- ‘Cringe’ é uma gíria usada por jovens da chamada ‘Geração Z’ para definir algo cafona ou uma situação que provoca ‘vergonha alheia’
- Os especialistas Bia Moraes, educadora financeira da Ativa, Larissa Quaresma e Caio Araújo, da Empiricus, alertam que no mercado financeiro também existem investimentos ‘cringes’
- Poupança, títulos de capitalização, consórcios e imóveis são alguns deles
Se você nasceu no final dos anos 1990 até meados de 2010, provavelmente conhece essa palavra. ‘Cringe’ é uma gíria usada por jovens da chamada ‘Geração Z’ para definir algo cafona ou uma situação que provoca ‘vergonha alheia’. A expressão inundou as redes sociais após a influenciadora Carol Tchulim pedir aos seguidores adolescentes para definir o que eles achavam ‘cringe’ nos Millennials, geração formada por pessoas que nasceram entre os anos 1980 e 1990.
por favor jovens da geração z, me contem o que vcs acham um mico nos millennials (acho q falar mico já passou, é cringe ne)
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— tchulim é cringe (@tchulim) June 17, 2021
As respostas foram variadas, desde usar calças skinny até falar muito sobre boletos, reclamar da faculdade e ouvir Raça Negra. Os especialistas Bia Moraes, educadora financeira da Ativa, Larissa Quaresma e Caio Araújo, da Empiricus, alertam que no mercado financeiro também existem investimentos ‘cringes’, que podem ser verdadeiras vergonhas alheias.
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Veja a lista:
1 – Poupança
No ranking de investimentos ‘cringes’, a Poupança com certeza fica em primeiro lugar. Apesar de ser uma aplicação que está na memória dos brasileiros, o investimento rende apenas 70% da taxa de juros Selic, ou seja, perde em rentabilidade para todos os outros produtos de renda fixa.
Além disso, também não é o investimento mais seguro, como muitos investidores pensam. “Temos títulos do Tesouro Selic que rendem 100% da Selic e são até mais seguros que a Poupança”, explica Moraes. “Ainda tem a inflação, que age sobre o dinheiro e a longo prazo tira poder de compra. E a Poupança não consegue repor esse capital, o retorno perde para a inflação.”
Essa também é a visão de Quaresma. “Deixar dinheiro na Poupança é cringe demais. Atualmente está rendendo 0,25% ao mês. Se anualizarmos essa taxa, dá 2,9% ao ano, sendo que a Selic está 4,25% ao ano, então está rendendo muito menos que os juros.”
2 – Títulos de Capitalização
Os Títulos de Capitalização funcionam como uma espécie de loteria. O investidor aplica dinheiro em papéis de crédito por um prazo determinado e concorre a prêmios sorteados entre os participantes. No final do período, recebe de volta o dinheiro corrigido por uma pequena taxa, com o descontos de taxas de administração e da cota do sorteio.
Esses títulos têm rentabilidade inferior a da Poupança e também não são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Então se a instituição financeira responsável tiver algum problema, o investidor pode ficar na mão.
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“É complicado porque pode ser que você nem seja contemplado, depende muito da sorte. E investimento não é isso, não é sorte. Eu, por exemplo, nunca conheci ninguém que ganhou”, explica Moraes. “Tem várias maneiras de se investir, de maneira segura, e com o retorno bem melhor que isso.”
3 – Consórcios
Os consórcios são considerados investimentos por boa parte da população, mas na verdade estão longe de serem aplicações financeiras, já que não há rendimento do dinheiro. Essa modalidade pode ser descrita mais como uma poupança em grupo, em que de tempos em tempos alguns participantes são sorteados e recebem crédito para comprar um bem.
Apesar de não ter juros como em um financiamento comum, o consorciado paga uma taxa de administração à instituição financeira. “No consórcio você acaba pagando mais caro por um passivo, um carro, casa, algo que vai dar despesa”, explica Moraes.
4 – Imóveis
Comprar imóveis como forma de ‘investimento’ é uma ideia comum, principalmente entre pessoas mais maduras, mas não necessariamente é algo vantajoso. “Isso é uma coisa que nossos pais e avós tinham a ideia de fazer, comprar um imóvel para vender mais caro, mas a valorização pode não acontecer. Além do mais, imóveis são caros, então você colocaria quase todo o patrimônio em um lugar só, o que é bem mais arriscado do que diversificar no mercado financeiro”, afirma Moraes.
A questão da liquidez também pesa no aluguel de imóveis. “Os fundos imobiliários, por exemplo, são bem fáceis de negociar, comprar ou vender no mercado. Isso não acontece com imóveis”, explica Araújo. “E com o capital que você compraria um imóvel só, daria para comprar vários FIIs, ou um fundo com vários imóveis dentro. A diversificação é um princípio básico dos investimentos.”