Educação Financeira

Consórcios de carros e imóveis ficam mais baratos com a queda da Selic?

O interesse por consórcios na internet aumentou mais de 70% em 2023. O que a Selic tem a ver com isso?

Consórcios de carros e imóveis ficam mais baratos com a queda da Selic?
Carros (Foto: Alexfan32/Shutterstock)
  • Buscas por consórcios imobiliários no Google aumentam mais de 70% entre o segundo semestre de 2022 e o primeiro semestre de 2023
  • Para especialistas, aumento do apetite pelo produto é derivado das altas taxas de financiamento disponibilizadas pelos bancos, por conta da Selic até então em 13,75%
  • Apesar de queda em 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros, especialistas divergem se apetite ao crédito irá retornar ou não

As buscas de usuários da internet por consórcio imobiliários e consórcios de carro no Google aumentaram mais de 70% em um ano, como mostra a pesquisa da FinanZero, fintech de empréstimos. Para Rodrigo Cezaretto, diretor de operações e porta-voz da empresa, um dos motivos para esse aumento envolve as taxas de financiamentos, que estavam elevadas.

No período de análise da pesquisa, do segundo semestre de 2022 ao fim do primeiro semestre de 2023, a taxa básica de juros, a Selic, estava em 13,75% ao ano. Como ela está diretamente relacionada às taxas de financiamento dos bancos, o apetite do consumidor se direcionou para outros produtos com taxas menores, segundo o especialista.

Outro ponto elencado por Cezaretto que pode ter influenciado a retomada do apetite pelo consórcio é a alta inadimplência. Isso porque os bancos acabam sendo mais restritivos na oferta de crédito.

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“Há agora uma série de melhorias, como o programa Desenrola, que tende a ajudar na recuperação da posição de crédito dos consumidores. Mas o que a gente percebe é que a aprovação está mais baixa. Então, a aprovação mais restritiva e as taxas de financiamento mais altas – e não só por conta da Selic, mas também por conta da inadimplência – refletem no preço dos bancos”, pontua.

Rodney Ribeiro, assessor de investimentos na WIT Invest, concorda com a análise e também afirma que “houve uma escalada grande na busca por consórcio porque a taxa Selic estava alta”.

Queda na Selic vai impactar consórcios?

Na última quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,50 ponto porcentual, o que levou os juros para o patamar de 13,25% ao ano. Apesar do recuo chamar a atenção do mercado, por ser o primeiro em mais de três anos, os analistas divergem sobre o movimento afetar ou não o apetite pelos consórcios.

Ribeiro salienta que há uma expectativa de reversão de cenário no começo de 2024, já que o crédito ficará mais atrativo. Já Cezaretto, comenta: “No patamar do corte, acredito que não haverá uma grande mudança”, afirma, apesar de avaliar que o crescimento do interesse pelo consórcio pode se tornar menos agressivo que o momento atual por conta de uma possível volta do interesse pelo financiamento bancário, tendo em vista a queda dos juros.

Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital e pós graduada em Mercado Financeiro e Capitais, explica que o aumento ou a queda da taxa Selic não impactam diretamente a taxa cobrada pelas administradoras de consórcios. A influência da Selic nos consórcios ocorre, no entanto, por conta que as taxas de financiamento ficam mais ou menos atrativas, e não porque afeta as taxas do consórcio em si. Estas, por sua vez, seguem índices específicos.

“Não é a taxa Selic que vai impactar a taxa do consórcio, o que impacta são os índices que estão ligados ao bem. Por exemplo, se eu comprar um um carro, estarei aderindo à tabela Fipe – documento que serve de referência para o preço dos automóveis no Brasil. É essa tabela que vai mostrar se minha parcela do financiamento vai subir ou não. Se o preço na tabela aumentar, minha parcela aumenta, e o inverso também ocorre”, exemplifica.

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Já em relação à compra de imóveis, Bergamo cita que a maioria das administradoras colocam o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) como margem de aumento ou não da carta de consórcio.

Outra vantagem citada por Bergamo é que, ao contrário do financiamento, em que os juros são cobrados por ano, as taxas do consórcio são definidas pelo período de parcelamento. Ou seja, se um cliente adquiriu um bem em um consórcio e acordou de pagar o valor com juros de 20% em 20 anos ele pagará o equivalente a 1% ao ano.

Levantamento

A pesquisa mapeou as buscas pelos termos “consórcios”, “consórcio de casa” e “consórcio carro” entre julho de 2022 e junho de 2023, na plataforma Google, em todos os Estados do Brasil. Todos os resultados mostram o aumento do interesse dos internautas. Confira os dados abaixo.

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