- Os recentes casos envolvendo empresas do setor de varejo despertaram a preocupação dos investidores
- Enquanto a Americanas (AMER3) se encontra em um processo de recuperação judicial com uma dívida na ordem de R$ 47,9 bilhões e uma lista de mais de 7.900 credores, a Lojas Marisa (AMAR3) passa por um processo de reestruturação após o diretor-presidente da companhia, Adalberto Pereira dos Santos, renunciar ao cargo na terça-feira (07)
- Quando os dados são cruzados, revela-se que ao todo 4,2 mil fundos estavam expostos a pelo menos uma das duas varejistas, envolvendo 3,121 milhões de cotistas e um total de R$ 6,95 bilhões em ativos
Os recentes casos envolvendo empresas do setor de varejo despertaram a preocupação dos investidores. Enquanto a Americanas (AMER3) se encontra em um processo de recuperação judicial com uma dívida na ordem de R$ 47,9 bilhões e uma lista de mais de 7.900 credores, a Lojas Marisa (AMAR3) passa por um processo de reestruturação após o diretor-presidente da companhia, Adalberto Pereira dos Santos, renunciar ao cargo na terça-feira (07).
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No mesmo dia, a varejista de vestuário contratou a BR Partners para assessorá-la na renegociação de seu endividamento financeiro, que chegava a R$ 566,1 milhões no terceiro trimestre de 2022. A Galeazzi Associados, também recém-contratada, deve auxiliar no aperfeiçoamento da estrutura de custos da companhia. Nesta quinta-feira (09), as ações da Marisa fecharam o dia cotadas a R$ 0,82, em queda de 22,64%.
Segundo levantamento da Nelogica/Comdinheiro realizado a pedido do E-Investidor, 3,4 mil fundos de ações e debêntures somam R$ 6,956 bilhões em ativos alocados na Americanas, com um impacto para 2,9 milhões de cotistas. Já a Marisa compromete 1,4 mil fundos, com um montante de R$ 1,45 milhão em termos de ações e debêntures e 1,5 milhão de cotistas.
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Quando os dados são cruzados, revela-se que ao todo 4.231 fundos estavam expostos a pelo menos uma das duas varejistas, envolvendo 3,121 milhões de cotistas e um total de R$ 6,958 bilhões em ativos.
Um cenário de alta de juros somado à falta da capacidade das empresas de gerar caixa pode estar por trás da realidade negativa para o setor. “Quando a Americanas teve um rombo, isso impactou a confiabilidade de todo o sistema de crédito. Mas mesmo antes desse caso, a capacidade de pagamento de juros dessas companhias já estava comprometida, principalmente no setor de varejo, que perde receita pela falta de crédito, com menos pessoas podendo comprar nas lojas”, afirma Filipe Ferreira, Diretor Financeiro da Nelogica/Comdinheiro.
Na história
No ano de 2020, outro grupo do setor de varejo já havia entrado com um plano de recuperação extrajudicial alegando uma dívida líquida de R$ 1,6 bilhão: a Restoque, dono de marcas como Le Lis Blanc, John John, Bo.Bô e Dudalina. Em agosto do mesmo ano, a companhia apresentou uma proposta para converter o valor em ações, medida aceita por cerca de 97% dos investidores da companhia na época. O grupo agora está na fase final do seu processo de reestruturação e passou a se chamar Veste, com um novo ticker na Bolsa (VSTE3).
Na visão de Ferreira, a dona da Le Lis Blanc foi precursora da crise enfrentada atualmente por Americanas e Marisa. “Essa conjuntura já se exemplificou com a Restoque, que enfrentou dificuldade de pagamento de suas dívidas e optou por convertê-las, já que encontrou dificuldades em encontrar credores dispostos a refinanciar a empresa”, diz.
Quando se consideram os números de Americanas, Marisa e Veste, 4.243 fundos possuem aportes em uma, duas ou nas três empresas, com R$ 7,5 bilhões em ações e debêntures e 3,137 milhões de cotistas envolvidos, segundo levantamento da Nelogica/Comdinheiro.
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