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Educação Financeira

Como usar o 13º salário para pagar dívidas?

Especialistas ouvidos pelo E-Investidor explicam como se planejar para negociar dívidas usando o benefício

Como usar o 13º salário para pagar dívidas?
13º pode ajudar a pagar dívidas, mas planejamento e negociação são fundamentais para ter êxito (Foto: Pixabay)
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  • Para Carol Stange, educadora em finanças pessoais, o momento atual é desafiador porque, com o nível de endividamento subindo, as famílias vão ter que encontrar formas de conseguir mais dinheiro, porque já não existem mais “pontas” para cortar no orçamento
  • Antes de qualquer tomada de decisão, a educadora sugere reunir todas as dívidas em um único documento, com nome, valor acumulado com juros, valor para quitação, se está em atraso ou não e qual o risco de perda de patrimônio
  • Na segunda-feira, 29, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostrou que a proporção de brasileiros com dívidas a vencer alcançou 75,6% em novembro, uma alta de 1 ponto percentual (p.p.) em relação a outubro e de 9,6 p.p. ante novembro do ano passado

Termina nesta terça-feira, 30, o prazo legal para o pagamento da primeira parcela do 13º salário de trabalhadores do mercado formal de todo o País. A segunda parcela do benefício, por sua vez, deverá ser paga até o dia 20 de dezembro. Como o endividamento tem crescido entre os brasileiros, será que vale a pena usar os recursos para pagar dívidas? Especialistas dizem que sim, mas não sem um bom planejamento.

O pagamento do 13º, como de costume, gera uma expectativa de maior consumo, devido às festas de final do ano, como Natal e Réveillon. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), até dezembro de 2021, o pagamento do benefício poderá injetar cerca de R$ 232,6 bilhões na economia brasileira. A estimativa é de que cerca de 83 milhões de brasileiros terão um rendimento adicional de R$ 2.539, em média.

Além da expectativa de consumo, existe um pano de fundo que aponta para um cenário preocupante: o aumento do endividamento. Na segunda-feira, 29, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostrou que a proporção de brasileiros com dívidas a vencer alcançou 75,6% em novembro, uma alta de 1 ponto percentual (p.p.) em relação a outubro e de 9,6 p.p. ante novembro do ano passado. Os dados constam da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic)

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A chegada de novos recursos à conta bancária pode ajudar a melhorar esse cenário, mas é preciso um bom planejamento de quitação das dívidas, na avaliação de especialistas ouvidos pelo E-Investidor.

Identificar e organizar as dívidas

Para Carol Stange, educadora em finanças pessoais, o momento atual é desafiador porque, com o nível de endividamento subindo, as famílias vão ter que encontrar formas de conseguir mais dinheiro, porque já não existem mais “pontas” para cortar no orçamento.

O 13º pode ser um aliado, mas, mais importante, segundo Stange, é ter noção de toda a situação relacionada aos débitos. “Se não entender por que entrou nas dívidas, qual é a origem, e se não readequar o orçamento familiar para a nova realidade, o 13º vai resolver por um prazo específico. É como se a pessoa tomasse o remédio para tirar o sintoma, mas não tratasse a doença”, compara Stange.

Antes de qualquer tomada de decisão, a educadora sugere reunir todas as dívidas em um único documento, com nome, valor acumulado com juros, valor para quitação, se está em atraso ou não e qual o risco de perda de patrimônio.

Outro detalhe que a educadora destaca é o Custo Efetivo Total (CET) de uma dívida. Esse indicador mostra para todas as taxas que serão cobradas e não só a taxa de juros, que, isoladamente, pode parecer pequena.

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Outro passo importante que merece uma atenção é a negociação, que pode ser um “ponto-chave” para melhor se utilizar dos recursos para o pagamento de débitos, explica Alfredo Bravo, professor da FGV e consultor com mais de 25 anos de experiência em negociação. “A negociação tem três pilares: preparação, comunicação e credibilidade. Os três são interdependentes, porque se você se prepara bem, você se comunica bem e passa credibilidade”, explica Bravo.

Além disso, o professor explica que quando uma pessoa consegue passar credibilidade no processo, há mais facilidade de colocar na mesa uma abordagem de acordo mais cooperativa do que competitiva. “A primeira abordagem se refere às duas partes contra o problema. A segunda se trata de uma parte contra a outra. A cooperativa é muito mais fácil. A competitiva só funciona quando você tem mais poder em relação a outra parte”, distingue Bravo.

Para fazer uma boa preparação antes de iniciar uma negociação, Bravo desenvolveu uma metodologia de sete passos, junto com Glauco Cavalcanti, também professor da FGV e sócio fundador da GC-5 Negotiation Solutions.

Em janeiro, será lançado o livro “Negociação 7.0″, que trata da metodologia. Mas ela já pode ser utilizada por qualquer pessoa por meio do aplicativo “Negociação 7.0”, disponível na Apple Store e Google Play, gratuito por 30 dias. “O app gera um relatório de apoio à negociação, produzido a partir dos sete passos que a pessoa preencheu”, explica o professor.

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Os sete passos da metodologia:

  1. Objeto: é o escopo da negociação, ou seja, é o que será negociado.
  2. Objetivos: aquilo que o negociador quer e quais são as exigências que vai fazer na mesa de negociação, diante da sua posição na tratativa.
  3. Interesse: entender quais as necessidades genuínas das duas partes, para entender o que é o necessário para atender as necessidades de ambas.
  4. Macma (Melhor Alternativa em Caso de Não Acordo): significa o que a pessoa fará se o acordo em questão não for concretizado.
  5. Moedas de troca: pode ser o preço, desconto, forma de pagamento, prazo de entrega, garantia estendida, serviços adicionais, entre outras. Essas “moedas” são usadas principalmente na etapa final de encerramento do acordo.
  6. Campo de negociação: refere-se à elasticidade, de cada moeda de troca, ou o quanto se pode ceder ou “apertar” no acordo.
  7. Argumentos: é o que se utiliza para defender os seis elementos anteriores. Estes tendem a ser mais fortes quando estão embasados em critérios objetivos, tais como: valores de mercado, precedentes, custos, questões legais, pesquisas, entre outros.

 

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