

Se a ida do investidor pessoa física para investimentos de risco, como ações e fundos, é um caminho sem volta, só o futuro irá mostrar. Mas como têm crescido o interesse e a predisposição por retornos melhores do que a renda fixa, muito afetada pelos juros baixos, é fundamental que os novos investidores entendam mais sobre os riscos do ambiente onde estão entrando, para tomar decisões minimamente seguras. E quem busca se expor a fundos de ações ou multimercados precisa ser apresentado ao índice de Sharpe.
Esse indicador compara uma opção de investimento de risco (fundo), com outra opção livre de risco (CDI), considerando a volatilidade (oscilação), em um mesmo período de tempo. Quem chegou a essa “medida” foi o economista norte-americano e Prêmio Nobel 1990 William Forsyth Sharpe, através de uma equação.
A conta não é complicada. Consiste em uma subtração do retorno do ativo de risco pelo retorno do ativo sem risco, dividida pela volatilidade. Quanto maior for o resultado, maior é a chance de ter um retorno mais atrativo, em relação ao risco que se tomou. Quanto mais próximo de zero, menos atrativo é a aplicação.
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O analista de produtos financeiros da Ágora Investimentos, Pietro Reckman, explica que o índice pode ser visto como um forma de analisar o desempenho do gestor do fundo, responsável por gerir todos os ativos que compõem esse produto. A título de Brasil, costuma-se utilizar o CDI ou a Selic na equação como o ativo com retorno livre de risco.
“É importante ter uma certa similaridade [entre os fundo], para poder usar esse indicador. Geralmente, um fundo de ação vai ter uma volatilidade, um risco muito mais alto do que um fundo multimercados”, destaca o analista da Ágora.
As informações sobre o Sharpe costumam estar na lâmina dos fundos. Há também alguns sites gratuitos que fazem esse tipo de comparação, como Mais Retorno e Vérios. Para os adeptos do papel, caneta, e calculadora, um lembrete fundamental para acertar na conta é usar todos fatores da equação, o retorno de risco (fundo), o retorno sem risco (CDI) e a volatilidade (oscilação), sempre com base no mesmo período de tempo, por exemplo, o último ano.
“Tem que tomar cuidado porque a Selic está em 2,25% ao ano. Mas não é esse valor de hoje que tem que considerar nessa conta. Tem que considerar o dos últimos 12 meses”, exemplifica Pietro.
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O sócio-fundador da Veedha Investimentos, Rodrigo Marcatti, explica que é muito importante para os investidores conheceram mais sobre os meandros dos investimentos para melhor tomarem suas decisões.
“Cansei de ver situações que o investidor chega com uma demanda pronta, simplesmente porque fez um filtro pelo melhor retorno no período e escolheu o que teve o melhor retorno no passado. Isso sem entender quais foram os motivos que levaram aquele fundo a dar maior retorno, no caso, qual foi o tamanho do risco que o fundo correu naquele período”, comenta Rodrigo.
O especialista explica que os números podem enganar à primeira. É preciso ter em mente se o retorno compensa o risco assumido. Por isso, é preciso entender o seu perfil de investimento e, para quem tem acesso, consultar um assessor de investimentos.
“O que a gente procura é buscar a fronteira eficiente. Ou seja, mesclar os ativos, fazer uma carteira diversificada, usando várias estratégias possíveis, correndo o menor risco possível na combinação dos ativos, para obter aquele retorno”, resume Rodrigo.
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