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Quanto rendem R$ 50 mil nas ações que pagam dividendos acima da Selic?

Apenas 16 ações podem entregar um retorno em dividendos (dividend yield) superior à taxa nos próximos 12 meses

Quanto rendem R$ 50 mil nas ações que pagam dividendos acima da Selic?
Foto: Envato Elements

O Comitê de Política Monetária (Copom) fez um corte de 0,50 ponto percentual na Selic no mês passado. Agora, a taxa está em 10,75% ao ano, o menor patamar desde fevereiro de 2022.

Diante deste cenário, apenas 16 ações negociadas na bolsa de valores podem entregar um retorno em dividendos (dividend yield) superior à Selic nos próximos 12 meses, segundo levantamento de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, para o E-Investidor.

Foram consideradas empresas que integram o índice Ibovespa, índice Small Cap, Índice de Dividendos (IDIV) e o (Índice Brasil) IBRX, que apresentam boa liquidez.

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O levantamento considerou o retorno em dividendos projetado para os próximos 12 meses, desde que a empresa tenha lucro igual ou superior ao dos últimos 12 meses e mantenha a mesma política de distribuição de dividendos.

O estudo também trouxe o dividend yield entregue pelas ações nos últimos 12 meses. Para entender melhor o histórico de remuneração da empresa, foi calculada a mediana dos últimos 5 anos destes papéis. Para aqueles que possuem menos tempo de Bolsa, foi considerada a mediana desde o IPO (oferta pública inicial).

Entre os destaques está a Metal Leve (LEVE3), com um dividend yield projetado para os próximos 12 meses de 29,87%. Contudo, a sua mediana de remuneração nos últimos 5 anos foi de apenas 8,08%.

Na segunda posição está a geradora Auren (AURE3), que apresenta um dividend yield projetado para os próximos meses de 28,55%. Mas, na mediana de remuneração desde a sua estreia na bolsa, em 2022, o retorno com proventos foi de 23,35%.

Confira a lista completa abaixo:

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Quanto rendem R$ 50 mil aplicados nestas ações?

Um levantamento feito por Felipe Pontes, cofundador da L4 Capital, a pedido do E-Investidor, revela quanto rendem R$ 50 mil investidos nas ações que pagam proventos acima da Selic.

Para trazer uma visão mais realista (diante do histórico de remuneração da empresa e evitar distorções por proventos extraordinários), foi considerada a mediana do dividend yield nos últimos 5 anos. Ou para empresas mais novas, a mediana desde o IPO.

O levantamento apresentou um cenário no qual consta o investimento necessário sem o reinvestimento dos dividendos. Ou seja, o investidor recebe proventos, mas os gasta. Foi calculado também o retorno mensal, que é a divisão do ganho anual em 12 meses.

No caso da Auren (AURE3), por exemplo, R$ 50 mil investidos teriam um rendimento de R$ 11,675, sem reinvestimento de proventos. Por mês, o investidor contaria com uma renda de R$ 972,92.

Na Petrobras (PETR4), a rentabilidade anual de R$ 50 mil aplicados seria próxima da Auren, de R$11,775. Já o retorno mensal chegaria a R$ 981,25.

Veja simulação:

Quem segue firme e quem não?

Analistas consultados pelo E-Investidor citam quais companhias ainda terão capacidade de entregar proventos interessantes em 2024 e em quais os retornos foram atípicos e não devem se repetir.

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Max Bohm, estrategista de ações da Nomos, acredita que Metal Leve (LEVE3), Petrobras (PETR4), Vulcabras (VULC3) e Mitre (MTRE3) pagaram dividendos elevados em 2023, porém não sustentáveis. Já entre as companhias que devem seguir entregando um dividend yield superior a 10,75% Bohm enumera: Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Copasa (CSMG3), Vale (VALE3), CSN Mineração (CMIN3) e BrasilAgro (AGRO3).

Para o estrategista de ações, a Vale não tem muitos investimentos a fazer, gera muito caixa e deve continuar remunerando bem os acionistas seja via dividendos, juros sobre capital próprio ou recompras de ações. “A companhia deve continuar entregando bons yields em 2024 e 2025”, destaca.

Com a Copasa o cenário é semelhante, principalmente se tratando de uma empresa em um setor perene e maduro como o saneamento.

Na BrasilAgro, que trabalha com a venda e desenvolvimento de fazendas, Bohm espera que a companhia entregue um dividend yield superior a 10% com a venda de alguma terra em 2024.

Em relação a Metalúrgica Gerdau, holding que investe na siderúrgica Gerdau (GGBR4), Bohm acredita que a companhia se encontra no seu melhor momento - com uma dívida abaixo do seu histórico, o que abre espaço para remunerar melhor os acionistas. “A companhia não tem investimentos a fazer, nos últimos anos a Gerdau desinvestiu de ativos e deve continuar distribuindo esse caixa aos acionistas”, pontua.

Milton Rabelo, analista da VG Research, também possui uma visão positiva para Metalúrgica Gerdau. Ele projeta dividendos de 15% nos próximos 12 meses. Entre as vantagens, Rabelo cita que a companhia é perene, líder de mercado e com um valuation (avaliação) muito atrativo por conta de um momento desafiador no setor. “A metalúrgica Gerdau apresenta um bom nível de eficiência e endividamento saudável, além de gerar caixa e pagar proventos robustos”, pondera.

Para Rabelo, o investimento nesta empresa deve ser com olhar de longo prazo. Contudo, o analista elenca alguns riscos da companhia, entre estes a flutuação do minério de ferro e baixa alíquota de importação do aço chinês, que acabam pressionando a lucratividade da Metalúrgica Gerdau. "Existem discussões do setor com o governo brasileiro a respeito da possibilidade de aumento da alíquota, mas não é possível contar com nada muito concreto, no momento”, afirma o analista da VG.

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Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Research, acredita que a Metal Leve deve entregar um dividendo inferior ao registrado em 2023. A companhia chegou a fazer uma oferta secundária (follow-on) condicionada ao pagamento de proventos para auxiliar o seu controlador.  “Pensando nas operações da companhia, não vejo a Metal Leve pagando dividendos fora da curva ou que superem os 10% ou 15%”, avalia.

Auren também teve distribuições extraordinárias no ano passado, que potencializaram o seu dividend yield, mas, segundo Bueno, a companhia também deve reduzir os seus dividendos e pagar algo mais próximo de 8% a 10% de retorno em proventos. “Temos visto algumas notícias que sinalizam que a Auren pode estar interessada em adquirir outras empresas para crescer no mercado, principalmente de geração de energia, como é o caso da AES Brasil”, explica. Com aumento dos investimentos, os dividendos também podem recuar.

Leandro Botelho, gerente de projetos e sócio da Ipê Avaliações, também tem uma visão positiva para Auren. Ele destaca que empresas do setor de energia têm uma posição de mercado forte e podem gerar fluxos de caixa consistentes que permitam sustentar os dividendos ao longo do tempo. Ele acredita que a exposição a Auren pode ser feita pensando no longo prazo, mas também poderia servir para uma alocação tática se o investidor quiser usufruir das oportunidades no curto prazo.

Entre os riscos de investir, Botelho cita mudanças regulatórias e concorrência, além de disponibilidade de recursos naturais e investimentos em infraestrutura que poderiam afetar a capacidade de pagar dividendos no longo prazo.

Histórico de geração de caixa

Bueno, da Nord, destaca também sua preferência pela Vale (VALE3) e cita que a companhia tem um histórico robusto de geração de caixa, apesar das oscilações do minério de ferro. “A empresa tem uma geração muito forte, com isso distribui muitos dividendos”, defende.

Já no segmento de construção e incorporação, Bueno está receoso com a Mitre e cita que a companhia não vem apresentados resultados bons impactada pelo segmento de média renda.

Para o analista, faz mais sentido o investidor fazer uma troca estratégica por outra incorporadora, a Lavvi (LAVV3), que também trabalha com público de alta renda em São Paulo. “A Lavvi tem maior previsibilidade dentro do seu segmento, o maior retorno sobre patrimônio líquido (ROE) do setor e paga bons dividendos”, pontua.

Como a Lavvi tem pouca dívida, Bueno destaca o caixa robusto da empresa, que deve fortalecer a continuidade dos proventos. Já na Mitre, embora o yield atual seja maior, o analista acredita que possa existir o risco de desvalorização que pode afetar o psicológico do investidor.

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No agro, Bueno também tem outra preferência, a Kepler Weber (KEPL3), no lugar da Brasilagro (AGRO3). A fabricante de silos tem capacidade de entregar um dividend yield de 9%, segundo o analista. Embora inferior a Selic, o provento é recorrente, na visão dele.

O analista da Nord considera que Copasa e Cemig também são empresas interessantes para dividendos, contudo, o risco de federalização preocupa e poderia não ser favorável a distribuição de proventos no futuro.

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