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Educação Financeira

As ações com altas de até 600% e que você deve ter cuidado ao investir

A “campeã” em valorização de 2023 é a Cedro (CEDO4), companhia têxtil centenária que subiu quase 600% no ano

As ações com altas de até 600% e que você deve ter cuidado ao investir
Ações com pouca análise terão menos escrutínio sobre seus resultados financeiros. (Imagem de jcomp no Freepik)
  • Levantamento mostra quais são as 19 ações da B3 que mais sobem em 2023, com altas acumuladas acima dos 100%
  • Entre elas, há 9 empresas que estão fora do radar do mercado e sequer possuem cobertura de analistas; um investimento que pode ser arriscado, segundo especialistas
  • Veja o que precisa ser avaliado antes de investir em uma ação "desconhecida"

Investidores costumam ficar atentos no final do ano ao desempenho acumulado pelas ações ao longo dos meses. Afinal, quando falamos de investimentos na Bolsa, uma das estratégias mais comuns determina encontrar bons ativos na baixa e torcer para vê-los brilhar e aumentar a rentabilidade da carteira. Mas as valorizações anuais podem esconder algumas armadilhas, especialmente se a empresa em questão não está no radar do mercado.

Um levantamento feito pela Economatica mostra que 19 ações da B3 têm altas superiores a 100% em 2023; os dados mostram o desempenho acumulado entre 02 de janeiro e 18 de dezembro. No entanto, nove delas são papéis que não têm cobertura de analistas. Veja quais são eles:

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A “campeã” em valorização de 2023 é a Cedro (CEDO4), uma companhia têxtil centenária que subiu mais de 500% no acumulado do ano. Como contamos nesta reportagem, sem a cobertura de analistas que acompanham o papel diretamente, fica difícil explicar o porquê da valorização expressiva. E o mesmo ocorre com as outras ações, como Atmasa (ATMP3) e Minupar (MNPR3).

“Tais empresas, no geral, tratam-se majoritariamente de small caps (companhias consideradas pequenas quando comparadas com as demais na Bolsa) que vinham sofrendo nos anos de 2021 e 2022 devido à alta de juros e agora veem uma reversão desse desempenho”, explica Carlos André Marinho Vieira, analista-chefe do TC.

Um outro ponto que pode ter influenciado a performance desses ativos no ano é a baixa liquidez. As ações da Const A Lind (CALI3), por exemplo, tiveram um volume médio diário de apenas R$ 1 mil nos últimos três meses. Em termos de comparação, a Yduqs (YDUQ3), a ação do Ibovespa de maior de alta anual, teve um volume médio diário de R$ 94,9 milhões.

Essa falta de liquidez torna o investimento nesses ativos mais arriscado do que em ações de organizações maiores, explica Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital. “Algumas passam dias sem negociação, de forma que o investidor que quiser se desfazer do papel pode ter dificuldade de venda. Esse é um ponto importante, valor de capitalização de mercado e dados de negociação média diária, por exemplo, para entender a disposição a entrar em um investimento que pode ter sua saída dificultada.”

Entendendo os riscos

Investir em ações que não são acompanhadas de perto pelo mercado nem contam com cobertura de analistas pode ser um movimento arriscado, especialmente para aqueles investidores com menos domínio da área. Afinal, um papel com pouca análise terá menos escrutínio sobre seus balanços e resultados financeiros – podendo deixar de fora das cotações números positivos, mas também deixando passar problemas sem muita atenção.

“A falta de informação e análise pode dificultar a avaliação dos potenciais retornos e riscos associados a uma ação. O jeito é colocar a ‘mão na massa’ e ir em busca de informações”, diz Anderson Silva, head de Renda Variável e sócio da GT Capital.  O especialista elenca alguns pontos que precisam ser analisados na hora de ponderar sobre o investimento nas ações “desconhecidas”: saúde financeira da empresa, modelo de negócios e gestão, setor e concorrência, perspectivas futuras, notícias recentes, eventuais problemas jurídicos.

Para tornar o aporte menos arriscado, o ideal é que o investidor consiga fazer por si próprio uma análise detalhada da companhia para entender como estão as receitas e as despesas, se o negócio se sustenta a longo prazo e se há vantagens competitivas em relação aos pares. “Verifique a qualidade e a regularidade das informações divulgadas pela empresa. Empresas transparentes e que divulgam informações de forma consistente são geralmente mais confiáveis”, explica Silva.

A avaliação financeira também é importante, especialmente se o papel tiver subido muito recentemente. Nesse caso, é preciso acompanhar métricas como preço/lucro (P/L), preço/vendas e retorno sobre o patrimônio líquido com empresas semelhantes no setor. “Mesmo que não haja muita cobertura, procure fóruns financeiros e comunidades online para obter opiniões de outros investidores. No entanto, leve em consideração que as considerações colhidas podem estar enviesadas”, ressalta o head da GT Capital.

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