Comportamento

Pagamento de impostos com bitcoin: veja como funciona

O Rio de Janeiro deve se tornar a primeira cidade brasileira a aceitar bitcoin no pagamento de impostos

Pagamento de impostos com bitcoin: veja como funciona
Prefeitura do Rio de Janeiro se prepara para entrar no mundo das moedas digitais com plano audacioso. (Fonte: Shutterstock)
  • O Rio de Janeiro planeja dar desconto de 10% no IPTU de 2023 pago em bitcoins. Quem pagar o imposto em cota única terá 7% de abatimento.
  • Pagamento de imposto pode servir como "alfabetização" no mundo dos criptoativos para cidadãos, funcionários públicos e governo municipal.
  • Cidade também quer lançar criptomoeda própria, investir 1% do Tesouro municipal em ativos digitais, criar NFTs e atrair empresas do ecossistema financeiro descentralizado.

A prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) anunciou que pretende aceitar pagamentos do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) em bitcoins a partir de 2023. A medida faz parte de um audacioso plano para tornar a capital fluminense uma cidade “crypto-friendly”, ou seja, amigável ao universo de criptoativos.

“O Rio está se organizando de uma forma bem interessante para aproveitar o que a tecnologia blockchain oferece de bom”, avalia Leonardo Lima, professor de finanças e economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

O município pretende criar uma moeda digital própria, o Cripto Rio, desenvolver tokens não fungíveis (NFTs) para estimular a indústria criativa e aplicar 1% dos recursos do Tesouro municipal em criptoativos. A prefeitura também estuda incentivos fiscais para empresas do setor.

Como funciona o pagamento de impostos com bitcoin?

O estado de Ohio, nos Estados Unidos, e a província de Ontário, no Canadá, já aceitam pagamento de impostos com criptoativos. (Fonte: Shutterstock)
O estado de Ohio (EUA) e a província de Ontário (Canadá) já aceitam o pagamento de impostos com criptoativos. (Fonte: Shutterstock)

O pagamento de impostos com bitcoin não é muito diferente de outras transações com criptomoedas, em que o pagador transfere os recursos da carteira digital para o endereço de destino.

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Para incentivar os contribuintes, a prefeitura pretende conceder desconto de 10% no pagamento do IPTU com moedas digitais, sendo um abatimento superior aos 7% oferecidos para quem paga a cota única.

O dinheiro, por enquanto, não deve ir direto para a prefeitura. Como no Brasil ainda não existe um arcabouço jurídico que permita que órgãos públicos operem moedas digitais, uma empresa transformará o depósito de criptoativo em real, que é a única moeda legalmente permitida no País. “Isso elimina o risco de volatilidade do mercado cripto”, explica Lima.

A Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento do Rio está trabalhando para operacionalizar a possibilidade de pagamento do IPTU em criptoativos. O próximo passo será lançar um edital de credenciamento de empresas que farão essa conversão, mas ainda não há prazo para que isso aconteça.

Uma vez convertido, o recurso vai entrar na conta municipal: “É possível programar, em um contrato inteligente, a conversão automática do bitcoin no próprio real digital, quando ele estiver disponível”,  diz o especialista.

Efeitos da adoção do bitcoin no pagamento de impostos

A adoção do bitcoin como método de pagamento de IPTU no Rio de Janeiro deve gerar vários benefícios para o município, mas não necessariamente vai ter impacto direto para a melhoria da arrecadação, como reflete Lima. O principal efeito, porém, pode ser a iniciação no universo da blockchain: “Não só da população, mas da própria prefeitura e dos funcionários. É um aprendizado da gestão da pública e do cidadão”, afirma Lima.

A medida também contribui para a segurança das moedas digitas, segundo o especialista. Atualmente, as estimativas apontam a existência de 10 milhões de investidores brasileiros nesse mercado. “Quanto mais governos e pessoas adotam o uso do criptoativo, mais estável ele vai ficando”, argumenta o professor.

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Para trilhar esse caminho, a cidade do Rio se espelhou em Miami (EUA), que começou a dar os primeiros passos em 2016 e agora pode servir de inspiração. “Dando certo, o Rio deve servir de exemplo para outras cidades”, sugere Lima.

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