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- Ao que me parece, a grande diferença entre mulheres e homens ao investir é que eles se jogam nesse universo – com frequência, aprendem errando
- Já muitas de nós só começamos depois de muito estudar ou infelizmente preferimos ficar de fora mesmo, sob o argumento de que não é pra nós
Vez ou outra eu escuto alguém dizer, como algo tão óbvio quanto dois mais dois é igual a quatro, que nós, mulheres, somos mais conservadoras ao investir.
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Intrigada com o universo majoritariamente masculino que me rodeia e cética que sou, fui atrás de algumas pesquisas sobre o tema nos últimos anos. É claro que não li todas, mas o fato é que algumas das que encontrei pela frente trazem nuances para a conclusão.
Uma em especial me parece fazer muito sentido, especialmente quando combinada com minha experiência pessoal ao começar a investir e com as mulheres que cruzaram meu caminho nessa vida de educadora financeira.
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A pesquisa a que me refiro leva o título “Diferenças de gênero na aversão a risco” e foi tocada pela professora emérita da Universidade Auburn, Virginia O’Leary, e pelo estudante de PhD da Universidade de Alabama Binay Kumar Adhikari.
No estudo, de fato, as mulheres reportavam intenção de investir uma fatia menor do seu patrimônio em ativos de risco quando comparadas aos homens. Essa diferença desapareceu, entretanto, quando outras variáveis relevantes foram levadas em conta, principalmente o conhecimento que essas pessoas consideravam ter sobre o mercado financeiro.
Ou seja, mulheres e homens que se consideram com o mesmo nível de conhecimento financeiro têm grau similar de aversão a risco.
Essa pesquisa se encaixou na minha realidade. Meu irmão, muito jovem, falava sobre investir em ações com bastante confiança. Eu olhava pra ele e pensava: “onde ele aprendeu tudo isso?”. Só fui me sentir confortável em falar do tema e, principalmente, investir, depois de muito estudar. E encontrei outras mulheres com comportamento semelhante ao longo da vida.
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Ao que me parece, a grande diferença entre mulheres e homens ao investir é que eles se jogam nesse universo – com frequência, aprendem errando. Já muitas de nós só começamos depois de muito estudar ou infelizmente preferimos ficar de fora mesmo, sob o argumento de que não é pra nós.
O conhecimento é que nos traz a segurança para investir que parece não ter vindo de fábrica. E querer aprender antes de fazer não é um defeito, é ótimo, diga-se de passagem! Desde que, é claro, não nos intimidemos a ponto de sequer investirmos.
Claro, o que digo aqui não vale pra todas, mas me parece algo comum e validado por pesquisas.
Quando começamos, vamos muito bem. Quem valida isso são dois outros pesquisadores – Brad Barber e Terrance Odean – citados com frequência por Daniel Kahneman, prêmio Nobel de Economia, em suas palestras.
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Barber e Odean estudaram contas de mais de 35 mil famílias de uma corretora norte-americana. Eles perceberam que as mulheres tinham um retorno levemente maior do que o dos homens por girar menos a carteira – o que atribuíram a um viés de excesso de confiança mais exacerbado neles.
E quando questionadas sobre sua experiência com investimentos, 48% das mulheres disseram que era boa ou extensa, contra 63% dos homens.
Nesse estudo, com o curioso nome “Boys will be boys”, Barber e Odean citam várias outras pesquisas segundo as quais os homens são inclinados a se sentirem mais competentes do que as mulheres no mercado financeiro.
Por que me preocupo com a conclusão de que somos mais conservadoras e pronto? Porque carteiras diversificadas, não focadas somente em renda fixa, costumam ter melhores resultados no longo prazo.
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E, dado que vivemos em média mais do que os homens e fazemos mais paradas – para cuidar de filhos ou parentes doentes, por exemplo – pode ser que a conta de sermos conservadoras demais seja paga algum dia com dependência financeira. E não desejo isso pra mim, para as minhas amigas nem pra você que me lê agora. E aposto que não deseja para sua filha.
Se a autoconfiança e a educação financeira nos levam à menor aversão a risco e independência financeira, devemos buscar por elas – ao contrário de simplesmente nos conformarmos com o rótulo de conservadoras.