- Levantamento mostrou que os turistas brasileiros que viajam para o exterior preferem levar dinheiro em espécie.
- O cartão de crédito é visto como um recurso de emergência, para pagar por imprevistos.
- Custo do IOF e controle do dinheiro são fatores que contribuem para essa preferência.
Apesar das facilidades que as instituições financeiras têm oferecido para viagens ao exterior, cerca de 61% dos turistas brasileiros ainda preferem levar dinheiro em espécie ao sair do País. Isso é o que revelou uma pesquisa realizada pela fintech Revolut, especializada em transferências internacionais.
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A preferência pode estar relacionada ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que é cobrado para compras internacionais no cartão de crédito e hoje corresponde a 5,38% do valor gasto. A alíquota, porém, será zerada a partir de janeiro de 2028, como parte das exigências da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a entrada do Brasil no grupo.
Luiz Henrique Didier Jr., CEO do Bexs, banco de câmbio parceiro da Revolut, afirma que além do IOF os cartões de crédito possuem um spread que pode chegar a 6% adicionados ao total da transação. O spread funciona como uma taxa de câmbio, cobrada pelo cartão em compras internacionais para fazer a conversão da moeda em que o gasto foi feito para a divisa da fatura – real, no caso.
“Outro fator importante é que as taxas são cobradas diariamente. Conforme a moeda oscila, o turista pode se surpreender. Dependendo da cotação da moeda no dia, os valores pagos no cartão podem estourar o orçamento previsto. Essa dinâmica traz muita falta de clareza, já que o viajante não pode prever o comportamento da cotação ao longo da sua viagem”, explica.
O estudo apontou para uma tendência no comportamento dos brasileiros em viagens internacionais de levar dinheiro em espécie para os gastos planejados, mas ter o cartão de crédito como segunda opção, em caso de imprevistos. Segundo a pesquisa, 66% dos turistas brasileiros usam o cartão para emergências no exterior.
Contas internacionais
As contas internacionais de fintechs como Revolut, Wise, Nomad e C6 foram citadas por 39% dos entrevistados como forma de concentrar os gastos nessas viagens. Entre aqueles que trocam dinheiro antes de sair do Brasil, 61% disseram fazê-lo em uma casa de câmbio, enquanto 30% usam contas internacionais ou seus próprios bancos. Cerca de 9% compram de parentes ou amigos, e 4% em agências de viagem.
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Mota afirma que as contas internacionais podem representar uma economia de cerca de 10% em relação aos cartões de crédito em viagens ao exterior. Nas transferências internacionais entre mesma titularidade, o IOF é de 1,1%. Assim como nos cartões de crédito, esse imposto será zerado em 2028. Outra vantagem é que o viajante sabe quanto pagará pelo câmbio na data em que faz o depósito, evitando surpresas. Os pagamentos no exterior são feito por meio de cartão de débito, usando os recursos que estão na conta.
Planejamento da viagem
Dos entrevistados, a maioria (58%) pretende viajar para outro país nos próximos 12 meses e conta que o planejamento das viagens ocorre com antecedência que varia de quatro meses a um ano. O levantamento mostrou ainda que o planejamento financeiro é uma das principais preocupações dos brasileiros que viajam: 60% dos que responderam à pesquisa gostariam de ter mais controle sobre o dinheiro durante uma visita ao exterior e 46% querem mais visibilidade dos gastos com cartão de crédito.
O questionário recebeu 1.105 respostas e considerou clientes com mais de 25 anos de idade das classes A e B, que viajam para o exterior ou pretendem viajar nos próximos 12 meses ou, ainda, que realizam compras no exterior com frequência.