- Para quem pretende viajar de carro no feriado de Corpus Christi, que ocorre na próxima quinta-feira (8), a notícia é um pouco desanimadora
- A partir do dia 1 de junho, os preços da gasolina passaram a incorporar uma cobrança fixa de R$ 1,22 referente ao Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
- Entretanto, isto não significa que fazer a troca pelo abastecimento com álcool (etanol) seja um bom negócio. Fatores como região em que se mora e rendimento dos combustíveis devem ser levados em consideração
Para quem pretende viajar de carro no feriado de Corpus Christi, que ocorre na próxima quinta-feira (8), a notícia é um pouco desanimadora. A partir do dia 1.º de junho, os preços da gasolina passaram a incorporar uma cobrança fixa de R$ 1,22 referente ao Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Antes, a taxa era variável, entre 17% e 23%, e definida individualmente por cada Estado.
Na prática, a mudança deve deixar a gasolina mais cara em quase todo o Brasil. Segundo o Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade, parceria entre Veloe e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), já no primeiro dia após a alteração no ICMS, o preço do combustível subiu em média R$ 0,09 no País.
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Entretanto, isto não significa que fazer a troca pelo abastecimento com álcool (etanol) seja um bom negócio. De acordo com Andre Braz, coordenador dos índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), é preciso levar em consideração alguns fatores importantes, como os custos em diferentes regiões e o rendimento dos combustíveis.
“O preço da gasolina e do álcool oscila muito nas grandes cidades. Em São Paulo, por exemplo, na maior parte do tempo é mais vantajoso abastecer com etanol. Já no Rio de Janeiro, na maior parte do tempo é mais vantajoso usar gasolina ou até gás natural”, afirma Braz.
Como calcular o custo-benefício
A maneira mais assertiva para calcular qual é o melhor custo-benefício entre gasolina e álcool na sua região é fazendo um cálculo simples: o preço por litro do etanol não deve exceder 70% do preço da gasolina. Por exemplo, se o preço da gasolina for de R$ 5, para sair mais vantajoso, o preço por litro do álcool não deve ultrapassar os R$ 3,50 (70% de R$ 5 ou R$ 5 multiplicado por 0,7).
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Isto porque os carros flex geralmente consomem 30% mais álcool do que gasolina. Logo, o tanque esvazia mais rápido em comparação a outras fontes – um dos motivos pelos quais esse combustível não costuma não ser mais vantajoso, mesmo com preços nominalmente mais “baixos”.
Essa situação fica bastante clara quando comparados os preços médios do álcool e da gasolina com o Indicador de Custo-Benefício Flex, produzido pela Veloe em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os preços médios da gasolina e do álcool no Brasil entre 28 de maio e 3 de junho eram de R$ 5,21 e R$ 3,77, respectivamente.
Ainda assim, o Indicador Custo-Benefício Flex do mês passado apontava que abastecer com álcool em vez de gasolina era mais vantajoso apenas no Mato Grosso (MT). Em outros cinco Estados, abastecer com gasolina ou álcool era indiferente (Amazonas, Distrito Federal, São Paulo e Goiás), e em todos os outros, colocar gasolina pesava menos no bolso.
Agora, com o aumento dos preços da gasolina em função da cobrança fixa de ICMS, pode ser que o etanol ganhe um pouco mais de espaço. Ainda assim, é difícil cravar. “Como cada Estado possuía um cenário diferente para a relação entre gasolina e etanol, as análises de custo benefício (e os impactos do ICMS) serão distintos de acordo com cada recorte geográfico”, afirma a Fipe.
Dicas para economizar
Para quem não tem carro flex, há outras dicas para economizar combustível no dia a dia. Uma delas é pesquisar entre postos confiáveis, de bandeiras conhecidas, aqueles que têm preços mais competitivos. O segundo ponto é fazer o uso inteligente do automóvel, ou seja, sempre que possível, deixar o carro em casa – principalmente em momentos de alta nos preços.
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“O consumidor tem mais força do que imagina. Em geral, as pessoas acham que o dono do posto e a Petrobras mandam no mercado, mas não é bem assim. Se o consumidor também diminuir sua demanda por combustíveis, o preço ajusta para baixo. Sem consumidor, a estrutura não se sustenta”, afirma Braz, coordenador dos índices de preços do FGV. “Se todos os motoristas que tivessem condições, deixassem o carro na garagem um dia que seja, ajudaria muito a impedir aumentos abusivos.”
Estar com a manutenção do carro em dia também pode evitar consumo excessivo de combustível, seja ele gasolina ou etanol. Além disso, o condutor deve evitar “grandes arrancadas” ou freadas com o veículo, que gastam mais o combustível.