- Na avaliação de analistas, o fraco desempenho das últimas semanas tem relação com o cenário macroeconômico
- Mesmo com o desempenho de queda, os analistas avaliam que o movimento trata-se de uma oscilação de curto prazo
O movimento de recuperação do bitcoin (BTC) perdeu força nas últimas semanas diante das incertezas com o cenário macroeconômico. No dia 15 de agosto, a maior criptomoeda em valor de mercado estava sendo negociada entre US$ 29 mil e US$ 30 mil, os maiores patamares de preço registrados neste ano. Após essa data, entrou em uma sequência de quedas até chegar no patamar atual de US$ 26 mil. O fraco desempenho resultou em uma desvalorização de 12,6% entre 15 e 28 de agosto e trouxe uma dúvida para os investidores: o BTC segue atrativo?
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Segundo Vinícius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research, a oscilação negativa dos preços se deve a um conjunto de fatores relacionados ao cenário macroeconômico. Um deles, o pedido de falência da Evergrande Group, em agosto, que trouxe incertezas para o mercado global, pois o setor imobiliário chinês é um dos responsáveis pela expansão econômica da China.
A informação de que a SpaceX, de Elon Musk, pode ter vendido R$ 1,8 bilhão em bitcoin também influenciou na queda dos preços. A notícia foi divulgada pelo Wall Street Journal, que teve acesso ao balanço patrimonial da companhia e assustou os investidores ao avaliar a decisão como um sinal de que o BTC pode ter se tornado um investimento ruim. “Quando juntamos essas duas notícias mais o movimento de baixa volatilidade nos últimos dois meses, tivemos um efeito de liquidações (venda) em “cascata” até chegar no patamar de preço atual”, diz Bazan.
A ausência de uma melhora no cenário macroeconômico também contribuiu para que a queda seguisse de forma acentuada. No entanto, a boa notícia é que os recentes eventos não afetaram os fundamentos de investimento para o BTC. Os especialistas ressaltam que a moeda continua sendo atrativa para quem busca retornos no longo prazo. “Estamos nos aproximando do próximo halving, previsto para abril de 2024. Este é um evento crucial nos ciclos do bitcoin, frequentemente associado a períodos de valorização”, diz Fabricio Tota, diretor de Novos Negócios do MB.
Decisão nos EUA
Além disso tudo, o mercado aguardava o resultado da análise da Securities and Exchange Commission (SEC), órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira, em relação aos pedidos de ETF de bitcoin à vista nos Estados Unidos. A BlackRock, maior gestora de ativos e de investimentos do mundo, é uma das empresas interessadas nesta aprovação, já que entrou com um pedido em junho deste ano para utilizar o bitcoin à vista como seu fundo de índice (ETF, na sigla em inglês).
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A expectativa era de que a criptomoeda pudesse passar por uma alta consistente em caso de uma decisão da Justiça americana a favor do mercado de criptoativos, já que o instrumento vai representar uma entrada de capital de investidores institucionais no mercado. Na tarde desta terça-feira (29) uma decisão, enfim, acabou ocorrendo. A Justiça nos EUA julgou que a SEC agiu de maneira arbitrária. Assim, na tarde desta terça-feira, o BTC subia mais de 6%, chegando próximo aos US$ 28 mil.
Janela de oportunidade
A recente queda verificada em agosto abriu janelas de oportunidades, na avaliação de especialistas, para os investidores da criptomoeda com horizonte de longo prazo. “Para 2024 e 2025, a perspectiva de que o bitcoin deve se valorizar continua diante da esteira do acontecimento do halving e da melhora do cenário econômico”, afirma Bazan.
Vale lembrar que, ao contrário de 2022, quando o mercado de criptomoedas sofreu duas grandes crises (a quebra da corretora FTX e o colapso do ecossistema Terra Luna), o BTC ainda seguia sustentando – antes da novidade de hoje, vindo da Justiça dos EUA – uma valorização de 44,27% no acumulado do ano, desempenho bem acima de outros investimentos. Durante o mesmo período, o índice Nasdaq acumulou alta de 30,9%, enquanto o Ibovespa subia apenas 6,78%.
* Com informações do Broadcast