- Salto do IGP-M ajudou a turbinar rentabilidade dos fundos imobiliários em setembro
- Maior valorização do mês foi do fundo Socopa FII, com rentabilidade de 25% no período, e investe em recebíveis mobiliários
- Além dos dividendos, investidor deve olhar para diversificação antes de escolher um fundo imobiliário
A preocupação com o risco fiscal fez o Ibovespa minguar em setembro, mas não abalou a recuperação dos fundos imobiliários (FII). Das 205 aplicações negociadas na Bolsa de Valores, pelo menos 102 tiveram rentabilidade positiva no mês.
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Um levantamento exclusivo feito pela plataforma Smartbrain, a pedido do E-Investidor, mostra que o Socopa FII foi a aplicação mais rentável do mês, com retorno de 25%. Negociado na Bolsa sob o código REIT11, o fundo aplica em certificados de recebíveis mobiliários (CRIS), títulos de dívidas com garantia imobiliária. A cota do fundo iniciou o mês precificada em R$ 960 e finalizou a R$ 1.199,99. No ano, a alta é de 7,17%.
Na sequência aparece o Caixa Rio Bravo (CXRI11), um fundo de fundos imobiliários (FOF) que registrou valorização de 19,89% em setembro. No acumulado do ano, a aplicação está em primeiro lugar entre as melhores rentabilidades, com alta de 34,62%. Segundo Giuliano Bandoni, analista de fundos imobiliários da Rio Bravo, a cota ficou mais atrativa após um processo de desdobramento (split).
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“Antes uma cota valia cerca de mil reais. Depois que fizemos esse processo, em setembro, a mesma cota vale R$ 160. Ou seja, ficou mais acessível”, explica Bandoni. O ‘split’ da cota funciona da mesma forma que um desdobramento de ações, em que o preço unitário é reduzido e a quantidade de ativos que cada investidor possui é aumentada na mesma proporção.
Já o fundo Atrio Reit (ARRI11), de recebíveis, ficou com a medalha de bronze, registrando um salto de 18,15% no mês. “Muitos fundos imobiliários caíram com a pandemia e o nosso também. Ele estava com uma faixa de preço muito descontada”, diz Marcelo Vieira Elaiuy, sócio responsável pela gestão na Atrio Asset. “Isso chamou a atenção, muita gente entrou e o fundo se recuperou”, diz.
Em 30 de setembro a cota do ARRI11 valia R$ 91,50, contra R$ 77,39 no início do mês. No ano, entretanto, o ARRI11 registra queda de 17,37%, passando de R$ 108, em janeiro, para 89,24 no fechamento desta segunda-feira (05).
Em tempo: o levantamento considerou fundos de ‘papel’, que investem em ativos imobiliários do mercado financeiro ou em cotas de outros fundos, e os fundos de ‘tijolo’, que aplicam em imóveis reais e ganham com o aluguel ou venda do empreendimento.
Para Caio Braz, sócio da Urca Capital Partners, a disparada do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) também deu um empurrão na rentabilidade desses produtos. O índice é usado para reajustar os preços de contratos de aluguel, portanto impacta os investimentos atrelados ao mercado imobiliário. Só em setembro, o indicador subiu 4,34%.
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“A maioria tem rendimentos provenientes de contratos de locação ou recebíveis atrelados ao IGP-M. Então, os rendimentos dos fundos foram bem maiores que a média nesses últimos dois meses”, afirma o especialista. “Por consequência, as cotas ficam mais atrativas e os investidores aceitam pagar um preço maior por elas, o que gera a valorização vista.”
Os fundos, que caíram cerca de 15,85% no mês de março de acordo com o indicador IFIX, também podem estar em processo de reprecificação. “Depois da queda muito acentuada, alguns fundos estão recuperando, mas esse salto de 25% não é uma coisa que o investidor vai ver sempre.”
Como escolher o melhor FII
Os fundos imobiliários são muito procurados pelos investidores por conta do pagamento de dividendos mensais. Entretanto, o maior volume em rendimentos distribuídos não pode ser o único critério na hora de escolher esse tipo de aplicação.
“O investidores devem olhar para alguns fatores básicos para entender o risco de cada fundo”, explica Braz. “O principal deles é diversificação: se você tem um fundo que investe em apenas um imóvel, que está locado por apenas uma empresa, o risco dele é maior do que um fundo que tem vários empreendimentos e locatários.”
No caso do Caixa Rio Bravo, fundo que demonstra o maior retorno no acumulado do ano, a estratégia é pensar no longo prazo e ter investimentos pulverizados. “Fazemos investimentos em fundos logísticos, de CRIs, lajes corporativas, shoppings e varejos etc. No total, são 32 fundos investidos e sete diferentes classes de alocação”, diz Bandoni.
Essa também é a visão de Fabio Cruz, sócio responsável pelo RI da Atrio Reit. “Antes de fazer qualquer investimento é necessário estudar, conversar com o gestor, entender qual a estratégia e como a aplicação funciona”, diz.
Veja o ranking
Desempenhos dos FIIs no mês de setembro de 2020 | ||
Fundos Imobiliários | Rentabilidade (%) | |
1 | REIT11 – SOCOPA FDO INV IMOB – FII | 25 |
2 | CXRI11 – CAIXA RIO BRAVO FUNDO DE FDO INV IMOB – FII | 19,89 |
3 | ARRI11 – FDO. INV. IMOB. ÁTRIO REIT RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS | 18,15 |
4 | SPTW11 – SP DOWNTOWN FDO INV IMOB – FII | 12,12 |
5 | CXTL11 – FDO INV IMOB CAIXA TRX LOGÍSTICA RENDA | 11,07 |
6 | FIIB11 – FDO INV IMOB INDUSTRIAL DO BRASIL | 10,34 |
7 | GRLV11 – CSHG GR LOUVEIRA FDO DE INV IMOB – FII | 9,8 |
8 | RNDP11 – BB RENDA DE PAPÉIS IMOBILIÁRIOS FDO INV IMOB – FII | 9,77 |
9 | BBFI11B – BB FDO INV IMOB PROGRESSIVO | 9,53 |
10 | SAIC11B – FDO INV IMOB – FII SIA CORPORATE | 8,11 |
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