- Além de investidores que buscam leilões para aumentar a rentabilidade da venda de itens, participantes também buscam pela opção para baratear gastos com bens pessoais
- Celulares, carros e imóveis são alguns dos itens procurados pelos brasileiros para reduzir gastos
- Quem deseja adquirir mercadorias deve se atentar a gastos adicionais, como transporte de mercadorias, taxas e impostos
Rafael Daguano arrematou neste ano o seu primeiro lote em um leilão da Receita Federal: três celulares e um gimbal, um tipo de estabilizador de imagens para câmeras. O trabalhador autônomo que buscou essa opção por conta da economia conseguiu um desconto de aproximadamente 30% (ou R$ 1.800) comparado ao que gastaria no mercado pelo conjunto de itens.
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Além de buscar compreender como funcionavam os leilões da Receita, o jornalista fez uma consulta pelo mercado para saber qual seria o limite máximo de lance que deveria dar. Fechou em um valor próximo a R$ 3.600 após consultar os menores preços disponíveis em lojas online.
Uma das referências de informação para Daguano foi Eduardo Campos (ou apenas Edu Campos), jornalista que deixou as redações para produzir conteúdo informativo acerca do mercado de leilões. “Eu abandonei a TV porque o negócio ficou tão grande e tem tanta, mas tanta gente querendo aprender ou querendo comprar e não rasgar o dinheiro, que eu só me dedico a isso agora”, diz Edu Campos, dono do canal “Tudo Leilão” no Youtube.
Edu conta estar recebendo cada vez mais relatos, em suas plataformas digitais, sobre pessoas entusiasmadas com o universo de leilões. Além dos lojistas e investidores, tradicionais compradores de leilão que revendem os produtos arrematados e pessoas que apenas querem reduzir os seus gastos também vêm se aventurando neste universo.
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“A quantidade de gente que está indo para leilão, tanto consumidor final quanto aquele que quer comprar para revender e levantar uma renda extra, é uma coisa absurda. Eu tenho grupos de quarenta mil pessoas que só compram em leilão”, aponta Edu.
Economia
O ex-repórter de televisão está nos dois times: de revendedores e de compradores para uso pessoal. Apaixonado por carros e ciclismo, ele usa negociações de veículos comprados em leilão para conseguir lucros, mas também compra suas bicicletas de triatlo da mesma forma. “Em vez de pagar R$ 10 mil em uma bicicleta na loja, eu posso comprar por R$ 8 mil em leilão”, conta.
Seu próprio carro, uma Evoque Pure 2015, foi arrematado por R$ 51 mil, veículo que custa R$ 124,9 mil na Tabela Fipe hoje. O automóvel estava danificado e o custo na oficina ficou em R$ 2 mil – o influenciador recomenda aos seus seguidores que façam avaliação do custo do carro e do tipo de manutenção que será necessária antes de darem seus lances.
“Você pode comprar esse carro da seguradora e compra a peça de desmonte, legalizado, com nota fiscal”, explica. O tipo mais comum de leilão de automóveis é o de seguradoras, que colocam veículos danificados na praça. Também existem os leilões de banco, cujos veículos financiados pela instituição são retomados de clientes inadimplentes, e leilões administrativos e judiciais.
No setor imobiliário, queridinho dos investidores de leilão, também existem possibilidades para aqueles que desejam residir na propriedade. É o caso de Paulo, corretor de seguros que caiu de paraquedas no mundo dos leilões a partir de um folheto da empresa VIP Leilões para um apartamento.
Já com a intenção de se mudar de residência, Paulo levou o apartamento com um desconto de aproximadamente R$ 350 mil em comparação ao preço de mercado — 40% de redução em relação a outro apartamento do prédio, localizado na zona norte de São Paulo.
Associado ao gasto com a compra, o corretor também precisou fazer uma reforma no imóvel — despesa muitas vezes necessária, já que se tratam de imóveis usados. Ainda assim, o investimento compensava em comparação a outras propriedade. “Lá no prédio, quando eu paguei R$ 840 mil já com a taxa do leilão, havia apartamentos à venda por R$ 1,2 milhão a R$ 1,3 milhão, e ambos precisavam da mesma reforma”, explica.
Dicas para comprar em leilões
Mesmo com bons descontos, comprar bens em leilões envolve a análise de alguns fatores, como custos adicionais. A conta feita por Rafael Daguano para chegar ao lance máximo que faria no leilão da Receita passou por uma recomendável pesquisa de custo no mercado tradicional.
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Nessa modalidade, são colocados na praça itens dos mais diversos tipos, abandonados ou apreendidos pela instituição. Produtos eletrônicos, roupas e produtos de baixo custo são ofertados em lotes da Receita.
Por essa razão, muitas vezes se torna impossível comprar apenas o que precisa. Daguano, por exemplo, desejava apenas um aparelho celular, e não três. O jornalista se arranjou com familiares que também necessitavam de um novo telefone para dividir a compra que incluiu a taxa do leiloeiro de 5%. .
Além disso, foi necessário fazer alguma matemática e um esquema logístico. Os leilões ocorrem por todo o Brasil e quem adquire a mercadoria fica responsável por retirá-la. No caso de Daguano, a compra ocorreu em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, distante cerca de 430 quilômetros da capital do Estado, onde ele mora.
Para conseguir recebê-lo em Campo grande, o jornalista precisou emitir uma procuração para um conhecido na cidade sul-matogrossense, que enviou a mercadoria pelos Correios. Se não fosse o amigo, Daguano teria viajado para buscar os produtos. “A despensa de deslocamento eu coloquei na ponta do lápis também”, adiciona. Para veículos, ainda podem incorrer gastos associados com a taxa do pátio em que o carro fica estacionado até o dono buscá-lo.
Impostos
Imóveis e carros podem também necessitar de reformas e reparos e estarão sujeitos ao pagamento de tributos como o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ou o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
Além disso, o acompanhamento de um advogado é sempre recomendado — em especial para imóveis. Além de conferir o edital e verificar todo o andamento da documentação, esse profissional pode auxiliar com eventuais processos de despejo nos casos de leilões judiciais. Vale sempre reforçar a indicação de uma boa análise da descrição dos itens do leilão, sejam eles lotes da Receita Federal ou imóveis.