Como controlar as emoções ao investir

Marcelo Biasoli é executivo do mercado financeiro com experiência em liderar áreas de Inovação, Estratégia, Desenvolvimento de Negócios e Marketing. Também é coach com conhecimento e paixão pelo desenvolvimento humano e neurociência aplicada aos negócios, combinando as competências de future thinking, criatividade e intraempreendedorismo para impulsionar investimentos e acelerar negócios.

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Marcelo Biasoli

Por que os Millennials vão mudar os mercados e os investimentos

Geração Y é a primeira a equiparar o Bitcoin com o ouro como um ativo porto-seguro

Amigos Millennials (Foto: Evanto Elements)
  • Segundo a corretora de investimentos online Charles Schwab, em 2020 mais de 4 milhões de novos clientes passaram a fazer transações na sua plataforma, sendo que mais da metade desses novos investidores tem menos de 40 anos
  • Em seu estudo com clientes Millennials que residem na América do Norte, Reino Unido, Asia, África, Oriente Médio e América Latina, o resultado chamou a atenção: mais de dois terços (67%) dos clientes da geração Y pesquisados disseram que acham que o Bitcoin compete melhor com o ouro como um ativo porto-seguro

Especialistas em comportamento humano e pesquisadores de vários segmentos do mundo inteiro estudam as gerações e suas respectivas relações com o trabalho e o padrão de consumo, a fim de avaliar os impactos e tendências nos diferentes mercados. Esses estudos ganham importância quando uma geração passa a ter relevância numérica na população.

Esse é o caso da geração Millennials ou “Y”. É a geração das pessoas que nasceram entre 1981 e 1996, ou seja, em 2021, terão entre 25 e 40 anos. Segundo o Pew Research Center, ela representa 24% da população mundial e estima-se que em 2025 serão 75% da força de trabalho mundial. No Brasil, os Millennials são aproximadamente 70 milhões de pessoas (34% da população), sendo a geração mais numerosa atualmente. Estima-se que até 2030 serão 70% da força de trabalho no País.

É uma geração conectada com propósito, que prefere viver a vida a acumular bens, adepta do equilíbrio entre vida pessoal e profissional, heavy users das mídias sociais, que busca estabelecer uma relação com as marcas através delas, forma comunidades ativas, busca flexibilidade, é autêntica e valoriza os conceitos de sustentabilidade, responsabilidade social e diversidade.

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Essas características, somadas ao processo de transformação digital, têm provocado mudanças significativas no consumo e nos investimentos. Segundo a corretora de investimentos online Charles Schwab, em 2020 mais de 4 milhões de novos clientes passaram a fazer transações na sua plataforma, sendo que mais da metade desses novos investidores tem menos de 40 anos.

E as transformações só começaram. Uma pesquisa realizada pelo Bank of America com mais de 1900 pessoas nos EUA, mostra uma tendência positiva para essa geração nos últimos anos em relação as finanças pessoais.

As pessoas estão economizando mais e praticando hábitos financeiros positivos no dia a dia como melhorar o score de crédito e poupar mais para a aposentadoria. Entre aqueles que estão economizando, um em cada quatro tem US$ 100.000 ou mais reservados – 16% mais em relação a mesma pesquisa realizada em 2018. As três principais motivações para economizar são aposentadoria (75%), fundo de emergência (51%) e viagens (42%).

Os “nativos digitais”, como são chamados, consomem mais online do que outras gerações, são os primeiros a adotar novas tecnologias e mais adeptos a correr riscos. Essas características digitais também reforçam a influência no comportamento dos investimentos dessa geração como mostra o resultado de uma pesquisa realizada pela consultoria financeira global deVere Group.

Em seu estudo com clientes Millennials que residem na América do Norte, Reino Unido, Asia, África, Oriente Médio e América Latina, o resultado chamou a atenção: mais de dois terços (67%) dos clientes da geração Y pesquisados disseram que acham que o Bitcoin compete melhor com o ouro como um ativo porto-seguro. Vale citar que em tempos de incerteza política, social e econômica o ouro sempre foi um ativo de diversificação no portfólio de investidores e há muito tempo é uma alternativa para reduzir a exposição. Em 2008, por exemplo, ano da crise do mercado financeiro americano que impactou economias do mundo todo, o ouro foi o investimento com maior retorno no Brasil – registrou alta de mais de 32% no ano.

Em um mundo cada vez mais conectado, e as criptomoedas sendo digitais por sua própria essência, fazem com que essas pessoas se sintam atraídas por esses investimentos, ao mesmo tempo que correm mais riscos também. O comportamento dessa geração mostra que a opção de ganhar ou perder é vista sob um outro prisma. Para eles a aposentadoria está mais longe e podem esperar por maiores retornos nos investimentos, a fim de compensar o risco adicional, além de normalmente serem mais otimistas que as gerações anteriores, independentemente das condições de mercado.

Com o olhar no futuro, essa geração tende a valorizar: a experiência de compra que provoque emoção ou algo divertido, a comunicação simples e consistente, as iniciativas de educação que promovam o aprendizado por projetos e o lifelong learning, e as marcas e projetos sustentáveis. Esse último tema inclusive tem sido pauta mundial na agenda dos fundos de investimento. O interesse por investimentos que seguem os chamados princípios ESG —sigla em inglês que significa ambiental, social e de governança, crescem e tem um futuro promissor.

O ecossistema ESG evolui rapidamente e está de olho na importância e conexão que existe entre sustentabilidade e a geração Millennials. De acordo com a Bloomberg Intelligence Global, ESG 2021 Outlook, os ativos do ESG podem chegar a US$ 53 trilhões em 2025. Isso significa um crescimento médio anual de 15%, metade do ritmo dos últimos 5 anos.

Essa geração é inteligente quando se trata de oportunidades de desenvolvimento. Além de realizar os investimentos tradicionais, eles exploram novas opções que crescem e mostram potencial. A gestão de investimentos está ganhando um novo olhar, ao mesmo tempo que os Millennials vão continuar desafiando os modelos de negócio que não entregam o que eles valorizam e se aproximar cada vez mais e potencializar as empresas que se conectam com o propósito desses jovens.

Pra botar a lenha na fogueira, me lembrei de uma notícia de 2017 sobre um menino de oito anos que aprendeu a dirigir assistindo aos vídeos no youtube e levou sua irmã de apenas quatro anos para comprar sanduíches na rede de fast food McDonald’s, nos Estados Unidos. Claro que essa história é fora da curva, mas torna-se mais desafiante ainda para os especialistas em comportamento humano decifrar as características das novas gerações. Uma coisa é certa: elas vão revolucionar os mercados e transformar a sociedade em que vivemos. Fica a dica!