- Pix é um novo serviço de pagamento instantâneo com custo zero para os clientes
- Novidade será lançada para toda a população no dia 16 de novembro
- Na visão de especialistas, tecnologia vai ser um divisor de águas para o mercado de pagamentos
Leia também
O dia 16 de novembro de 2020 representou um marco na forma de realizar pagamentos e transferências graças a uma novidade do Banco Central: o Pix.
Pix é o novo serviço instantâneo de pagamentos, que vai permitir aos brasileiros enviarem e receberem recursos em questão de segundos – e sem pagar nada por isso.
Publicidade
Conteúdos e análises exclusivas para ajudar você a investir. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Anteriormente, as transferências de dinheiro ocorriam apenas via Transferência Eletrônica Disponível (TED), ou DOC, mas ambas opções envolvem custos e são limitadas quanto a dias e horários. Para fazer uma TED, por exemplo, o correntista pode pagar taxas de até R$25 para o valor cair na conta do destinatário no mesmo dia, mas a operação só pode ser feita até as 17h, de segunda a sexta-feira.
No DOC, o valor máximo a ser enviado é R$4.999 e o dinheiro só chega ao destino no próximo dia útil – e ainda pode demorar mais tempo se o processo for feito após as 22h. Já com o Pix, os clientes poderão fazer transações imediatas em qualquer horário ou dia da semana.
Como funciona o Pix?
De acordo com o Banco Central, o custo das transferências feitas com o Pix será de R$0,01 a cada 10 operações e deve ser pago pela instituição financeira que recebe os recursos. Engana-se, porém, quem acha que a rapidez e os custos com as transações são os únicos diferenciais na hora de verificar como funciona o Pix.
“Hoje, para fazer uma transferência, a pessoa tem que informar uma série de dados, como código do banco, CPF e conta”, diz João Bragança, especialista em meios de pagamento da consultoria Roland Berger. “Não é uma experiência legal”, completa.
Por meio da nova tecnologia, os usuários terão seus dados resumidos em uma única ‘chave pix de endereçamento’. “Em vez de passar esse conjunto de informações, o cliente informa somente o número de celular, ou o CPF, e todos os dados necessários para a transação já estarão disponíveis”, explica Bragança. Vale lembrar que também é possível usar o e-mail ou uma chave aleatória para receber o Pix.
Publicidade
Ainda sobre como funciona o Pix, também será possível pagar compras em comércios através de QR Codes. “A pessoa só precisa escanear o código para fazer uma transferência”, ressalta Fernando Radunz, CIO do Banco BS2. “O Pix também deve concorrer com o cartão de débito e o pagamento em espécie.”
Segundo Radunz, o banco BS2 está criando uma plataforma para que pequenas e médias empresas possam utilizar o Pix. Atualmente, somente as instituições financeiras com mais de 500 mil contas, sejam elas bancos tradicionais ou fintechs, são obrigadas a implementar o novo meio de pagamento.
“A tecnologia é do Banco Central, mas cada instituição tem que criar a sua plataforma para oferecer o serviço no próprio aplicativo”, diz o CIO. “Vamos criar um sistema para que pequenos e médios negócios, que não são obrigados a participarem, possam ter acesso ao Pix também”.
TED, DOC e débito concorrem com o PIX
Na visão de Bragança, a nova tecnologia é uma quebra de paradigma sobre como serão as transações financeiras no futuro. “Você vai ter duas contas, que não precisam ser contas bancárias, interconectadas por um sistema único de pagamentos a custo baixo”, diz.
Para o especialista, o sistema Pix torna quase indiferente para o cliente a questão de ter uma conta bancária ou uma conta de uma carteira digital, como PicPay ou Mercado Pago. “Esse é o principal impacto, já que o consumidor pode fazer transferências e pagamentos sem precisar de cartão. Podemos esperar mais competição, acesso e concorrência.”
Publicidade
Essa também é a expectativa de fintechs, como o Nubank. “Acreditamos que o Pix transformará positivamente o mercado tornando mais ágil e prático o ato de fazer pagamentos e transferências. Temos certeza que esse novo meio beneficiará consumidores e lojistas com custos mais baixos de pagamento e maior acesso de fintechs e novas empresas financeiras, graças à infraestrutura de liquidação de pagamentos gerida pelo Banco Central”, informou David Vélez, CEO e fundador do banco digital.
Um estudo feito pela consultoria Roland Berger sobre o novo serviço mostrou que o Pix pode tirar até R$13 bilhões das credenciadoras de cartões – o que significa perder 63% da receita atual. Apesar da possibilidade de ficarem em segundo plano, os cartões de crédito também podem ser afetados. Segundo o Banco Central, o serviço instantâneo de pagamentos também terá a opção de “Pix agendado” – que proporciona uma forma de pagamento a prazo.
“Os grandes bancos estão caindo nesse erro de pensar que isso vai ser um novo TED, mas vai ser muito mais do que isso”, afirma Bragança. “O Pix pode modificar a estrutura do mercado.”