- Na manhã desta terça-feira (27), o IPCA-15 de junho apresentou uma desaceleração e reforça a narrativa de um ambiente econômico favorável para a queda dos juros
- Desde agosto do ano passado, a Selic, taxa básica de juros, segue “congelada” no patamar dos 13,75% ao ano
- Com o recuo da inflação, o mercado espera que o início do corte da Selic aconteça em agosto, o que deve favorecer os ativos da bolsa de valores
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sinalizou que o corte da taxa de juros pode acontecer em agosto, como o mercado deseja, caso o processo desinflacionário persista. O comunicado trouxe ânimo para os investidores nesta terça-feira (27) ao ponto do Ibovespa, principal índice da B3, iniciar as negociações com uma alta de 0,72% aos 119.095,20 pontos nos primeiros minutos do pregão.
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A ata chega como um alívio para o mercado, que estava “frustrado” com a ausência de uma sinalização favorável para o corte de juros no comunicado emitido logo após a reunião do Copom, no último dia 21 de junho. Na ocasião, o Comitê decidiu manter a taxa Selic a 13,75% ao ano, como o mercado já era previsto, mas evitou dar “pistas” sobre o fim do ciclo de aperto monetário. Agora, a mensagem da ata reforçou a narrativa do mercado, com o resultado do IPCA-15 de junho que mostrou uma desaceleração da inflação.
O indicador apresentou uma leve alta de 0,04% neste mês após registrar um crescimento de 0,51% em maio. “Os números – assim como os outros divulgados anteriormente – mostram um arrefecimento importante. Esses dados podem ajudar positivamente o cenário do Banco Central”, diz Gustavo Sung, da Suno Research. Mas o Banco Central ainda não está “convencido” de que o cenário segue propício para o corte de juros. Por isso, o colegiado aguarda a divulgação de novos dados para ter uma perspectiva mais consolidada da inflação no Brasil.
Oportunidades os investimentos
De qualquer forma, independente do corte de juros acontecer na próxima reunião em agosto ou não, as projeções do mercado já apontam um alívio na taxa de juros no segundo semestre. Segundo o último Boletim Focus, a previsão é que a Selic encerre 2023 no patamar de 12,25% ao ano, o que representa uma queda de 1,5% na taxa de juros. Com essa perspectiva no radar, os analistas de mercado afirmam que o atual momento é ideal para investir em ativos de renda variável.
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“O investidor vai pegar boas companhias a múltiplos bem baratos e vai conseguir antecipar esse momento de ciclo de queda de juros, quando as ações devem valorizar bastante”, afirmou María Fontes, analista e co-fundadora da Nord, em entrevista ao E-Investidor no último mês sobre as expectativas para a queda dos juros. As oportunidades também surgem para os fundos imobiliários de tijolo que, assim como a maioria das ações da Bolsa, seguem com descontos de quase 30%.
Como mostramos nesta reportagem, os FIIs tendem a ficar também mais atrativos e o desempenho do IFIX já aponta para essa tendência. No acumulado de 2023, o índice que reúne os principais fundos do mercado apresenta uma alta de 8,24%. “Independentemente do ritmo desse corte, devemos ter um ambiente mais propício para ativos de risco, em que os investidores deverão voltar a olhar para instrumentos com maiores retornos”, diz Alessandro Correia, sócio e head de Agro da Vectis Gestão.
Renda fixa
Os ativos de renda fixa também não devem perder a atratividade, mas os investidores precisam ficar atentos à dinâmica do novo cenário econômico para possíveis mudanças no portfólio. Segundo Jacqueline Benevides, especialista de renda fixa e sócia na L4 Capital, os CDBs pós-fixados, por exemplo, devem continuar atrativos, mas não por muito tempo. Para ela, o prazo ideal para manter os títulos na carteira é até o fim do primeiro semestre de 2024.
A perspectiva dela acontece porque o ritmo de corte de juros será gradual e lento no Brasil, o que não deve trazer mudanças bruscas na rentabilidade dos ativos. “Vale mais a pena olhar para os prefixados com vencimentos superiores a dois anos, quando a Selic deve arrefecer de verdade”, diz. Veja mais sobre onde investir em renda fixa nesta reportagem.
* Com participação de Luíza Lanza