Investimentos

Vitreo lança fundo de varejo 100% voltado para a indústria de cannabis

O produto nasce do Canabidiol Light, antigo fundo da casa voltado para todos os perfis de investidores

Vitreo lança fundo de varejo 100% voltado para a indústria de cannabis
Funcionário fiscalizando mudas de cannabis (FOTO: Envato Elements-ckstockphoto)
  • As vendas globais em 2020 alcançaram a marca dos US$ 21,3 bilhões, o que representa um aumento de 48% em relação a 2019
  • O novo produto da Vitreo, o Cannabis Ativo, é voltado para o investidor comum
  • Com investimento mínimo de R$ 1 mil, o fundo tem uma composição entre 80% e 85% de ETF na carteira e 15% a 20% em ações de até 20 empresas

Nesta segunda-feira (24), a Vitreo lança o primeiro fundo de investimento 100% direcionado para a indústria da cannabis, o Cannabis Ativo. Este é o segundo produto da gestora neste segmento.

O primeiro fundo da casa, o Canabidiol, foi lançado para os investidores qualificados, com patrimônio investido maior ou igual a R$ 1 milhão.“O Canabidiol acumulou uma performance de quase 65% desde que foi lançado, em outubro de 2019, e apostamos que o setor ainda tem muito a crescer nos próximos anos”, diz George Wachsmann, sócio e chefe de gestão da Vitreo.

O novo produto terá como foco o mercado norte-americano, mais flexível em relação ao uso da maconha. Em nível estadual, por exemplo, apenas três estados dos cinquenta proíbem o uso completo da cannabis, seja ele medicinal ou recreativo, são eles: Nebraska, Idaho e Kansas. Em nível federal, porém, a maconha é ilegal.

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Só para se ter uma ideia do tamanho do setor,  as vendas de cannabis no estado da Califórnia atingiram os US$ 4,4 bilhões em 2020,  o que representa um aumento de 57% em relação com o ano anterior, segundo informações da Forbes.

Jojo, como também é conhecido o sócio da Vitreo, antecipou os detalhes do novo produto ao E-Investidor.

O fundo

O Cannabis Ativo nasce do antigo Cannabidiol Light, que pelas regras da CVM só era autorizado a investir apenas 20% no exterior. O produto era composto por 80% de CDI e 20% em ações estrangeiras.

Entretanto, em uma assembleia com os cotistas, foi aprovada a troca dos 80% no CDI por um swap de ETF do setor de cannabis no exterior, que é um tipo de derivativo. Com isso, ao invés de ser um fundo diluído 80-20, ele passará a ser 100% exposto à estratégia da cannabis.

“Aproveitamos e trocamos o nome, mas é uma transformação do Canabidiol Light. Quem estava no fundo, vai acordar segunda-feira (24) no fundo novo”, informa Wachsmann.

Com investimento mínimo de R$ 1 mil, o fundo com uma taxa de administração de 0,9% ao ano e não possui taxa de performance. “O Canabidiol, que é para o investidor qualificado, grosseiramente falando, tem sua carteira composta por 20% de ETFs e 80% ações de até 20 empresas. O Cannabis Ativo vai ser entre 80% e 85% de ETF e 15% a 20% nas mesmas ações”, diz.

A indústria da cannabis

A Indústria da cannabis é relativamente nova e foi se desenvolvendo conforme mais países foram afrouxando as suas legislações. Um relatório produzido pela BDSA, um centro de conhecimento e pesquisa de mercado com experiência no mercado de cannabis legal, informou que as vendas globais em 2020 alcançaram a marca dos US$ 21,3 bilhões, o que representa um aumento de 48% frente a 2019.

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A BDSA estima que este mercado possa atingir a faixa de US$ 55,9 bilhões em 2026, com um crescimento anual de mais de 17%, ou cerca de US$ 6 bilhões por ano.

A cannabis legal tem diversos usos e aplicações, cada uma conta com suas particularidades:

  • Medicinal: Essa foi a primeira utilização a ser liberada. Ela possibilita aos médicos receitarem remédios com base na planta e permite o uso da cannabis para consumo com o objetivo de tratar enfermidades e garantir qualidade de vida
  • Recreativo: Por meio de lojas especializadas, conhecidas como dispensários, adultos maiores de 21 anos podem adquirir uma vasta gama de produtos, desde a planta até seus derivados
  • Industrial: O uso envolve desde as fibras de cânhamo, que eram utilizadas antes mesmo do algodão, até os produtos infusionados com os princípios ativos da planta CBD e THC

Com a eleição de Joe Biden, que prometeu descriminalizar a cannabis no âmbito federal, os olhos dos investidores começaram a se voltar para a indústria. Atualmente nos EUA, os negócios ligados à cannabis não podem utilizar os serviços bancários de instituições federais sem sanções.

Wachsmann informa que por causa da proibição federal, as empresas não tinham acesso a conta bancária, crédito e asa vendas não poderiam utilizar cartão de crédito. Há uma série de restrições que dificultam a vida dessas companhias.

Este cenário, no entanto, está para mudar. Há um projeto de lei, o Safe Banking Act, visando proibir um regulador bancário federal de penalizar uma instituição por fornecer serviços bancários a uma empresa legítima relacionada à cannabis, resolvendo os problemas das empresas. Isso permitirá as companhias da indústria da cannabis a utilizarem livremente todos os serviços financeiros e bancários americanos.

A proposta já foi aprovada no congresso americano, mas ainda precisa de aprovação do Senado e depois segue para sanção de Biden. “O setor da Cannabis já emprega mais de 300 mil pessoas nos EUA. Apesar de ser proibido federalmente, 71% dos americanos vivem em algum lugar em que o uso medicinal ou recreativo já é autorizado. Parece que é só uma questão burocrática mesmo”, diz Wachsmann.

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Para o sócio da Vitreo, o Safe Banking Act é um grande catalisador da indústria da cannabis. Quando for aprovado, as empresas do segmento terão acesso ao mercado de capitais, investimentos e vão melhorar suas práticas contábeis.

“Você tem uma série de indicadores que são favoráveis para isso acontecer. Mas, lógico, temos que esperar, não é automático”, diz.

 

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