Copom elevou a taxa Selic para 11,75% na quarta-feira (16). (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A segunda reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na quarta-feira (16), subiu a taxa Selic para 11,75%. Agora, o Brasil é o segundo país com a maior taxa de juros real no mês de março entre 40 economias globais, mostra levantamento da Infinity Asset.
A metodologia utilizada pela asset leva em consideração a precificação das taxas de juros a mercado para os próximos 12 meses e a inflação projetada pelos bancos centrais estrangeiros. Pelo cálculo, com a Selic em 11,75% e a projeção de inflação, pelo Focus, em 5,69%, a taxa real de juros no Brasil é de 7,10%.
A economia brasileira só fica atrás da Rússia (30,07%) que subiu sua taxa nominal de juros para 20% no final de fevereiro, com o início da guerra com a Ucrânia. Em seguida estão Colômbia (3,65%), Chile (3,64%) e México (2,62%).
Na visão de Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, embora esteja em segundo lugar, o Brasil é o país com maior chance de retorno positivo para investidores em carry trade – operação financeira em que se toma dinheiro a uma taxa de juros em um país e se aplica em outra moeda, onde as taxas de juros são maiores.
“O Brasil sendo o segundo colocado significa que, dentro do escopo de países que podem receber um investimento de renda fixa, ele é um dos que paga melhor. A Rússia não compete com o Brasil mesmo pagando muito mais juros. Se você precisa ter um rendimento expressivo, a pergunta é, entre Brasil e Rússia, você colocaria dinheiro na Rússia?”, afirma.
Pelo levantamento, a média geral de juros reais entre os 40 países listados no ranking é de -0,94%. “Nesse sentido, o Brasil se torna um grande atrator de investimentos globais mesmo em um cenário de elevação de juros nos Estados Unidos, porque o diferencial ainda é muito grande. Só nessa reunião [do Copom] nós demos e prometemos uma elevação de juros muito superior ao que os Estados Unidos está prometendo fechar em termos de taxa”, explica Vieira.
Na mesma quarta-feira (16) em que o Copom elevou a Selicno Brasil, o Fed, banco central dos Estados Unidos, iniciou a trajetória de alta nos juros por lá, com um aumento de 0,25%. Essa é a primeira elevação feita desde 2018, e deve ser seguida de outras seis altas – a expectativa é que os Estados Unidos encerrem 2022 com juros entre 1,75% e 2%.
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“Ainda que se preservem parte dos programas de alívio quantitativo, o movimento global de políticas de aperto monetário continuou a ganhar força, com o aumento expressivo no número de BCs sinalizando preocupação com a inflação, em especial devido à guerra, aos recentes choques de oferta e perspectiva de alta nas commodities, com diversas altas de juros. No ranking, entre 40 países, 70,00% mantiveram os juros, enquanto 27,50% elevaram as taxas e 2,50% cortaram”, diz o relatório da Infinity.
Confira o ranking completo:
Ranking
País
Juros reais*
Juros nominais
1
Rússia
30,07%
20,00%
2
Brasil
7,10%
11,75%
3
Colômbia
3,65%
4,00%
4
Chile
3,64%
5,50%
5
México
2,62%
6,00%
6
Turquia
1,44%
14,00%
7
Hungria
1,22%
3,40%
8
Indonésia
1,00%
3,50%
9
África do Sul
0,46%
4,00%
10
China
-0,01%
4,35%
11
Malásia
-0,05%
1,75%
12
Filipinas
-0,14%
2,00%
13
Hong Kong
-0,74%
0,86%
14
Índia
-0,90%
5,40%
15
Japão
-0,95%
-0,10%
16
Suíça
-0,98%
-0,75%
17
Israel
-1,40%
0,10%
18
Tailândia
-1,49%
0,68%
19
Nova Zelândia
-1,76%
1,00%
20
República Checa
-1,76%
4,50%
21
Coreia do Sul
-1,79%
1,25%
22
Reino Unido
-1,86%
0,75%
23
Polônia
-1,89%
3,50%
24
Suécia
-2,14%
0,00%
25
Cingapura
-2,20%
0,33%
26
Dinamarca
-2,30%
-0,60%
27
Austrália
-2,34%
0,10%
28
Grécia
-2,62%
0,00%
29
Áustria
-3,19%
0,00%
30
Portugal
-3,38%
0,00%
31
Taiwan
-3,48%
1,13%
32
Canadá
-2,31%
0,50%
33
França
-3,84%
0,00%
34
Estados Unidos
-4,28%
0,50%
35
Alemanha
-4,85%
0,00%
36
Holanda
-5,03%
0,00%
37
Espanha
-5,12%
0,00%
38
Itália
-5,35%
0,00%
39
Bélgica
-5,48%
0,00%
40
Argentina
-15,20%
42,50%
*Taxas de juros atuais descontadas a inflação projetada para os próximos 12 meses. Fonte: Infinity Asset