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Comportamento

A mulher precisa estar no centro das discussões ESG, dizem empresárias

Empresárias participaram do painel “Oportunidades ESG” no Young Women Summit 2022, que acontece em São Paulo

A mulher precisa estar no centro das discussões ESG, dizem empresárias
Foto: Pixabay
  • Pandemia mostrou a necessidade da diversidade e da tecnologia presentes em todos os níveis de uma empresa, porque os negócios que não conseguiram se adaptar fecharam as portas
  • Maria Eugênia Buosi, fundadora e CEO da Resultante ESG, vê evolução na participação de mulheres no mercado financeiro e em projetos de sustentabilidade
  • Empresárias disseram que, para uma evolução acontecer, as mulheres não devem “abaixar a cabeça” e aceitar o assédio

(Laís Adriana de Almeida, especial para o E-investidor) As mulheres são as mais afetadas no mundo pela crise climática, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Para Regina Magalhães, diretora de Sustentabilidade da América Latina na Johnson Controls, essa realidade deve ser o ponto de partida para incluir mulheres em discussões sobre mudanças climáticas e sustentabilidade. A diretora participou do painel “Oportunidades ESG” no Young Women Summit 2022, que aconteceu em São Paulo, nesta quarta-feira (29).

Magalhães explicou como a pandemia mostrou a necessidade da diversidade e da tecnologia presentes em todos os níveis de uma empresa, porque os negócios que não conseguiram se adaptar fecharam as portas. “É uma grande mudança que estamos vendo, por exemplo, nos conselhos empresariais. Antes eles eram grupos muito homogêneos, costumavam ser homens, acima dos 60 anos, com uma carreira de sucesso solidificada e compartilhando as mesmas visões. Mas a mudança precisa continuar”, afirmou.

Ao lado dela, participaram do debate Maria Eugênia Buosi, fundadora e CEO da Resultante ESG, Débora Oliveira, gerente-geral de tesouraria e relações com investidores na Votorantim, e, como mediadora, Ruth Walter, membro do conselho da CFA Society Brazil.

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Buosi vê uma evolução na participação de mulheres no mercado financeiro e em projetos de sustentabilidade. “Eu trabalhava na parte de operações financeiras de empresas e sempre ouvi dos meus chefes: ‘Isso é muito bonito, mas quero ganhar dinheiro’. Agora, nós, mulheres, temos uma voz relevante em conjunto”, relatou. A crença de que é possível gerir um negócio com bons resultados, sem esquecer o cuidado com a natureza, levou a executiva a fundar a consultoria Resultante ESG, em 2013.

Ela elencou o setor de papel e celulose como um dos mais avançados em políticas ESG (sigla que faz alusão a boas práticas nas áreas social, ambiental e de governança), devido à demanda por produtos mais sustentáveis. De acordo com a empresária, empresas que não possuem a certificação de manejo sustentável ganham menos ou precisam vender em mercados menores, menos exigentes. Buosi ainda destacou como o setor de construção ficou para trás e começou a se movimentar para entender como reduzir o impacto na natureza. “Sempre falo que sustentabilidade é um jeito de trabalhar, não um trabalho em si”, acrescentou.

Assédio

O painel também abordou a questão do assédio que mulheres enfrentam no mercado de trabalho. Gerente-geral na Votorantim, Débora Oliveira disse que ainda existe um longo caminho a ser percorrido. Oliveira é graduada em engenharia civil e, desde a faculdade, percebeu como a área era dominada pela presença de homens, algo que se refletia no mercado. “Nós nos masculinizávamos muito para poder trabalhar [nas obras], quando mudei para o mercado financeiro ainda era esse perfil. Hoje percebemos que o mercado precisa de diversidade para poder evoluir”, comentou.

Buosi e Magalhães acrescentaram que, para esta evolução acontecer, as mulheres não devem “abaixar a cabeça” e aceitar o assédio. As líderes acreditam que denunciar é necessário para construir um mundo melhor. “Não aceite o assédio. Tenha consciência de quais são os seus direitos como cidadã, como pessoa, como mulher. Nós sabemos que existem situações em que fica muito difícil denunciar, mas procure apoio. Não se deixe abalar por situações como essa”, aconselhou Regina Magalhães.

As três líderes fecharam o painel com recomendações para jovens interessadas em aprender sobre ESG. Os principais meios de aprendizado são jornais, revistas e outros veículos com editorias focadas no assunto, nos quais devem sair as atualizações mais recentes; cursos gratuitos oferecidos por universidades e instituições, como a B3; e mentores, pessoas que são referências ou inspirações para pedir ajuda, orientações ou tirar dúvidas sobre o assunto.

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