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Concorrentes já pressionam ações da B3 (B3SA3), diz banco

Chegada de novos players começa a pressionar os papéis da B3, que acumulam queda de mais de 20% no ano

Concorrentes já pressionam ações da B3 (B3SA3), diz banco
O Ibovespa é o principal índice da B3. Foto: Adobe Stock

As ações da B3 (B3SA3) devem enfrentar desafios com o avanço de novos competidores no setor de bolsas de valores, afirma o Goldman Sachs em relatório. O grupo financeiro diz que a crescente concorrência, especialmente com o possível ingresso da CSD BR no mercado, já começa a pressionar os papéis da B3, que acumulam queda de mais de 20% no ano. Nesta quarta-feira (25), as ações da B3 no Ibovespa fecharam cotadas a R$ 10,81, uma queda de 3,16%.

Embora a entrada efetiva de novos concorrentes ainda seja considerada distante, o banco alerta que essa ameaça já é um fator de risco conhecido. A ATG, subsidiária da Mubadala, também prepara o lançamento de uma bolsa no Rio de Janeiro, com previsão de iniciar operações no segundo semestre de 2025. A CSD BR, empresa apoiada por Santander Corretora, BTG Pactual e a Bolsa de Chicago (CBOE), planeja atuar como uma contraparte central (CCP) até 2027, e diz que vai protocolar seu pedido ao Banco Central ainda neste ano.

A contraparte central é vista como o “coração” de uma bolsa de valores, sendo responsável por garantir a liquidez e o fechamento de milhares de negociações simultâneas. Esse movimento da CSD BR, aliado ao avanço de outras iniciativas, tem potencial de mexer com a estrutura de monopólio da B3, especialmente em um cenário em que 35% das receitas da B3 vêm de operações com ações, das quais até 90% estão relacionadas à compensação de ativos, segmento diretamente impactado por uma CCP concorrente, segundo informações divulgadas pelo Broadcast.

Pressão crescente nas ações

Os analistas do Goldman Sachs destacam que a pressão sobre as ações da B3 já é perceptível, mesmo antes de seus potenciais concorrentes entrarem em operação. Para eles, a expansão de outras plataformas pode criar “ineficiências no mercado”, com diferentes requisitos de liquidação e margem, limitando o escopo de competição, mas ainda assim representando uma ameaça relevante.

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O impacto pode ser ainda mais expressivo, segundo o banco, considerando que a CSD BR já opera como registradora de negociações de renda fixa, um segmento no qual o volume de ativos registrados saltou de R$ 500 bilhões em 2022 para R$ 2,5 trilhões em setembro de 2023. A expectativa é de que, em breve, a CSD também consiga as licenças necessárias para atuar como depositária e câmara de liquidação, consolidando sua posição como uma das principais desafiantes da B3.

Em entrevista ao Estadão, Edivar Queiroz, presidente da CSD BR, disse que a empresa estará pronta para competir no mercado de bolsas até 2027, com a infraestrutura e o capital regulatório exigido pelo Banco Central já encaminhados. Ele vê um espaço claro no mercado brasileiro para novos participantes, reforçado pelo crescimento exponencial do volume de negociações registrado pela CSD nos últimos anos.

Apesar da queda nos papéis e da ameaça de mercado, o Goldman Sachs mantém uma recomendação neutra para as ações da B3 (B3SA3), ressaltando que, embora a entrada de novos players ainda esteja a alguns anos de distância, a expectativa de mudanças estruturais no mercado já coloca as ações da empresa sob pressão.