- Muitos esperavam que a criptomoeda tivesse uma alta vertiginosa, mas o Bitcoin passou por uma verdadeira correção. Às 2h da manhã, o BTC estava sendo negociado por US$ 52.701,35, e 12 horas depois, o ativo digital estava cotado à 46.768,64, o que representa uma queda de 11,25%
- Ao contrário do mercado tradicional de ações, no qual as movimentações de preços geralmente ocorrem após divulgação de fatos relevantes, fusões e aquisições, entre outros motivos, o universo cripto funciona de maneira distinta, e basicamente se move com base em notícias de adoção da tecnologia e suas atualizações
- A rede do Bitcoin está prestes a passar por uma atualização apelidada de “taproot”, que segundo o portal especializado em criptomoedas The Block, está para acontecer em meados do mês de novembro
O dia 7 de setembro, quando comemoramos o feriado da Independência do Brasil, também entrou para a história como a data em que El Salvador adotou oficialmente o Bitcoin como uma das moedas de curso legal no país, ao lado do dólar.
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Muitos esperavam que a criptomoeda tivesse uma alta vertiginosa, mas o Bitcoin passou por uma verdadeira correção. Às 2h da manhã, o BTC estava sendo negociado por US$ 52.701,35, 12 horas depois, o ativo digital estava cotado à 46.768,64, o que representa uma queda de 11,25%.
E não foi só o Bitcoin que caiu, a correção impactou o mercado de criptomoedas como um todo. Tanto o Ether quanto a ADA, os outros dois maiores ativos digitais por capitalização de mercado, sofreram correções de 12,41% e 13,71%, respectivamente.
O que explica a correção
Ao contrário do mercado tradicional de ações, no qual as movimentações de preços geralmente ocorrem após divulgação de fatos relevantes, fusões e aquisições, entre outros motivos, o universo cripto funciona de maneira distinta, e basicamente se move com base em notícias de adoção da tecnologia e suas atualizações.
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Apesar de já ter recuperado uma pequena parte das perdas registradas no dia 7, tendo em vista que, nesta sexta-feira (17), às 10h32, o Bitcoin estava cotado a US$ 47.383,40, cerca de R$ 256.983,59, André Franco, analista de criptomoedas da Empiricus Research, não acredita na interferência de El Salvador.
“Não vejo como um país com uma relevância econômica e de poderio baixo poderia ter tanta força no Bitcoin, sendo que estamos falando de um negócio global avaliado na casa de trilhões de dólares”, diz Franco.
Para o especialista, uma das justificativas pode ser o fenômeno “buy the rumor, sell the news”, no português, “comprou no boato e vendeu no fato”. “ A compra foi quando o boato de que o BTC seria adotado como moeda corrente surgiu e, depois, a compra no momento em que a ideia se concretizou. Mas, sinceramente, é mais uma tentativa de justificar a queda”, explica Franco.
Já Orlando Telles, diretor de research da Mercurius Crypto, acredita que a correção possa ter uma outra explicação: a liquidação de posições alavancadas.
Assim como no mercado de opções e derivativos, onde há a possibilidade de gerar posições alavancadas, ou seja, pegar dinheiro emprestado para aumentar sua rentabilidade, o mercado cripto também possui essa ferramenta, que segundo o diretor, é um dos maiores riscos do mercado.
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“Basicamente vimos uma alta do Bitcoin nas últimas semanas, mas se você olhar o volume no mercado à vista (SPOT) na Binance e Coinbase, ele não subiu tanto. Então, estávamos com um volume baixo, apesar do preço estar subindo. O que isso implica? O risco da saída de algum player significativo, que pode fazer uma correção, o que, por sua vez, pode desencadear um evento de liquidação em massa”, diz Telles.
O diretor dá o seguinte exemplo: imagine que um grande investidor de criptomoedas vende todos os seus Bitcoins ao mercado, fazendo o preço cair entre 3% e 5%. A pessoa que está alavancada 20x, tem sua margem esgotada.
Segundo o diretor, o que é mais provável é que a correção tenha começado no mercado à vista e jogado o preço para baixo, o que gerou uma liquidação em cascata no mercado de futuros.
“Nós estávamos em um dos maiores momentos de ordens abertas no mercado futuro, justamente pela expectativa do varejo de modo geral. Isso gerou um efeito cascata nas ordens, que começaram a ser liquidadas em massa. Com isso, tivemos uma das maiores liquidações do ano no mercado de criptomoedas, com US$ 3,22 bilhões liquidados no mercado futuro em menos de uma hora”, diz Telles.
Perspectivas para o futuro
A rede do Bitcoin está prestes a passar por uma atualização apelidada de “taproot”, que segundo o portal especializado em criptomoedas The Block, está para acontecer em meados do mês de novembro. O upgrade visa implementar o arcabouço necessário para a execução dos contratos inteligentes na rede enquanto aumenta a escalabilidade e a privacidade de usuários do protocolo Bitcoin.
Telles explica que a atualização pode gerar algum hype, e assim o investidor de varejo começará a olhar mais para a criptomoeda. Mas, em sua opinião, outro ponto influenciará o Bitcoin nos próximos meses: a questão regulatória.
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“Aqui falamos dos EUA com a questão dos impostos e da regulamentação do mercado cripto como um todo, não só do Bitcoin, mas também o mercado de finanças descentralizadas, que a SEC tem pontuado muito. Falamos também sobre a questão da criação de produtos de investimentos mais estruturados, como os ETFs de Bitcoin, que tiveram suas decisões adiadas várias vezes pela autarquia”, afirma.
Por sua vez, Franco explica que no longo prazo, de cinco a dez anos, veremos a criptomoeda tomando conta de todo o mercado, não só por uma questão de opcionalidade, das pessoas poderem realmente usar as criptomoedas, mas pelo ganho de eficiência que isso traz para o mercado.
“Em alguma instância, parte dessas estruturas descentralizadas e transparentes serão obrigatórias em determinados sistemas, principalmente o financeiro, onde acreditamos ter uma grande disrupção para acontecer, ainda mais ao olharmos para todos os organismos de finanças descentralizadas reproduzindo o sistema financeiro tradicional de maneira mais eficiente, transparente e barata”, diz Franco.