- Primeira etapa do programa Desenrola Brasil começou na última segunda-feira (17) e permite ao público da Faixa 2 do programa renegociação direta com instituições financeiras
- A negociação direta das dívidas é conduzida da maneira habitual, como os bancos já faziam antes da implementação do programa, permitindo que clientes e instituições financeiras façam contrapropostas e busquem um acordo com condições intermediárias.
A primeira etapa do programa Desenrola Brasil começou na última segunda-feira (17). Nesta fase, o público da faixa 2 do programa já pode renegociar dívidas diretamente com bancos, diferentemente da etapa que engloba a faixa 1, prevista para setembro, e que será utilizada a plataforma GOV.BR e na qual as instituições terão as renegociações garantidas pelo Fundo Garantidor de Operações (FGO).
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Para a etapa atual, as instituições financeiras serão encorajadas a promover as renegociações por meio de incentivo regulatório. O governo estima que 30 milhões de pessoas serão beneficiadas nesse primeiro momento. Na faixa 2 estão os brasileiros com renda de até R$ 20 mil e dívidas de qualquer valor.
A negociação direta das dívidas é conduzida da maneira habitual, como os bancos já faziam antes da implementação do programa, permitindo que clientes e instituições financeiras façam contrapropostas e busquem um acordo com condições intermediárias.
O E-Investidor conversou com especialistas a fim de apontar algumas dicas para aqueles que vão negociar suas dívidas junto às instituições financeiras com o incentivo do Desenrola Brasil. Recomendações relacionadas a um bom planejamento orçamentário e um estudo do montante de dívidas são recorrentes.
Conheça a própria capacidade de pagamento
Mesmo que as condições de pagamento de uma dívida tenham melhorado muito após uma renegociação, de nada vai adiantar se ela ainda assim não couber no orçamento. Ainda que o crédito com a instituição diminua ou os juros fiquem menores, se a parcela mensal for alta demais para os padrões do devedor, não será um bom negócio.
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Saber o valor mensal disponível para pagar dívidas ajuda na hora de negociar com o banco. Com essa espécie de teto em mente, o cliente consegue buscar uma condição melhor de pagamento e ainda respeitar a sua disponibilidade orçamentária.
Para entender a capacidade de pagamento, devedores precisam bater seus rendimentos com suas despesas mensais e ver qual o excedente disponível para o pagamento de dívidas. Nesse momento, também recomenda-se avaliar a possibilidade de fazer renda extra ou economizar em gastos não-recorrentes.
Como explica Hellen Kato, especialista de metas e matemática financeira da Me Poupe!, deve-se evitar utilizar o que a psicologia econômica chama de contabilidade mental: fazer o cálculo de despesas e ganhos mentalmente e acabar caindo em distorções. “Se a pessoa não tiver uma visão clara, essa estimativa mais precisa, fica ainda mais difícil tentar manejar alguma coisa”, aponta.
Conheça o custo efetivo total das dívidas
Dívidas podem ter outros valores que não o montante solicitado e os juros. Seguros e taxas de administração são alguns valores que podem ser somados às parcelas pagas. A soma do crédito, com juros e encargos, chama custo efetivo total (CET).
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Conhecer esse valor total ajuda na hora de priorizar dívidas a serem renegociadas e pagas já que dívidas com custo efetivo total (CET) maior tendem a evoluir mais rapidamente quando há inadimplência. Como a primeira etapa do Desenrola Brasil se restringe à negociação direta com instituições financeiras, conhecer CET de dívidas com outras empresas, como de serviços de água, luz ou internet, pode ajudar a definir a priorização.
Condições de pagamento
Todo o planejamento de orçamento e levantamento do custo total efetivo de dívidas ajuda na preparação para a negociação. Este embasamento faz com que as contrapropostas sejam justificadas pela própria realidade financeira: pedir por abatimento de multas, juros mais baixos ou isenção de taxa, por exemplo.
Um bom levantamento da situação financeira anterior à negociação já ajuda a demonstrar a intenção de lidar com as dívidas. Mas além dele, um planejamento futuro passa boa impressão. “Mostre-se comprometido a resolver a situação de forma satisfatória para ambas as partes. Se possível, apresente um plano realista de pagamento que demonstre a sua capacidade de cumprir os compromissos financeiras”, indica Nayra Sombra, sócia da HCI Invest e Planejadora Financeira pela Planejar.
Ofereça valores de abatimento maiores
Aqueles que possuem algum dinheiro em sobra, como parcelas de 13º salário ou adicional de férias, podem utilizá-lo para barganhar melhores condições na renegociação, como esse pagamento garante à instituição a recuperação de uma parcela maior do montante total da dívida em um único pagamento.
Esses valores também podem ser incluídos no planejamento de pagamento. O consumidor que sabe que receberá algum rendimento adicional sugere que as parcelas de determinados meses sejam maiores. “Pode dar uma entrada e dividir o resto em parcelas ou o estabelecimento pode fazer parcelas flexível e variáveis de acordo com a situação. Em um mês tem um bônus, em outro o 13º e a pessoa consegue pagar um pouco mais”, afirma Sombra.
Busque uma proposta realista
Diante da complexa situação de inadimplência, algumas propostas podem fazer devedores se animarem. Vale, no entanto, buscar ser realista. As condições podem ser ótimas, mas o prazo de pagamento ruim; os juros baixos, mas a multa alta, por exemplo.
“Tente não se comprometer em uma nova proposta irreal. Sabemos que a ansiedade em limpar o nome é grande, que a pessoa realmente quer resolver a situação, mas tem que ir sempre com a realidade. Fazer uma negociação que vai caber no meu bolso, que vai realmente aliviar a situação”, diz Hellen Kato.
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