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- Mesmo com o aumento de IPOs na B3 nos últimos anos, o número ainda é pequeno em comparação a mercados estrangeiros, como Wall Street
- No primeiro semestre de 2021, a Nasdaq, o segundo maior mercado global, realizou 410 IPOs, movimentando US$ 106 bilhões
- Nos últimos cinco anos, empresas brasileiras levantaram quase US$ 9 bilhões com 13 IPOs nos EUA. O ano de 2018 foi o período de maior destaque
(Por Aléxis Cerqueira Góis, especial para o E-Investidor) – A safra de ofertas públicas iniciais (IPOs) na Bolsa de Valores brasileira (B3) nunca foi tão alta como nos últimos dois anos. Apesar disso, ainda fica aquém do número de ofertas iniciais de ações realizadas em mercados estrangeiros mais volumosos e maduros, como Wall Street. Por esse motivo, muitas empresas do Brasil têm optado por abrir capital no exterior.
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No primeiro semestre de 2021, o segundo maior mercado global de ações, a Nasdaq, realizou 410 IPOs, movimentando US$ 106 bilhões, um recorde desde 2008. Apenas para efeitos de comparação, a B3 tem 400 empresas listadas.
A bolsa de Nova York (NYSE) também cravou uma marca histórica. De janeiro a agosto deste ano, mais de 700 empresas abriram capital no maior mercado de ações do mundo, em crescimento acima de 300% em comparação ao mesmo período do ano passado.
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Apesar de as IPOs estarem sendo realizadas no exterior, os investidores brasileiros podem participar das ofertas de ações. Confira quais são as próximas IPOs de empresas brasileiras a serem realizadas no exterior, quais realmente valem a pena e como aproveitar essas oportunidades.
Empresas brasileiras com IPO no exterior
Nos últimos cinco anos, empresas brasileiras levantaram quase US$ 9 bilhões com 13 IPOs nos EUA, com destaque para 2018. Naquele ano, o PagSeguro (PAGS) levantou US$ 2,27 bilhões na NYSE, que foi considerada na época a quarta maior IPO de uma empresa de tecnologia da história. No mesmo ano, a Stone (STNF) viu suas ações valorizarem mais de 30% no primeiro dia de negociação na Nasdaq, quando levantou US$ 1,22 bilhão.
Em 2021, as companhias brasileiras já movimentaram US$ 1,44 bilhão nas bolsas norte-americanas. Duas gestoras brasileiras de private equity lançaram ofertas públicas na Nasdaq em janeiro; a Vinci Partner (VINP) levantou mais de US$ 250 milhões, enquanto a Pátria (PAX) angariou US$ 625 milhões em seu lançamento.
Empresas brasileiras que farão IPO no exterior
Ainda neste ano, pelo menos duas empresas brasileiras devem abrir capital nos Estados Unidos. O Nubank pretende ser uma das 100 maiores empresas listadas nos EUA, com oferta pública inicial que deverá movimentar mais de US$ 2 bilhões. A fintech quer buscar uma avaliação de mais de US$ 40 bilhões, o que a tornaria a segunda maior instituição financeira do Brasil, atrás apenas da holding Itaú Unibanco (ITSA3).
A bandeira de cartões Elo pretende movimentar US$ 700 milhões com a sua IPO na Nasdaq. Por enquanto, a operação está tramitando e não tem confirmação oficial. A companhia espera chegar ao mercado com avaliação de US$ 2 bilhões.
Outras empresas estão no caminho das bolsas americanas em 2021, mas de forma discreta e sem confirmação oficial. A Hotmart, plataforma de comercialização e distribuição de produtos digitais, teria contratado três bancos para levantar de US$ 400 milhões a R$ 600 milhões na Nasdaq, segundo informações da agência Reuters. A Conductor, empresa de infraestrutura de pagamentos, segue o mesmo caminho, de acordo com o que apontam fontes do mercado.
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O mercado também espera a listagem internacional da processadora de pagamentos EBANX, mas a companhia ainda não cumpriu todos os trâmites para a operação. Na fintech Creditas, um cronograma para uma possível IPO já começou a ser desenhado, com indicação para acontecer em 2022.
Outra empresa brasileira esperada para fazer IPO no mercado americano é o PicPay. A oferta pública inicial da companhia, que estava prevista para ser realizada na Nasdaq em junho, foi adiada para 2023. Segundo fontes do mercado, a companhia não obteve a avaliação esperada.
Como investir em IPO no exterior?
O investimento na oferta pública inicial de ações no exterior é um pouco semelhante ao realizado na Bolsa de Valores brasileira. Primeiro, o interessado deve procurar uma corretora internacional que ofereça esse tipo de operação, verificando os requisitos de elegibilidade do investidor com critérios que variam de empresa para empresa.
Nos Estados Unidos, o investidor deve preencher um relatório específico da Autoridade Regulatória da Indústria Financeira (Finra). Em uma janela específica de reserva, deve realizar uma oferta condicional de compra, o que não garante a aquisição das ações. Caso o valor seja menor que o definido no pregão ou o número de solicitações de compra seja muito maior que as ações disponíveis, o investidor fica fora da IPO. Se o lance for maior, a aquisição é feita pelo preço final do ativo. Quando colocada no mercado, a companhia pode ter supervalorização, garantindo o lucro imediato para o investidor.
Existe também a opção de realizar a reserva ou a compra das ações a partir da B3, por meio de Brazilian Depositary Receipts (BDR), que são recibos de empresas negociadas no exterior. É um jeito mais simples e tranquilo para investir nesse tipo de operação, porém a grande maioria dos papéis não é ofertada de forma simultânea à listagem nas bolsas estrangeiras.
Investir em IPO fora do Brasil vale a pena?
A avaliação de um investimento em uma oferta inicial de ações no exterior não difere muito de uma abertura de capital na Bolsa de Valores brasileira. O momento é uma oportunidade de adquirir ativos baratos com forte potencial de valorização.
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Antes de aderir a uma IPO, o interessado deve considerar se seu perfil se encaixa em um perfil de investidor de longo prazo. Embora algumas ações possam oferecer bons rendimentos em curtíssimo prazo, os maiores ganhos vêm ao longo tempo a partir da solidez das empresas.
Em geral, empresas estreantes consideradas small caps têm potencial maior de valorização em comparação às gigantes. Mas atenção: isso significa também que os riscos da aplicação são maiores. No caso de novas empresas no mercado, é importante comparar o valor de suas ações com a das concorrentes e analisar múltiplos como preço sobre lucro.
Esse tipo de avaliação não é simples de ser realizado. Investidores iniciantes ou com pouco conhecimento podem aplicar recursos em companhias que acabam sendo desvalorizadas e perder dinheiro. Por isso, é importante contar com análises realizadas por profissionais de confiança e ligados a corretoras ou ao mundo financeiro.