Educação Financeira

Como começar a investir do zero com R$ 100; especialista explica

Gustavo Cerbasi fala sobre as decisões essenciais para quem está começando no mercado financeiro

Como começar a investir do zero com R$ 100; especialista explica
Gustavo Cerbasi, consultor financeiro, revela guia para investidores iniciantes

O mundo dos investimentos é vasto e repleto de opções: renda fixa ou variável, crédito privado e fundos imobiliários (FIIs). São segmentos que podem atrair, mas também assustar, os novatos. O E-Investidor, então, conversou com Gustavo Cerbasi, especialista em finanças e sócio da Super Rico Saúde Financeira, para entender melhor como começar a investir do zero, tendo como ponto de partida R$ 100.

Há aplicações em renda fixa que permitem investimento inicial menor do que os R$ 100, assim como há ações cujo preço unitário sai por menos de R$ 10 – ou mesmo papéis abaixo dos R$ 5. Entretanto, segundo o consultor financeiro explica, o estudo prévio sobre quanto destinar ao mercado financeiro e sobre qual classe de ativos se adequa ao propósito do investidor é o primeiro passo – e um dos mais importantes.

O sócio da Super Rico destaca quatro canais principais por meio do qual os investimentos se tornam possíveis, em ordem: cooperativas, bancos tradicionais, corretoras de valores e bancos de investimentos/digitais. Ele justifica a estrutura da sua recomendação a partir do grau de simplicidade e suporte que um novo investidor tem acesso em tais instituições financeiras.

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“Quanto mais autônomo o investidor, mais ele pode lidar sozinho com um banco de investimentos. Se eu crio uma conta num banco de investimentos, vou encontrar uma diversidade de produtos à disposição e isso é muito oportuno, mas gera confusão”, explica.

Para os iniciantes, investir em cooperativa de crédito ou em um produto financeiro ofertado por uma instituição que integra o sistema cooperativo é interessante porque esse tipo de organização presta serviços financeiros exclusivamente aos seus associados. Portanto, o investidor terá ajuda para entender as aplicações e os resultados, o planejamento e a seleção de ativos.

Gustavo Cerbasi dá outras dicas:

  • Lição de casa: identifique qual é a necessidade. Se a reserva de emergência será criada por meio de um produto de renda fixa, seja o Certificado de Depósito Bancário (CDB) ou Tesouro Direto, o investidor deve procurar tais produtos na instituição financeira;
  • Pré-organização: se planeje para entender se você quer uma reserva de emergência, reserva de previdência ou um investimento com algum diferente grau de risco, porque assim a chance de fazer uma boa escolha se torna maior;
  • Investir no meio termo enquanto se educa: por exemplo, caso o investidor tenha aportado dinheiro em CDB, o especialista recomendada que ele dedique dez minutos na semana para estudar o que diferentes profissionais falam sobre CDB e, gradualmente, será possível analisar a aplicação detalhadamente. “Dedicar cinco minutos a estudar sobre onde o investidor coloca o dinheiro já transforma o conhecimento”, finaliza.

Objetivos e prazos

Cerbasi destaca que a variedade de produtos e suas especificidades (carência, tributação e mercados, além de outros aspectos) pode prejudicar a ideia que os iniciantes têm das aplicações.  O mercado de investimentos mudou bastante e o que era acessível a poucas pessoas – que tinham muito dinheiro – agora está disponível para o grande público, em geral a um clique de distância.

O especialista menciona que o papel de especulador, mencionado por ele como o investidor que aposta em determinado cenário e em movimentos do mercado na busca de retornos significativos, não pode ser adotado por quem está começando, justamente porque exige mais conhecimento e experiência.

Começar a investir com o aprendizado em mente é essencial para limitar o risco de perda. “Uma característica nossa da Super Rico, que trabalha com o mesmo modelo que eu trabalhei nos últimos 24 anos da minha carreira, consiste em dividir a carteira em três partes: curtíssimo prazo, longuíssimo prazo e novos mercados”.

  • Curtíssimo prazo: proteção para as incertezas dos próximos meses, chamada de reserva de emergência, cujo investimento é tipicamente conservador, palpável, de rendimento previsível e baixíssimo risco de perder dinheiro, como títulos públicos ou produto de renda fixa de um banco;
  • Longuíssimo prazo: renda segura no futuro como objetivo, com a criação de um plano de investimento regular mensal visando a independência financeira. Normalmente, aqui surge o investimento em fundo de previdência, ações e outros produtos de renda variável;
  • Novos mercados: somente após criar a reserva de emergência e um plano para a previdência, caso dê para investir mais, é recomendado estudar novos mercados.

Vale lembrar que todas as etapas necessitam de um bom planejamento. Antes de decidir onde investir, é necessário definir onde o investidor quer chegar e o que quer construir com os ativos.

Ganância

O sócio da Super Rico alerta que a ganância pode “pregar uma peça” no investidor que tem sucesso no início. “Quando o investidor começa a confiar demais no seu sucesso ele provavelmente vai se apegar àquele investimento. E tende a perder um momento ótimo para vender o ativo e realizar lucro, até que começa a perder. Aí, de novo, vai ter medo de se desfazer do investimento porque acredita que voltará a subir. Assim, ele fica preso a uma situação em que não sabe se deve comprar mais do ativo ou se está na hora de vender”, afirma.

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Cerbasi também fala que boa parte do planejamento envolve disciplina e a adoção de um estilo de vida mais simples. Ainda que pareça difícil, é importante priorizar a qualidade de vida para se manter motivado até alcançar as metas estabelecidas. “Vida simples não significa economizar radicalmente para investir radicalmente, isso é errado. Me refiro a uma casa econômica, ou talvez um carro mais antigo, para que tenha verba para algum tipo de experiência, de lazer ou de cuidados pessoais que motive o investidor a manter a disciplina“, explica.