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Dividendos: analistas colocam Caixa Seguridade (CXSE3) e BB Seguridade (BBSE3) frente a frente. Quem paga mais após enchentes no RS?

Ambas empresas de seguros devem sofrer impactos do desastre provocado pelas chuvas no Sul do País; confira as recomendações

Dividendos: analistas colocam Caixa Seguridade (CXSE3) e BB Seguridade (BBSE3) frente a frente. Quem paga mais após enchentes no RS?
Analistas falam dos impactos do desastre no Rio Grande do Sul nos dividendos de BB Seguridade e Caixa Seguridade. (Foto: Ajdin Kamber em Adobe Stock)

A Caixa Seguridade (CXSE3) e a BB Seguridade (BBSE3) devem apresentar impactos das enchentes no Rio Grande do Sul nos balanços do segundo trimestre de 2024, o que pode ser relevante para os lucros e os dividendos, afirmam analistas da UBS BB e do Goldman Sachs em relatórios enviados recentemente.

Os analistas do Goldman Sachs apontam que o lucro líquido da BB Seguridade no segundo trimestre de 2024 deve alcançar R$ 1,9 bilhão, um aumento de 4% em relação ao mesmo período do ano passado. O Goldman Sachs reconhece impactos das enchentes no Rio Grande do Sul no balanço da companhia e em seus proventos, mas de forma menos severa do que em anos anteriores.

“A média histórica de sinistros da Brasilseg no Rio Grande do Sul é de 16%. No entanto, nos meses de abril e maio, 38% dos sinistros da Brasilseg foram originados no Rio Grande do Sul. A taxa média de sinistros aumentou para 50% em maio, enquanto a proporção no estado gaúcho saltou para 242%. Entretanto, observamos que o aumento permaneceu em um nível administrável e bem abaixo dos picos observados no início de 2022 e início de 2023. Na época, a La Niña gerou reivindicações mais altas no sul do Brasil”, afirmam Tito Labarta, Tiago Binsfeld, Beatriz Abreu e Lindsey Shema, que assinam o relatório do Goldman Sachs.

Os especialistas também mencionam que, neste momento, o ideal para o investidor da BB Seguridade é observar os impactos da transição entre o fenômeno climático El Niño e La Niña. Meteorologistas apontam que essa transição deve ocorrer entre o fim de 2024 e o início de 2025. O fenômeno El Niño provoca seca severa na região da Amazônia e chuvas descontroladas no Sul do Brasil. Já La Niña causa uma enorme seca no Sul do Brasil e chuvas muito acima da média no Norte do Brasil. O fenômeno climático pode aumentar os sinistros devido ao descontrole do clima.

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No contexto dessas previsões, o Goldman Sachs estima que a BB Seguridade anunciará um pagamento de R$ 1,44 em dividendos por ação referente aos resultados do segundo trimestre de 2024. Para o acumulado do ano, a estimativa é de um pagamento de R$ 2,96 em proventos.

Para o acumulado de 2024, o Goldman Sachs prevê que os dividendos pagos pela seguradora correspondam a 8,6% do valor de mercado da empresa. Com um dividendo abaixo de dois dígitos e as expectativas de um lucro estável e crescimento moderado nos próximos 12 meses, o Goldman Sachs mantém uma recomendação neutra para a BB Seguridade, com preço-alvo de R$ 37,00. A cifra representa uma potencial alta de 8,31% em relação ao fechamento de terça-feira (23), quando a ação encerrou o pregão a R$ 34,16.

Dividendos da Caixa Seguridade

O UBS BB comenta que os dividendos da Caixa Seguridade também serão impactados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Os analistas apontam que os dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram que a companhia teve um aumento de 219% no índice de sinistralidade. O principal peso dessa piora foi nos seguros hipotecários, segmento que registrou uma sinistralidade de 40%, quase o dobro da média histórica de 23%.

Ainda assim, os especialistas observam que a empresa fez resseguros, o que minimizou os impactos com um aporte de R$ 103 milhões. Contudo, a suavização não foi suficiente para os analistas deixarem de reduzir suas estimativas de lucro e receita para a Caixa Seguridade, afetando diretamente os dividendos da companhia.

A equipe reduziu as estimativas de lucro para 2024 em 5%, com a seguradora projetando um lucro líquido de R$ 3,74 bilhões para o ano. A expectativa de lucro para 2025 também foi reduzida em 2%, para R$ 4,3 bilhões ao longo do próximo ano.

“Devido a essas estimativas, estamos reduzindo nosso preço-alvo de R$ 16 para R$ 15 para os próximos 12 meses e mantemos nossa recomendação neutra”, explicam Kaio Prato, Leandro Leite e Camila Azevedo, que assinam o relatório do UBS BB.

O novo preço-alvo de R$ 15 representa um potencial de alta de 4,09% em relação ao fechamento de terça-feira (23), quando a ação encerrou o pregão a R$ 14,41. Em meio à recomendação neutra e a um lucro menor, o UBS BB estima que a Caixa Seguridade deve pagar 7,6% do seu valor de mercado em dividendos. Esse número representa uma queda de 2,7 pontos porcentuais em relação aos 10,3% de rendimentos em proventos pagos ao longo de 2023.

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Com base nessas estimativas, a BB Seguridade deve pagar mais dividendos, com uma rentabilidade de 8,6% ao ano, contra um rendimento de 7,6% da Caixa Seguridade.