- Todos os investidores cometem erros que podem prejudicar seus rendimentos
- O resgate recorde de fundos de investimento no primeiro semestre é um exemplo de viés
- É preciso ter cuidado com as chamadas regras de bolso, ou heurísticas
Você já vendeu um ativo na baixa por medo de perder mais dinheiro? Adquiriu cota de um fundo de investimento olhando apenas o rendimento passado? Muito provavelmente sim, mas você não está sozinho.
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Todos os investidores cometem erros, em maior ou menor grau, que podem prejudicar seus rendimentos e sua tranquilidade financeira por causa de fatores psicológicos que influenciam as escolhas. Esses fatores são estudados pela área das finanças comportamentais, que busca entender como as emoções, as crenças e os hábitos afetam o comportamento econômico das pessoas.
Um exemplo recente de como as finanças comportamentais podem explicar certos fenômenos do mercado é o resgate recorde de fundos de investimento no primeiro semestre de 2023.
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Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os investidores retiraram R$ 205 bilhões dos fundos de investimento no período, o maior resgate da série histórica iniciada em 2002.
“Este é um dos vieses mais comuns, o efeito de manada, ou FOMO em inglês para Fear of Missing Out (medo de ficar de fora). Como tivemos um 2022 muito volátil, muita gente vendeu por medo, quando deveria estar comprando barato”, explica o analista Marco Saravalle, colunista do E-Investidor.
Saravalle cita que há inúmeros vieses comportamentais que atrapalham o investidor. São comportamentos que ajudam a contestar a chamada hipótese do mercado eficiente das finanças tradicionais, cuja premissa básica é a de que os agentes econômicos operam de forma racional na busca pela maximização dos lucros. “O mercado é composto de seres humanos. Então, temos muitos vieses e muita irracionalidade”, lembra Saravalle.
Para evitar cair nesse tipo de armadilha, é preciso ter cuidado com as chamadas regras de bolso – ou heurísticas – que são os atalhos mentais que usamos para simplificar as decisões.
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Embora possam ser úteis em algumas situações, as regras de bolso podem nos levar a erros de julgamento e a ignorar informações relevantes. Por exemplo, seguir cegamente a recomendação de um influenciador digital sem analisar se ele tem o mesmo perfil, objetivo e tolerância ao risco que você.
Confira a seguir como o processo heurístico leva a decisões enviesadas e ao prejuízo:
Regras de bolso…
Ancoragem – Decisão é influenciada por uma informação prévia, como o preço-alvo de uma ação.
Representatividade – Passado influencia na decisão, investidor compra um ativo apenas com base no retorno anterior acreditando que ele tende a se repetir no futuro.
Disponibilidade – Memória recente influencia na tomada de decisão, como especular sobre o movimento do mercado em função de acontecimentos fáceis de lembrar.
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… levam a comportamentos enviesados
Enquadramento – Pessoa muda de opinião dependo da forma como é feita a pergunta, fragmentando e descontextualizando a realidade.
Aversão à perda – Dificuldade em se desfazer de uma posição perdedora para não realizar o prejuízo.
Excesso de confiança – Comportamento que leva o investidor a girar demais a carteira prejudicando desempenho e aumentando custos de transação.
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Status quo – Relacionado à aversão à perda e à disponibilidade. O investidor prefere manter portfólio mesmo que ele não corresponda mais a seus objetivos ou perfil de risco.
Teoria da Perspectiva – Comportamentos motivados pelo fato de o conforto associado ao ganho ser inferior ao desconforto da perda. Adicionalmente, o investidor pensa em suas aplicações de forma separada (ações, poupança, fundos), deixando de analisar a carteira numa perspectiva integrada de risco e retorno.
Movimento de manada – Optar pela decisão que os demais estão tomando.
Desconto hiperbólico – Preferir recompensas rápidas àquelas com benefícios superiores porém com recebimento mais lento.
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