- Uma das aplicações favoritas dos brasileiros, passa a render um pouco mais. Mas será que é o suficiente para o investimento na caderneta valer a pena?
- Com a inflação no atual patamar, quem possui valores guardados na poupança está perdendo poder de compra, porque a valorização do seu dinheiro aplicado não supera o aumento medido pelo IPCA
- Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, acredita que nem com a Selic mais alta a poupança é atrativa para os investidores
Por mais uma reunião consecutiva, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic em 0,75 ponto percentual, que agora passa a ser de 3,50% ao ano. Com isso, a poupança, ainda uma das aplicações mais popoulares entre os brasileiros, passa a render um pouco mais. Mas será que é o suficiente para o investimento na caderneta valer a pena?
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A poupança hoje rende o equivalente a 70% da Selic mais a taxa referencial, que está zerada desde 2017. Segundo dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), com a Selic em 3,50% ao ano, a poupança passa a ter um rendimento anual de 2,45%, o que equivale a 0,20% ao mês.
Inflação
Um dos pontos que mais afetam os investimentos na poupança é o fato da inflação estar em alta. De acordo com o IBGE, até março de 2021, a inflação medida pelo IPCA estava em 6,1% no acumulado dos últimos 12 meses.
Com a inflação nesse patamar, quem possui valores guardados na poupança está perdendo poder de compra, porque a valorização do dinheiro aplicado não supera o aumento medido pelo IPCA. Isso é o que chamamos de “perder para a inflação”, ou ter retornos negativos.
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“Este cenário gera pressão ao investidor, que precisa superar a inflação – hoje com projeções de 5,04% para 2021. Ter um rendimento abaixo da inflação é, literalmente, perder dinheiro. É fazer com que o seu dinheiro não renda o mínimo para compensar o aumento dos preços na economia. Em outras palavras, se o valor investido render menos do que a inflação, a mesma quantia não comprará no futuro o que pode comprar hoje”, diz Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb investimentos.
Para fazer o cálculo da rentabilidade real da poupança, é preciso descontar o ganho o IPCA do período. Como a projeção para inflação em 2021 é de 5,04%, segundo o último Boletim Focus, os investidores da poupança perdem 2,59 pontos percentuais de poder de compra.
Por exemplo, ao aplicar R$ 100 na poupança hoje, daqui a 12 meses você terá R$ 102,45. Contudo, com o desconto da inflação, o saldo real será de R$ 97,28.
Apesar de muita gente estar de olho na Selic, Leandro Benincá, educador financeiro da Messem Investimentos, destaca que ela é uma taxa de referência, principalmente para negócios de curtíssimo prazo. “Para os investidores, tudo segue igual. É preciso ter foco no longo prazo, na segurança dos investimentos e na longevidade do dinheiro”, diz.
Para o educador, o investidor precisa olhar os juros de longo prazo. É ele que determina os empréstimos que fazemos e o crédito que as empresas e as pessoas têm. ”Isso é o que realmente afeta o nosso dia a dia”, diz.
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Adriano Germenink, analista da Ágora Investimentos, faz uma estimativa de qual seria o patamar necessário na Selic para que a poupança tivesse um rendimento real. A hipótese considera que o IPCA continue na faixa dos 5% nos próximos 12 meses.
“Com uma Selic a 7,5%, a poupança passa a ter rendimento de 5,25% ao ano. Considerando o cenário atual de inflação, ela conseguiria cobrir a diferença e o investidor ainda teria algum rendimento”, diz.
Entretanto, Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, acredita que nem com a Selic mais alta a poupança é atrativa para os investidores, salvo raras exceções. “Somente em casos de pessoas com perfil extremamente conservador e que tenham investimentos muito pequenos”, diz.