- A startup Karrot foi lançada em 2015 e funciona como um local para a venda online de produtos usados
- A Karrot pode se juntar em breve a uma lista crescente de startups de tecnologia sul-coreanas avaliadas em mais de $ 1 bilhão
- Além de comprar e vender bens de segunda mão, de fones de ouvido a iates de luxo, os usuários do Karrot podem compartilhar informações da comunidade
(Sohee Kim/WP Bloomberg) – Em seu tempo livre, Gary Kim gostava de negociar gadgets usados por meio de um mural on-line para funcionários da operadora sul-coreana de aplicativos de mensagens Kakao Corp.
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Então, ele e um colega perceberam que isso poderia se tornar um negócio lucrativo. Em 2015, com o dinheiro que conseguiram com a venda de opções de ações da Kakao, eles – e um ex-engenheiro da Naver Corp. – lançaram um local para a venda on-line de produtos usados que agora se chama Karrot.
Inicialmente, era apenas para pessoas no Vale do Silício da Coreia do Sul, no Vale Pangyo Techno fora de Seul, e essa abordagem local foi mantida mesmo enquanto se expandia por todo o país e em outros lugares. Os usuários que verificam sua localização negociam principalmente cara a cara com outras pessoas em um raio que é geralmente de cerca de 6 quilômetros (3,7 milhas), no que é conhecido como um mercado próximo.
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A Danggeun Market Inc., a startup por trás do Karrot, planeja conseguir até 100 bilhões de won (US $ 90 milhões) em financiamento no próximo verão, potencialmente elevando sua avaliação para cerca de US$ 1 bilhão, disse Kim. Ele foi – até agora – impulsionado pela pandemia, disse ele.
“Esperamos nos tornar um unicórnio”, disse Kim, 42 anos, em uma entrevista em Seul.
Se tiver sucesso, a Karrot se juntará a uma lista crescente de startups de tecnologia sul-coreanas avaliadas em mais de $ 1 bilhão que atendem ao mercado intenso e especializado em tecnologia do país. A CB Insights, que fornece análises de empresas privadas, tem 11 startups coreanas em sua lista global de unicórnios mais recente.
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Além de comprar e vender bens de segunda mão, de fones de ouvido a iates de luxo, os usuários do Karrot podem compartilhar informações da comunidade – sobre qualquer coisa, desde vagas de emprego a itens achados e perdidos e listas de imóveis à venda- e negociar com empresas locais que anunciam no aplicativo.
“É um ponto de encontro on-line para a comunidade local”, disse Kim, que atua como co-CEO da empresa ao lado de Paul Kim, o outro ex-funcionário da Kakao que é um dos cofundadores. “Se os vizinhos estão reunidos em um determinado lugar, todos querem entrar.”
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O Karrot é agora o maior mercado de itens usados da Coréia do Sul e a segunda maior empresa no setor de comércio eletrônico do país, depois da Coupang Corp., de acordo com a empresa de análise de dados MobileIndex.
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Joyce Yi, professora de inglês, 52 anos, disse que negociou mais de 20 itens por meio do aplicativo desde março, incluindo uma cafeteira, livros e um ar-condicionado. “Quando me mudei de Los Angeles para Seul, não sabia nada a respeito da minha nova casa e como usar o sistema de entrega de pacotes – então fiquei sabendo que minha amiga comprou uma bolsa Louis Vuitton por US$ 200 por meio do Karrot”, disse ela. “Karrot é minha primeira opção para fazer compras. Tem opções mais baratas e diversificadas e não preciso ir muito longe para conferir os itens.”
Karrot na pandemia: o que mudou?
Embora a startup com sede em Seul esteja relatando perdas, está gerando dezenas de milhões de dólares em receita anual, principalmente por anúncios locais, de acordo com Kim. Os usuários ativos mensais mais do que dobraram para 12 milhões em outubro em comparação com janeiro, enquanto as vendas quadruplicaram em outubro em relação ao ano anterior, disse ele.
Até agora, a pandemia de covid-19 tem ajudado os negócios, com os usuários vendendo mais ativamente por meio do aplicativo e passando mais tempo em casa, disse Kim. O vírus teve menos impacto na Coreia do Sul do que nos EUA ou países europeus.
“É uma vantagem”, disse Kim na sede da empresa no distrito de Gangnam, na capital. “Felizmente, nossos usuários não acham que haja o risco de negociar pessoalmente, pois todos usam máscaras.”
Mas se o novo coronavírus foi um estímulo, também é uma ameaça, de acordo com Jay Choi, um associado sênior do SoftBank Ventures Asia, que investiu na Karrot. As novas infecções atingiram níveis recordes no país este mês, aumentando a perspectiva de medidas de distanciamento social mais duras.
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“A pandemia de covid-19 apresenta riscos e dá oportunidade ao mesmo tempo”, disse Choi. “Havia a preocupação de que o comércio presencial talvez não sobrevivesse se uma cidade estivesse sob bloqueio total.”
O objetivo do Karrot é se tornar tão popular quanto o Kakao Talk, o maior aplicativo de mensagens do país, disse Kim. O Kakao Talk tem cerca de 36 milhões de usuários ativos por mês, de acordo com a MobileIndex.
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A empresa não tem planos imediatos de abrir capital, mas acabará fazendo isso, disse Kim. Por ora, ela pode se manter à tona usando fundos de investidores de longo prazo que acreditam em sua visão, disse ele.
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A Karrot arrecadou um total de 48,1 bilhões de won de investidores, incluindo SoftBank Ventures Asia, Altos Ventures, Kakao Ventures e Goodwater Capital.
A Karrot aumentará o número de funcionários de 100 para 300 em 2021, enquanto busca se tornar o primeiro aplicativo coreano a ser bem-sucedido tanto nos EUA quanto na Europa Ocidental, disse Kim. A estratégia de expansão da empresa no exterior é entrar em cidades com densas populações de pessoas preocupadas com o meio ambiente que desejam reutilizar produtos usados, disse ele. A empresa prefere lugares onde não haja um player dominante no mercado. Até agora, o Karrot está disponível em 42 áreas do Reino Unido e duas cidades no Canadá, ao mesmo tempo em que está operando atualmente serviços beta em Manhattan e Nova Jersey.
“Nosso objetivo final é tornar global uma plataforma de serviço comunitário local, como o Facebook“, disse Kim.
Enquanto isso, conforme sua startup se expande para o exterior, Kim continua seu hobby de comércio on-line em Seul, agora usando o aplicativo de sua própria empresa. Recentemente, ele comprou uma mesa para a filha e um piano elétrico pela metade do preço normal.
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“Eu saio sozinho para negociar coisas usadas”, disse ele. “Ninguém me reconhece como o chefe da empresa.”
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(Tradução de Romina Cácia)