Após três anos de espera, a 2ª temporada de Round 6 já está disponível na Netflix. Com novos personagens, jogos e desafios, a série não só promete te fazer passar por um turbilhão de emoções enquanto torce pelos protagonistas, mas também faz refletir sobre a importância da educação financeira. Pensando nisso, o E-Investidor reuniu três lições financeiras para os investidores, segundo a história dos personagens.
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Round 6 é uma produção sul-coreana, criada pelo diretor Hwang Dong-hyuk. A série gira em torno de pessoas endividadas e sem saída para quitarem suas dívidas. Em contrapartida, um grupo de ricos sádicos financiam um jogo mortal, em que pessoas arriscam suas vidas jogando em troca de dinheiro. O prêmio final do jogo é de 45,6 bilhões de wons (moeda da Coreia).
Segundo a cotação atual, R$ 1 equivale a 238 wons – portanto, o prêmio seria de cerca de R$ 191 milhões. Contudo, o valor do prêmio inicia zerado e aumenta 100 milhões de wons conforme os participantes são eliminados (ou morrem). O jogo começa com 456 pessoas.
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Enquanto a 1ª temporada destacou personagens mais velhos, a 2ª traz o foco para a geração Z, mostrando jovens que acumulam dívidas por conta de investimentos mal sucedidos e apostas.
Segundo dados da pesquisa “O Futuro da Relação do Brasileiro com o Dinheiro e as Finanças”, divulgada pela Croma Consultoria, a geração Z relatou dificuldades financeiras. O estudo realizado em 2024 aponta que 47% desses jovens afirmam ter uma situação financeira “ruim ou muito ruim”. Já para os outros 36% o cenário é “regular” e apenas 16% dizem atravessar um momento “bom ou muito bom”. Veja a seguir três lições financeiras que Round 6 nos ensina:
Estude antes de investir
Na série, as pessoas endividadas são abordadas na rua por desconhecidos que apresentam o jogo como uma solução para seus problemas financeiros, sem revelar os riscos mortais envolvidos. Quem aceita a proposta recebe uma ligação com data, hora e local para o encontro. Na hora marcada, são recolhidas por um veículo, onde uma fumaça é liberada, fazendo-as adormecer. Ao acordarem, já estão no local onde os jogos acontecem. Sem lembrar como chegaram lá, os jogadores começam a questionar a seriedade da situação.
Logo em seguida, são contadas em um telão as dívidas de cada jogador. Entre eles, está Lee Myung-Gi (jogador 333), de 30 anos, criador do canal de YouTube “NZ Coin”. Em seus vídeos, ele incentivava as pessoas a investirem em uma criptomoeda que acabou despencando, resultando em perdas de 15,2 bilhões de wons para os seus seguidores. Após o fiasco, desativou o canal e desapareceu, mas ainda acumulou uma dívida pessoal de 1,8 bilhão de wons com instituições financeiras.
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Para sua surpresa, encontrou dois seguidores dentro do jogo: Thanos (jogador 230) e Nam-gyu (jogador 124). Quando questionado sobre o dinheiro perdido, o jogador 333 se defendeu dizendo: “Eu não obriguei ninguém a investir na criptomoeda”. E acrescenta que, no mundo dos investimentos, cada pessoa é responsável pelas suas decisões. Thanos, por exemplo, apostou todas as suas economias e acabou acumulando uma dívida de 1,19 bilhão de wons, refletindo o impacto negativo da falta de orientação financeira.
Para quem deseja começar a investir em criptomoedas, Nathalia Arcuri, CEO da Me Poupe!, aconselha acompanhar pessoas que tenham responsabilidade e que sejam especialistas no assunto. Além disso, também é fundamental entender qual é o projeto por trás daquela criptomoeda. Atualmente, o Bitcoin é a moeda mais transacionada no mundo. “E é importante lembrar que você não precisa de intermediários para comprar e vender Bitcoin. Basta utilizar uma corretora de criptomoedas, ou exchange. Inclusive, já existem muitas corretoras reguladas aqui no Brasil”, explica Arcuri. Contudo, é importante ter em mente que existe a volatilidade. Isso quer dizer que, ao investir em uma criptomoeda, mesmo que seja no Bitcoin, que é amplamente negociado e está em alta, ainda existe o risco de desvalorização ao longo do tempo. Por isso, a importância de se conhecer os riscos ao investir em um ativo.
Tome cuidado com apostas
Em meio ao caos dos jogos, dois personagens se destacaram e conquistaram o público com seus momentos engraçados e emocionantes: Yong-sik (jogador 007) e Geum-ja (jogadora 149). Sem contar um para o outro, mãe e filho entram no jogo para quitar as dívidas de Yong, viciado em apostas.
De acordo com a pesquisa “Panorama Político 2024: Apostas esportivas, golpes digitais e endividamento”, publicada pelo Instituto DataSenado, 13% dos brasileiros com 16 anos ou mais (22,13 milhões) declararam ter participado de “bets” nos últimos 30 dias.
- Apostas esportivas podem ameaçar saúde financeira; veja como apostar de maneira saudável
O planejador financeiro CFP®, Leonardo Rezende, conta que a maioria de seus clientes não busca por um planejamento financeiro a longo prazo e procura retornos instantâneos irreais. O profissional faz um paralelo com a cultura atual de consumir conteúdos rápidos por meio de vídeos curtos no Instagram e TikTok: “Isso acaba refletindo no comportamento das pessoas. Essa questão da recompensa rápida vale para as apostas. Existe a opção de ganhar, mas as probabilidades são mínimas”.
Por outro lado, Ana Paula Hornos, psicóloga clínica, autora e comunicadora, colunista do E-Investidor, explica que as apostas ativam um mecanismo emocional poderoso, combinando esperança de ganho rápido, excitação e a ilusão de controle. Apesar da consciência dos riscos, muitos apostam para tentar aliviar a pressão financeira, escapar de problemas ou buscar uma sensação de vitória. Porém, esse ciclo tende a aprofundar o problema, criando uma dependência perigosa.
Respeite o seu orçamento
Na 1° temporada, o primeiro jogo foi “Batatinha frita 1-2-3”. Para saírem vivos, os jogadores só podiam andar enquanto uma boneca gigante falasse “Batatinha frita 1-2-3” . Quando ela parasse, ninguém poderia se mexer – caso contrário, seria executado.
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Após a dinâmica, os participantes ficaram assustados, já que ainda não tinham conhecimento das consequências e tiveram direito a uma votação. Caso a maioria desejasse encerrar o jogo, eles poderiam voltar para casa. Contudo, o prêmio acumulado até esse momento seria enviado para as famílias dos jogadores que morreram.
Já na 2° temporada, após o primeiro jogo, os jogadores são informados que, sempre aos finais dos jogos, eles poderão votar para encerrar a dinâmica, mas o prêmio acumulado até o momento será dividido entre eles.
Em um primeiro momento, pode até parecer mais justo, mas o que os personagens revelam na série é um excesso de confiança por causa da ganância. A maioria não quer encerrar o jogo com a justificativa de “só mais um jogo e depois vamos para casa”. Isso porque, como o prêmio será dividido entre os participantes, eles nunca acham que é o suficiente.
Como no Round 6, o mesmo vale para os investimentos. Rezende faz uma comparação com pessoas que decidem mergulhar na Bolsa de Valores sem uma orientação profissional: “Comprar e vender ações dentro do mercado financeiro envolve despesas consideráveis, afinal toda transação inclui uma taxa embutida cobrada pela corretora que realiza a operação”, ressalta. “Há pessoas que ganham dinheiro comprando e vendendo ações diariamente, como o day trade, mas muitas vezes não têm o conhecimento necessário. Realizar inúmeras transações durante o dia gera um custo elevado e às vezes o lucro obtido, não supre os gastos com as operações”, completa o planejador financeiro.
