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Comportamento

Guerra de preços dos carros elétricos chega ao maior mercado do mundo

Montadoras fazem de tudo para conquistar clientes na China

Guerra de preços dos carros elétricos chega ao maior mercado do mundo
Interior de um veículo Tesla; na China, empresa baixou os preços pela segunda vez em três meses (Foto: Justin Sullivan/AFP)
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  • Mais de 40 montadoras aplicaram descontos nos preços de seus veículos elétricos e movidos a gasolina na China este ano
  • As vendas de automóveis na China caíram 13% nos três primeiros meses de 2023. As dos veículos tradicionais despencaram, enquanto o crescimento na venda dos modelos elétricos desacelerou
  • Algumas revendedoras estão oferecendo viagens ou frascos de perfume em troca de test drives

Uma guerra de preços acirrada eclodiu no maior mercado automobilístico do mundo.

Em uma semana de março, a joint venture chinesa da Volkswagen reduziu os preços de seu modelo de carro elétrico ID.3 em 18%. A Changan Automobile, uma das fabricantes de automóveis estatais da China, ofereceu cashbacks de US$ 3 mil, créditos para recarregar os carros de forma gratuita e outros incentivos para seus veículos elétricos. A BYD, a maior fabricante de carros elétricos do país, anunciou uma segunda rodada de remarcações em um mês para alguns de seus modelos mais antigos.

Em meio à queda nas vendas de automóveis, as marcas não estão poupando esforços para se manterem competitivas, oferecendo prêmios às concessionárias e descontos enormes. Mais de 40 montadoras aplicaram descontos nos preços de seus veículos elétricos e movidos a gasolina na China este ano. As reduções de preço chegaram a várias centenas de dólares para modelos mais baratos e dezenas de milhares de dólares para aqueles mais caros.

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“A intensidade deste ciclo de descontos é algo que nunca vi”, disse Tu Le, diretor-gerente da consultoria de Pequim Sino Auto Insights, que trabalha na indústria automotiva na China e nos Estados Unidos há 25 anos.

A concorrência de preços desestabilizou o que foi um pilar de força nos últimos anos, mesmo enquanto as medidas rigorosas de combate à pandemia abalavam a economia chinesa e prejudicavam os esforços do Partido Comunista da China no poder para transmitir confiança.

As vendas de automóveis na China caíram 13% nos três primeiros meses de 2023. As dos veículos tradicionais despencaram, enquanto o crescimento na venda dos modelos elétricos desacelerou, de acordo com a Associação Chinesa de Veículos para Transporte de Passageiros (CPCA, na sigla em inglês).

O mercado de veículos elétricos do país cresceu rapidamente desde 2020 – com as vendas dobrando no ano passado –, apoiado em parte por subsídios do governo. Quando esse programa expirou, em dezembro, depois de 13 anos, a concorrência se intensificou para atrair compradores num segmento já concorrido do mercado.

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Ao mesmo tempo, as montadoras tradicionais estão se esforçando para se desfazer do estoque de carros mais antigos antes das regras nacionais de emissões mais rígidas entrarem em vigor a partir de julho, dificultando a venda de veículos movidos a diesel e a gasolina.

Um mercado já agitado começou a espiralar em janeiro, quando a Tesla, empresa americana que fabrica veículos elétricos em Xangai, baixou os preços na China pela segunda vez em três meses. Outras montadoras sentiram a pressão para fazer o mesmo.

Este mês, Wang Chuanfu, presidente e CEO da BYD, propôs que o governo prorrogue as isenções fiscais, que reduzem o custo da compra de veículos elétricos, até 2025, em vez de deixá-las expirar este ano. E a Câmara de Comércio de Concessionárias de Automóveis da China publicou um artigo no mês passado pedindo um adiamento de seis meses das novas regras para emissões.

Os descontos não se limitam à China. A Tesla também baixou os preços nos Estados Unidos e na Europa, e seus concorrentes seguiram o exemplo. Mas a intensidade da concorrência reflete a realidade de que a China não é apenas o maior mercado de veículos elétricos, como também o mais competitivo.

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Montadoras nacionais consagradas e startups locais, apoiadas pelas políticas de Pequim que incentivam o crescimento dos chamados “veículos de energia nova”, inundaram o setor, atraídas por uma oportunidade única em gerações de inverter o equilíbrio de forças na indústria automobilística. De acordo com uma medição, existem cerca de 300 fabricantes nacionais de veículos elétricos em toda a China.

A Didi, empresa por trás do serviço líder de transporte por aplicativo no país, desenvolveu um carro elétrico com a BYD exclusivo para seus motoristas. A Xiaomi, fabricante de smartphones, disse que planeja lançar um carro elétrico no próximo ano. Até mesmo a Evergrande, a incorporadora imobiliária atribulada por problemas financeiros, estava desenvolvendo veículos elétricos, embora esses planos talvez estejam em risco devido às dívidas.

A China é o principal mercado de carros elétricos. Mais veículos desse tipo foram vendidos lá no ano passado do que no resto do mundo. As montadoras estrangeiras percebem uma necessidade urgente de conquistar espaço na China para ganhar experiência e escala de produção necessárias para competir globalmente.

Cui Dongshu, secretário-geral da CPCA, disse que a guerra de preços “continuará com certeza” devido à importância de produzir veículos elétricos em grandes quantidades.

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“No fim das contas, as empresas com poucas vendas ou tecnologia fraca serão facilmente extintas”, disse Cui.

As montadoras e as concessionárias agora estão fazendo todos os esforços possíveis para conquistar clientes. Algumas revendedoras estão oferecendo viagens ou frascos de perfume em troca de test drives, enquanto certas equipes de vendas impacientes estão indo até postos de recarga na esperança de conquistar motoristas de marcas da concorrência.

No mês passado, um pôster promocional de uma concessionária da Toyota na cidade de Shenzhen, no sul do país, deu o que falar na internet. Ele anunciava um sedã gratuito movido a gasolina na compra de um bz4x, o utilitário esportivo elétrico da empresa. Uma mulher que atendeu a um telefonema na concessionária disse que atualmente não havia tal oferta.

Kevin Yang, 29 anos, disse que visitou uma concessionária da Volkswagen em Chengdu no mês passado para dar uma olhada nos veículos elétricos. Ele ficou impressionado com a sensação de desespero entre os vendedores.

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Um deles ficou até bem depois do horário de trabalho para implorar a Yang que fizesse um test drive. Depois que Yang concordou em dar uma volta no carro, ele começou a receber ligações diárias do vendedor com ofertas de preços menores, caso estivesse disposto a voltar à concessionária. “A concorrência desenfreada está muito intensa agora”, disse Yang./ TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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