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Comportamento

Como a astrologia ajuda investidores a fazer bons negócios

Há quem recorra aos astros para compreender as oscilações do mercado

Como a astrologia ajuda investidores a fazer bons negócios
(Foto: Envato Elements)
  • A astróloga Priscila Lima de Charbonnières afirma que a ação de uma empresa de cosméticos pode ser beneficiada por um ciclo do planeta Vênus, uma vez que ambos estão ligados à feminilidade e à beleza
  • Asssessora da Phi Investimentos, Gabriella Ferreira afirma que esse movimento da astrologia nos investimentos é bastante curioso e tem se tornado uma tendência em várias esferas da vida

(Murilo Basso, especial para o E-Investidor) – Recorrer aos astros para compreender as oscilações do mercado e quais dias são bons (ou ruins) para fechamentos de parcerias, realização de investimentos, inauguração ou conclusão de um empreendimento ou para fazer contratações. Essas são as orientações mais comuns ligadas a negócios pelas quais a astróloga Priscila Lima de Charbonnières é procurada.

Priscila é especialista no desenvolvimento de competências comportamentais pelo uso da intuição e tem mais de 20 anos de experiência na área. Segundo ela, contudo, a astrologia não deve ser encarada como um guia de previsões, mas sim como ferramenta de autoconhecimento.

Assim como eventos astronômicos – eclipses e mudanças de fase da Lua, por exemplo – influenciam as marés, eles também geram impactos na vida pessoal.

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“Somos parte de uma correnteza energética que ocorre no sistema solar. Assim como há correntezas nas águas, estamos numa correnteza de vibração energética que se movimenta constantemente. Quando entendemos esse movimento, passamos a usá-lo a nosso favor, tomando atitudes ou esperando que a correnteza passe. É dessa forma que esses eventos nos influenciam. Temos uma psique [alma, espírito] inconsciente que capta essas vibrações, manifestadas em diversos aspectos da nossa existência”, comenta.

Ela cita como exemplo a ação de uma empresa de cosméticos, que pode ser beneficiada por um ciclo do planeta Vênus, uma vez que ambos estão ligados à feminilidade e à beleza. O cenário, portanto, torna esse fluxo favorável.

A astróloga explica que para responder a essas principais dúvidas relacionadas a negócios o que deve ser observado, principalmente, são os fluxos da Lua e do planeta Mercúrio, que na mitologia romana é o mensageiro da venda, lucro e comércio. De acordo com Priscila, é interessante evitar tomadas de decisão quando a Lua está vazia ou fora de curso, que ocorre quando o satélite está em um signo e até o final de sua passagem por ele não há mais perspectiva de fazer aspecto com outro planeta. Trata-se, neste caso, de um intervalo marcado pela imprevisibilidade, quando eventos podem não ter o resultado esperado.

Outro momento que exige maior introspecção e cuidado quanto a decisões importantes ocorre quando Mercúrio está em movimento retrógrado, ou seja, quando há a inversão de seu curso natural, quando seu movimento é de retrocesso em relação ao planeta Terra. O período, que dura por volta de três semanas, e acontece três vezes ao ano, costuma ser marcado por falhas na comunicação e uma menor clareza sobre diversos aspectos da vida.

E o mapa astral?

Enquanto as previsões astrológicas, representadas pelo famoso horóscopo, indicam tendências – não são, portanto, adivinhações – para a vida e variam conforme os movimentos dos astros, o mapa astral já nasce com a pessoa.

“O mapa astral de uma pessoa traduz a vibração da sua alma. Diz sobre a personalidade, a forma como essa alma se manifesta na vida terrena. Também traz informações relacionadas à memórias inconscientes, desafios que podem ser enfrentados, potenciais a serem desenvolvidos e a missão, o propósito da existência. É como se fosse a planta baixa de uma casa, sendo que o livre arbítrio é o que vai nos fazer mudar essa planta. Já nascemos, porém, com ela”, pontua a astróloga.

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A personalidade também diz muito sobre o modo como uma pessoa realiza investimentos. Os perfis clássicos de investidor são o conservador e o arrojado. Enquanto o primeiro é avesso ao risco e acaba preferindo realizar investimentos na renda fixa, o segundo é mais tolerante e, enquanto busca um retorno maior, prefere alocar seus ganhos na renda variável. Há também aqueles intermediários, que optam pela renda fixa em sua maioria, mas também se arriscam na modalidade variável.

“O investidor conservador não tolera perdas. Por isso, aceita o binômio ‘baixo risco – baixo retorno’. Costumam realizar aplicações remuneradas com as taxas básicas da economia, como CDI [Certificado de Depósito Interbancário], Selic e IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo], para citar alguns exemplos. Já os arrojados investem sabendo que podem perder consideravelmente o seu patrimônio. Ao mesmo tempo, o retorno pode ser elevado. Esse investidor tolera perdas, guia-se pelo binômio ‘risco elevado – expectativa de retorno elevada’ e mira nas aplicações que oscilam conforme o mercado”, afirma Emanuelle Nava Smaniotto, professora da Escola de Gestão e Negócios da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e administradora.

Pensando em investimentos, astrologicamente, de forma geral, os signos mais arrojados são os do elemento fogo – Áries, Leão e Sagitário – e os mais conservadores são os do elemento terra – Touro, Virgem e Capricórnio. Para saber como uma pessoa vai se relacionar com finanças, porém, não basta olhar seu signo solar, aquele que é determinado conforme o dia e a hora do nascimento.

“O que vai indicar se a pessoa lida melhor com finanças é o entendimento das casas 2, 6 e 10 em seu mapa astral, ligadas aos signos de terra. A casa 8 [que simboliza a transitoriedade das coisas e da vida], apesar de estar relacionada a Escorpião, um signo de água, também é importante de ser analisada”, pontua a astróloga Priscila, acrescentando, portanto, que a leitura completa do mapa astral é sempre a mais indicada nesse sentido.

O que considerar

Asssessora da Phi Investimentos, Gabriella Ferreira afirma que esse movimento da astrologia nos investimentos é bastante curioso e tem se tornado uma tendência em várias esferas da vida, pessoal e profissionalmente.

“É importante ressaltar que os investimentos, muitas vezes, são fruto de trabalho de uma vida toda das pessoas. Por isso, para que haja segurança no processo, a melhor forma de realizá-los é por meio de uma análise baseada em fatos, com números, dados e métricas sobre as empresas e ativos nos quais você pretende investir. Também é importante contar sempre com a ajuda de um profissional capacitado”, diz.

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No mesmo sentido, Emanuelle Nava Smaniotto, da Unisinos, opina que cada um deve levar em consideração suas próprias crenças para quaisquer tomadas de decisão, sem deixar de lado, entretanto, avaliações técnicas de cada área.

Quanto às finanças, os principais fatores que devem ser observados, no entendimento da especialista, é pensar na taxa de juros real, que são os juros nominais já com a inflação descontada.

“A inflação é a perda do valor do dinheiro, ou do poder de compra, ao longo do tempo. Sendo assim, de nada adianta a aplicação render 1% se a inflação do mesmo período é de 2%. Nesse cenário, você perde 2% e recupera apenas 1%, o que significa que seu patrimônio está diminuindo e não aumentando. Desta forma, o principal cuidado é acompanhar os índices de inflação, em especial o IPCA, e focar em aplicações financeiras que performem mais do que ele. Ainda, deve-se analisar a taxa Selic, balizadora para a maioria das aplicações de renda fixa”, orienta.

Já aqueles que querem investir na renda variável devem sempre acompanhar o Ibovespa, o mais importante indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3. Aqui, não significa que ao subir em um dia a ação vai continuar subindo nos outros. O que precisa ser feito é o acompanhamento de tendências.

“Principalmente para aqueles que estão iniciando no mundo dos investimentos, o principal, antes de se preocupar com estratégias de alocação, é buscar boas instituições financeiras ou corretoras de valores, formadas por profissionais credenciados e habilitados, para ajudar na escolha. Uma das grandes ilusões do mercado é a ideia de ganhar dinheiro fácil, o que faz com que muitas pessoas tenham experiências financeiras ruins. Por isso, um bom profissional é imprescindível para ajudar o investidor a conhecer as melhores opções de acordo com os seus objetivos, perfil e prazos”, complementa Gabriella.

Negócios das estrelas

A astrologia também tem se mostrado um terreno fértil para investidores. Recentemente, por exemplo, a startup norte-americana Sanctuary, que desenvolveu um aplicativo voltado a leituras de mapa astral e consultas com cartomantes, levantou US$ 3 milhões em financiamento. A rodada foi liderada pela BITKRAFT Ventures, acompanhada por investidores como KEC Ventures, Greycroft, Azure Capital Partners, Advancit Capital, Gaingels e Uncommon Denominator.

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A própria Priscila Lima de Charbonnières desenvolveu uma plataforma do gênero. Em 2019, ela fundou a Soulloop, que une tecnologia e conhecimentos dos campos de estudo da astrologia, psicologia e ioga, entre outras áreas correlatas, para conduzir os usuários por um caminho de transformação pessoal e construção de um mundo mais sustentável.

O objetivo da plataforma, diz Priscila, é capacitar os usuários para que possam desenvolver a autoconsciência para melhorar as suas vidas, relacionamentos, descobrir seus objetivos, enfim, buscar uma satisfação duradoura.

“O trabalho é realizado ampliando o autoconhecimento sobre as dimensões físicas, espirituais, mentais e intuicionais dos indivíduos. Os conteúdos apresentados pelo Soulloop integram diversas técnicas que buscam devolver aos usuários o conhecimento sobre cada uma dessas dimensões. Isso é feito, principalmente, por intermédio do reconhecimento de características como habilidades pessoais, traços da personalidade e padrões de alma”, finaliza a astróloga.

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