- Celeridade nos processos, aumento do controle e maior produtividade são algumas consequências do investimento em tecnologia nas companhias
- Mesmo em diferentes setores, os diretores financeiros das empresas da Bolsa apontam como a alocação de recursos para tecnologia é importante no orçamento
- Pesquisa mostra que entre as companhias listadas na B3, a relevância do digital faz parte das cinco principais prioridades no orçamento
Para além do “corona crash” no mercado financeiro, a crise do coronavírus impulsionou o desenvolvimento tecnológico nas empresas e nos serviços. Celeridade nos processos, aumento do controle e maior produtividade são algumas das consequências do investimento em tecnologia nas companhias.
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Entre as empresas com pelo menos US$ 200 milhões em receita anual, a relevância do digital faz parte das cinco principais prioridades no orçamento de 85% de chief financial officer (CFO), os diretores financeiros.
Uma pesquisa realizada pela Dimensional Research, em parceria com a empresa de tecnologia Rimini Street, ouviu 100 CFOs ao redor do País e revelou que 89% acreditam que o sucesso da companhia deve-se à transformação digital.
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Para especialistas em gestão financeira, acompanhar o desenvolvimento das tecnologias é essencial para ter destaque entre a concorrência. Para isso, é essencial a parceria entre o chefe financeiro e o chefe de informação (CIO, chief information officer).
Com treinamento de funcionários e início de operações com os projetos de inovação digital, o retorno para a instituição é notado imediatamente, de acordo com Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV. “As companhias listadas em Bolsa já usam tecnologia avançada para agilizar processos. É uma ferramenta essencial para as atividades diárias que, sem dúvida, reflete no orçamento”, diz.
“Pense em um negócio que não depende da tecnologia? Ele existe?”, indaga o professor Edson Germano, professor da FIA Business School. Segundo ele, das pequenas às grandes empresas, sempre existe um processo que pode ser otimizado com ajuda da tecnologia. Seja na adoção de softwares para controle e gestão, ou até com equipamentos inteligentes que possam automatizar processos manuais.
Para Germano, a Automação Robótica de Processos (RPA) é um exemplo de ferramenta que permite eliminar ou diminuir consideravelmente o tempo gasto com procedimentos repetitivos e manuais. Ou seja, se a sua operação custa menos, o custo do produto é menor e o lucro aumenta.
O resultado pode ser visto e acompanhado com indicadores periódicos. Além da mensuração de lucro, ebitda e receita gerada, o professor da FIA sugere que outras medidas como o Custo de Aquisição de Clientes (CAC), que mede quanto custa para a empresa adquirir um novo cliente, e o Valor de Tempo de Vida de um cliente (em inglês o Customer Lifetime Value), podem mostrar como os investimentos em tecnologia estão melhorando o desempenho da empresa.
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O que pensam os CFOs
Em diferentes setores, desde os já nascidos no digital aos mais tradicionais, os diretores financeiros das empresas em Bolsa apontam como a alocação de recursos para tecnologia tem sido relevante no orçamento.
Para Helena Lopes Caldeira, CFO do Banco Inter (BIDI11), os negócios digitais são a base da empresa, que oferece serviços bancários para clientes. “Como não temos agências físicas, todo relacionamento e serviços que oferecemos aos nossos clientes passam pelo digital. Buscamos diariamente fortalecer e investir cada vez mais em inovação e tecnologia”, diz Caldeira.
Ele destaca que, por conta da essência digital, a empresa acompanha os avanços do mercado, como as carteiras digitais, pagamento on-line e o processo de Open Banking. “Buscamos agregar novas tecnologias, seja de forma interna com nosso time ou por meio de aquisições estratégicas, para sustentar a nossa transformação”, afirma.
De acordo com o CFO da Yduqs (YDUQ3), Eduardo Haiama, o setor de educação é a área onde há maior possibilidade de ganho com a digitalização. Ele destaca que a modernização do ensino contribui para adaptar o aprendizado às necessidades do aluno com elevada qualidade.
O vice-presidente de operações corporativas, Rossano Marques, relata que a atuação digital da segunda maior empresa de educação do Brasil vai desde o envio de armazenamento de documentos do aluno até o ambiente de ensino digital.
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Os executivos descrevem ainda que todos os sistemas foram migrados para a nuvem de forma integral, garantindo segurança aos alunos. “Agora temos uma cultura de dados e um novo sistema informacional. Isso habilita o uso de estratégias avançadas de Inteligência Artificial e machine learning para atender os clientes de forma individualizada e otimizada”, diz Marques.
Embora não seja nativa digital, a rede de farmácia Pague Menos (PGMN3), fundada em 1981, garante que os investimentos em tecnologia são estratégicos. Segundo o CFO, Luiz Renato Novais, a transformação digital faz parte da cultura de inovação da companhia e possibilita impacto positivo no retorno financeiro.
O executivo ressalta que a pandemia acelerou processos que estavam em andamento, o que provocou o aumento de 140% em serviços digitais realizados entre o primeiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2021.
“Um dos pontos importantes dessa mudança são os investimentos na plataforma omnichannel, que continua se desenvolvendo rapidamente e promovendo integração completa entre lojas físicas, site, aplicativo, marketplace e televendas. Agora conseguimos vender e entregar produtos onde e como o cliente quiser”, diz Novais.
Para o diretor financeiro e de relações com investidores da Cia. Hering (HGTX3), Rafael Bossolani, a digitalização visa o incremento de receita e margem. “Em 2021, nosso programa de investimentos em tecnologia prioriza a reestruturação da arquitetura de sistemas e dados, desenvolvimento de infraestrutura, plataformas digitais e inovação”, destaca. Segundo ele, a pandemia potencializou os serviços digitais e fez com que as vendas on-line ganhassem peso e relevância dentro da companhia, que espera atingir faturamento de R$ 300 milhões com e-commerce em 2021.
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