Comportamento

Conheça a nova aposta da joalheria Pandora: diamantes de laboratório

A joalheria anunciou que não usará mais diamantes de minas em suas peças, apenas os produzidos em laboratórios

Conheça a nova aposta da joalheria Pandora: diamantes de laboratório
Loja da joalheria Pandora (Foto: REUTERS/Ints Kalnins/File Photo)
  • Apesar de décadas de reformas, o mercado de joias continua a ser afetado por relatos de abusos de direitos humanos em minas e fábricas
  • A primeira coleção da joalheria dinamarquesa usando "diamantes limpos" será lançada no Reino Unido

(Christian Wienberg/WP Bloomberg)  – A Pandora, que fabrica mais joias do que qualquer outra empresa no mundo, não usará mais diamantes de minas, descartando mais uma matéria-prima contaminada por questões éticas.

A fabricante de joias acessíveis agora usará diamantes fabricados em laboratórios, depois de, no ano passado, dizer que deixaria de usar ouro e prata recém-extraídos. Mesmo que os diamantes extraídos só tenham chegado a cerca de 50 mil peças da Pandora no ano passado – de um total de cerca de 85 milhões de itens – a mudança reflete uma maior demanda por sustentabilidade.

A Pandora, sediada em Copenhague, disse na terça-feira que lançará sua primeira coleção usando pedras feitas em laboratório no Reino Unido e se voltará para outros mercados em 2022.

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“Para a geração do milênio, em particular, a consciência do que é um diamante criado em laboratório é significativamente maior do que para as gerações mais velhas, então é também uma questão de educação”, disse Alexander Lacik, CEO da Pandora, em entrevista por telefone. “Eles estão mais preocupados com os aspectos de sustentabilidade”.

Apesar de décadas de reformas, o mercado de joias continua a ser afetado por relatos de abusos de direitos humanos em minas e fábricas. Para lidar com essas preocupações, no ano passado a Tiffany & Co. começou a fornecer aos clientes detalhes sobre diamantes recém-adquiridos e registrados individualmente, os quais traçam o caminho de determinada pedra de volta até a mina. Varejistas e fabricantes de diamantes cultivados em laboratório proliferaram nos últimos anos, oferecendo pedras sustentáveis que também são mais acessíveis do que o tipo extraído.

As vendas globais de diamantes caíram 15% em 2020 devido a lockdowns, restrições de viagens e incertezas econômicas, de acordo com um relatório de pesquisa do Antwerp World Diamond Center e da Bain & Co. A produção de diamantes brutos despencou 20% em 2020 e os preços caíram 11%.

As vendas – e os preços – de diamantes se recuperaram este ano, com a De Beers vendendo mais de US$ 1,6 bilhão em diamantes brutos, o maior número desde 2018. De acordo com a De Beers, a maior empresa de diamantes do mundo, os jovens continuam leais às pedras minadas e representam cerca de dois terços da demanda global.

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Diamantes limpos

Os diamantes feitos em laboratório da Pandora são cultivados a partir de carbono, com mais de 60% de energia renovável, em média, uma proporção que deve aumentar para 100% no próximo ano.

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No ano passado, a promessa da Pandora de parar de depender de ouro e prata recém-extraídos em suas joias significa que, até 2025, toda a sua produção usará apenas metais preciosos reciclados, parte de um plano para fazer com que as operações sejam neutras em carbono dentro de quatro anos.

O relatório da Bain mostra que o mercado de pedras criadas em laboratório está registrando um crescimento de dois dígitos, com clientes mais jovens particularmente interessados em identificar produtores sustentáveis. O relatório também constatou que sustentabilidade, transparência e bem-estar social “são questões prioritárias” para consumidores e investidores.

Não são apenas os clientes que se concentram cada vez mais na sustentabilidade. A unidade de gestão de ativos da Nordea recentemente disse que planeja manter apenas títulos que estejam de acordo com os padrões ambientais, sociais e de governança em todas as suas carteiras.

A Pandora também enfatizou o preço como uma consideração por trás de sua decisão. As pedras feitas em laboratório custam cerca de um terço do preço das pedras extraídas, e a mudança deixará as joias com diamantes acessíveis a mais consumidores, disse a empresa.

“Fizemos muitas pesquisas em todo o mundo para garantir que essa proposta possa realmente atingir nossa base de clientes existente”, disse Lacik. “Eles realmente amam o fato de que deixamos os diamantes mais acessíveis”.

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Os diamantes feitos em laboratório terão as mesmas características físicas das pedras extraídas, disse a Pandora. A nova coleção terá anéis, pulseiras, colares e brincos, disse.

O foco da Pandora em métodos de produção sustentáveis coincidiu com um crescimento considerável em seu valor de mercado. Somente no ano passado, os acionistas da empresa viram o valor de seu investimento aumentar mais do que três vezes. E esta semana, a Pandora aumentou sua projeção de lucro para refletir um crescimento de vendas mais rápido do que o esperado.

As ações da empresa dinamarquesa subiram até 7% em Copenhague.

(Tradução de Renato Prelorentzou)

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