- O saque-aniversário do FGTS está disponível aos trabalhadores com carteira assinada desde 2020
- Segundo relatório da Inter Research, com base nos dados da Caixa, o volume total do saque desta modalidade cresceu 188% em dois anos
- A opção também permite ao trabalhador uma linha de crédito com taxas de juros mais acessíveis do que as de empréstimo pessoal não consignado e de rotativo de cartão
A adesão ao saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) cresceu 170% em apenas dois anos, segundo relatório do Inter Research, produzido com base nos dados da Caixa Econômica Federal. Esse aumento expressivo mostra que o dinheiro extra, disponibilizado no mês de aniversário do trabalhador, ajuda na organização financeira dos brasileiros, desde o pagamento de dívida a aplicações em investimento. No entanto, vale lembrar que essa escolha precisa ser feita com planejamento.
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Ainda de acordo com o Inter, em 2020, cerca de 8,5 mil trabalhadores escolheram a opção para receber um percentual do seu saldo do FGTS no mês de aniversário. Dois anos depois, esse número saltou para 22,9 mil. Já em relação ao volume total sacado, os trabalhadores receberam R$ 9,8 milhões em 2020, enquanto em 2022, esse montante saltou para R$ 28,3 milhões. Essa diferença representa um aumento de 188% durante o mesmo período.
A modalidade está disponível aos trabalhadores com carteira assinada desde 2020. E quando foi lançado, o engenheiro mecatrônico Eric Porfírio viu a oportunidade de alinhar os recursos do seu FGTS aos seus objetivos financeiros. Uma parte do valor é aplicado todos os anos na sua carteira de investimentos voltada para a aposentadoria.
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“O rendimento é mínimo. Não consegue nem entregar a inflação. Também aderi para ter um controle maior do meu dinheiro porque posso escolher onde aplicar esse recurso, de preferência, que tenha um rendimento acima da inflação”, afirma. O restante costuma ser utilizado para reforçar o seu orçamento, seja para o pagamento de dívidas ou para a compra de algum bem material.
De acordo com Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, a estratégia pode ser interessante a partir do momento que se observa o rendimento do FGTS em comparação a outros investimentos de renda fixa. Atualmente, a rentabilidade do fundo corresponde a 3% ao ano mais a variação da taxa referencial (TR). “A rentabilidade do fundo empata com a inflação e perde para a Selic no acumulado dos últimos 5 anos. No acumulado desde 2017, o FGTS teve rendimento de 38%, contra 50% da Selic no período”, afirma Vitória.
A análise mostra que, se considerarmos a continuidade de um cenário de alta dos juros nos próximos anos, será mais vantajoso ao trabalhador aderir ao saque aniversário e aplicar os recursos em outros investimentos, como tesouro Selic. Além disso, caso o trabalhador tenha alguma pendência financeira, o saque pode ajudar na organização financeira e eliminar os débitos que estiverem em aberto.
No entanto, Fernando Bueno, especialista de investimentos da Ágora, alerta para os riscos ao adotar essa decisão. A primeira delas se refere ao prazo mínimo para a mudança de modalidade. Ao adotar o saque-aniversário, o trabalhador só poderá voltar para a opção saque-rescisão após dois anos de mudança. “Ao ser demitida durante a vigência do saque-aniversário, o trabalhador não tem direito ao saque de todo o saldo do FGTS”, diz.
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A modalidade também permite o acesso a linha de crédito com taxas mais atrativas. Enquanto a taxa média de juros da antecipação do saque-aniversário fica em torno de 1,8% ao mês, os juros de empréstimo pessoal não consignado ficam na faixa de 7% ao mês, de acordo com os dados do Banco Central. Ao olhar para o rotativo do cartão de crédito, o porcentual salta para 30% ao mês. “O trabalhador tem acesso a uma linha de financiamento com custo bem menor, reduzindo seu comprometimento de renda”, ressalta Vitória.
Para 2023, as estimativas da economista-chefe do Inter Research apontam para um crescimento de 15% no volume total dos recursos do saque-aniversário.
