin e outras criptomoedas. A legislação, que tinha apoio bipartidário, visava integrar o bitcoin ao sistema financeiro tradicional.
O veto reflete a falta de apoio da administração Biden à indústria, em que o presidente anteriormente comparou os traders de cripto a “sonegadores de impostos ricos”. Figuras como a senadora Elizabeth Warren também têm sido críticas às criptomoedas, destacando desafios regulatórios e ambientais.
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Ainda que a disputa presidencial englobe outras perspectivas, é a primeira vez que a postura em relação às criptomoedas se torna tão predominante. Atualmente, 18 milhões de pessoas investem em ativos digitais nos EUA, representando um pouco mais de 7% da população do país. Embora pareça que os principais beneficiados sejam os candidatos que defendem criptoativos, o verdadeiro vencedor dessa corrida política pode ser a própria indústria cripto, não só nos EUA, mas globalmente.
O mundo cripto pode se desenvolver sem o apoio dos EUA, mas contar com eles seria altamente vantajoso. A economia dos EUA é, sozinha, maior do que a soma das economias da terceira até a décima primeira posições no ranking mundial. Além disso, os EUA são um grande centro econômico e tecnológico global. Excluir-se dessa revolução cripto pode ser prejudicial geopoliticamente, sobretudo ao projetarmos o impacto de anos à frente.