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Investimentos

Dividendos de holding ou subsidiária? Compare os ganhos entre Itaúsa e Itaú, Cosan e Raízen e outras mais

Colocamos lado a lado estas duplas mais Metalúrgica Gerdau x Gerdau, Bradespar x Vale e Klabin x Monteiro Aranha para você decidir onde investir

Dividendos de holding ou subsidiária? Compare os ganhos entre Itaúsa e Itaú, Cosan e Raízen e outras mais
Itaúsa (ITSA3; ITSA4), . (Foto: Rafael Henrique / Adobe Stock)

Na Bolsa de Valores existem algumas estruturas que permitem ao investidor diversificar seu portfólio com apenas a compra de uma ação. Se trata das holdings, que podem reunir participação em uma ou mais empresas. Por conta dos custos da operação,  geralmente as holdings negociam com um desconto no mercado, que em alguns casos favorece um dividend yield (retorno em dividendos) maior.

Nomes como Itaúsa (ITSA3; ITSA4), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Cosan (CSAN3), Bradespar (BRAP4) se encaixam no perfil de holdings. Mas para quem busca dividendos, será que investir em holding é uma boa alternativa? Veja a seguir alguns pontos a levar em consideração.

Vantagens de investir em uma holding

A principal vantagem de uma holding está na diversificação, permitindo que o investidor possa adquirir um pacote de empresas que apresentam sinergias entre elas, afirma Bruno Oliveira, analista CNPI do Projeto Vida de Acionista.

Outro benefício de investir em uma holding fica com a possibilidade de aplicar o dinheiro em empresas de capital fechado, que por não serem listadas não estão ao alcance do investidor pessoa física, aponta Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest. “Quando essas empresas não listadas são boas geradoras de caixa, pode representar uma boa alternativa para a holding receber um volume maior de dividendos”, afirma. Um exemplo disso pode ser visto na Itaúsa, holding que no seu portfólio de sete empresas possui três companhias de capital fechado: Aegea, Copa Energia e NTS.

Quando o assunto diz respeito a dividendos, muitas vezes as holdings podem apresentar boas distribuições. Isso porque elas não estão diretamente envolvidas em atividades produtivas e desta forma podem ter menos necessidade de reinvestir os lucros nas operações do dia a dia, permitindo pagamentos mais generosos, aponta Diogo Pasuch, sócio na Attivo Assessoria Contábil e pós doutorando em contabilidade no Mackenzie.

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Elas também podem ter uma política de dividendos mais agressiva, recebendo proventos de várias subsidiárias e repassando em maior proporção aos acionistas, diz Pasuch. E podem até optar por distribuir lucros acumulados de períodos anteriores, aumentando temporariamente o dividend yield. O objetivo de algumas holdings pode ser atrair investidores que buscam renda passiva.

Como o dividendo depende de várias subsidiárias, este rendimento pode ser mais estável do que nas controladas, comenta Renato Reis, analista da Blue3 Research. Tal vantagem se deve à diversificação, já que se uma companhia está com prejuízo é possível compensar esse resultado com o desempenho positivo de outra empresa dentro da holding.

Existe desconto de holding?

Outro benefício de investir em uma holding é que a maioria delas negocia com desconto na Bolsa de Valores. Desta forma, ao aportar nas holdings e receber dividendos, o investidor pode alcançar um dividend yield maior, explica Gabriel Duarte, analista da Ticker Research. O desconto ocorre porque a holding tem custos operacionais para manter a estrutura, que são sempre deduzidos do valor final do conglomerado, diz o analista. Então, muitas vezes, ao comparar  a soma do valor de mercado das empresas presentes no portfólio com o valor da holding ocorre a dedução destes custos, o que se traduz em desconto.

As holdings também podem acabar enfrentando outras situações que contribuem com o desconto, mas que não necessariamente representam uma oportunidade. Entre estas, Pasuch cita: estrutura complexa e transparência limitada, o que torna difícil para os investidores entender o valor de cada participação.

Além disso, ele lembra da falta de controle direto que pode levar investidores a preferir investir nas subsidiárias; a liquidez menor que resulta em maior volatilidade e menor atratividade; e as maiores cargas fiscais, por conta de dividendos recebidos e repassados. Risco de alocação de capital, com a holding investindo em novas iniciativas que não gerem o retorno esperado, também precisa ser levado em consideração pelo investidor.

Desta forma, Pasuch cita que o desconto de holding costuma ser comum, mas a sua presença nem sempre deve ser encarada como oportunidade de investimento. É fundamental analisar caso a caso para verificar os fatores que contribuem com este desconto.

O dividend yield da holding pode ser maior? Veja comparações

Diante do desconto e desde que a holding opte por distribuir dividendos, o dividend yield costuma ser maior do que nas subsidiárias, revela levantamento do TradeMap para o E-Investidor.  Observando o horizonte de cinco anos, holdings como Itaúsa, Metalúrgica Gerdau, Bradespar e Monteiro Aranha conseguiram entregar um retorno em proventos superior ao das subsidiárias.

Antes das comparações, vale lembrar o investidor que retorno passado não garante retorno futuro.

Itaú x Itaúsa

A holding Itaúsa investe no Itaú (ITUB3; ITUB4), Alpargatas (ALPA4), Dexco (DXCO3), CCR (CCRO3), a empresa de saneamento Aegea, a distribuidora de gás Copa Energia e a transportadora de gás NTS. Atualmente cerca de 85% do resultado da Itaúsa vem do Itaú. Segundo levantamento do TradeMap, o investidor que comprou as ações do Itaú em 2019 acumulou um dividend yield de 41,48%, enquanto o investidor de Itaúsa teve um retorno em dividendos de 50,26%.

Evolução do dividend yield ano a ano

2019 2020 2021 2022 2023 2024*
ITUB4 12,83% 5,28% 4,21% 5,59% 5,54% 5,45%
ITSA4 14,23% 6,03% 4,20% 8,62% 7,80% 5,19%

Fontes: TradeMap e B3. *Para o cálculo de dividend yield foram utilizados os dividendos pagos por ação até 02/08/2024.

Dividend yield acumulado nos últimos cinco anos

Itaú (ITUB4) Itaúsa (ITSA4)
Dividend yield acumulado desde 2019 41,48% 50,26%

Fonte: TradeMap. Considera todos os dividendos pagos nos últimos cinco anos e o preço de fechamento no fim de 2018

Metalúrgica Gerdau x Gerdau

A Metalúrgica Gerdau (GOAU4) possui 33,34% das ações da Gerdau (GGBR3). Segundo dados do TradeMap, a holding supera a subsidiária quando o assunto é dividendos. Nos últimos cinco anos, a Gerdau entregou um dividend yield de 91,65%, enquanto a Metalúrgica Gerdau teve um retorno em dividendos de 137,09%.

Evolução do dividend yield ano a ano

2019 2020 2021 2022 2023 2024*
GGBR4 2,72% 2,26% 17,46% 16,48% 6,22% 1,87%
GOAU4 3,59% 3,15% 32,87% 14,32% 14,36% 2,26%

Fontes: TradeMap e B3. *Para o cálculo de dividend yield foram utilizados os dividendos pagos por ação até 02/08/2024.

Dividend yield acumulado nos últimos cinco anos

Gerdau (GGBR4) Metalúrgica Gerdau (GOAU4)
Dividend yield acumulado desde 2019 91,65% 137,09%

Fonte: TradeMap. Considera todos os dividendos pagos nos últimos cinco anos e o preço de fechamento no fim de 2018

Bradespar x Vale

Da mesma forma que a Gerdau, a Bradespar é uma holding de um único ativo. Ela possui 3,8% do capital votante da Vale. Nos últimos cinco anos, a Bradespar entregou um dividend yield de 291,88%, enquanto o retorno em proventos da Vale foi de 110,68%.

Evolução do dividend yield ano a ano

2019 2020 2021 2022 2023 2024*
VALE3 4,49% 7,13% 25,35% 12,52% 8,03% 3,84%
BRAP4 15,24% 19,21% 66,59% 17,64% 12,14% 4,88%

Fontes: TradeMap e B3. *Para o cálculo de Dividend Yield foram utilizados os dividendos pagos por ação até 02/08/2024.

Dividend yield acumulado nos últimos cinco anos

Vale (VALE3) Bradespar (BRAP4)
Dividend yield acumulado desde 2019 110,68% 291,88%

Fonte: TradeMap. Considera todos os dividendos pagos nos últimos cinco anos e o preço de fechamento no fim de 2018

Cosan x Raízen

A Cosan (CSAN3) tem como subsidiárias a Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4), Radar, Vale (VALE3), Compass e Moove. Se comparado o seu retorno em proventos com a Raízen, a holding perde para a subsidiária. No horizonte de três anos, a Cosan entregou um dividend yield de 6,56%, enquanto a Raízen teve um retorno em dividendos de 7,98%.

Evolução do dividend yield ano a ano

2022 2023 2024*
CSAN3 2,15% 2,66% 2,41%
RAIZ4 3,00% 7,77% 0,41%

Fontes: TradeMap e B3. *Para o cálculo de dividend yield foram utilizados os dividendos pagos por ação até 02/08/2024.

Dividend yield acumulado nos últimos cinco anos

Cosan (CSAN3) Raízen (RAIZ4)
Dividend yield acumulado desde 2022 6,56% 7,98%

Fonte: TradeMap. Considera todos os dividendos pagos nos últimos cinco anos e o preço de fechamento no fim de 2021

Klabin x Monteiro Aranha

A Monteiro Aranha (MOAR3) tem investimentos na Klabin (KLBN11), Grupo Ultra e no segmento imobiliário. A holding teve um retorno em dividendos de 95,01% nos últimos cinco anos, enquanto a Klabin teve um dividend yield de 36,72% no mesmo período. Analistas destacam, contudo, que a liquidez de negociação da Monteiro Aranha é baixa, o que pode representar uma desvantagem para o investidor.

Evolução do dividend yield ano a ano

2019 2020 2021 2022 2023 2024*
KLBN11 6,89% 0,14% 1,67% 6,98% 7,51% 2,21%
MOAR3** 10,98% 4,68% 25,28% 4,19% 3,35% 4,56%

Fontes: TradeMap e B3. *Para o cálculo de dividend yield foram utilizados os dividendos pagos por ação até 02/08/2024. **O cálculo do dividend yield Inicial foi realizado com base na última cotação de fechamento disponível para o ano anterior, devido à baixa de liquidez.

Dividend yield acumulado nos últimos cinco anos

Klabin (KLBN11) Monteiro Aranha (MOAR3)
Dividend yield acumulado desde 2019 36,72% 95,01%

Fonte: TradeMap. Considera todos os dividendos pagos nos últimos cinco anos e o preço de fechamento no fim de 2018

Benefícios tributários das holdings

As holdings possuem algumas vantagens tributárias diante das empresas controladas. Por exemplo, podem pagar alíquotas reduzidas de tributos como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados  (IPI) e Imposto Sobre Serviços (ISS), explica Pasuch.

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Além disso, é possível reduzir a carga tributária da holding com a compensação de prejuízos das empresas que fazem parte do portfólio, aponta Felipe Pontes, diretor de gestão de patrimônio na Avantgarde Asset Management.

Holdings também podem adiar a distribuição de lucros aos acionistas, demorando também no pagamento do Imposto de Renda (IR) sobre esses ganhos.

Em relação aos proventos, os dividendos recebidos por uma holding de suas subsidiárias não estão sujeitos à tributação adicional no Brasil, o que permite que a holding acumule lucros sem carga tributária imediata. No caso dos juros sobre capital próprio (JCP), estes podem ser deduzidos para fins de Imposto de Renda de pessoa jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Nos juros sobre capital próprio, Pontes acrescenta que a holding recebe o valor bruto da subsidiária, ganhando uma vantagem temporal. Enquanto a pessoa física tem desconto de 15%, a holding recebe 100% do JCP. Contudo, uma hora esse provento será tributado, mas dependerá do objeto social da holding, diz Pontes.

Outro benefício aparece quando há venda de participação de algumas empresas, dado que estas podem ser estruturadas para reduzir a carga tributária sobre ganhos de capital.

Riscos de investir em uma holding

Investir em uma holding também pode significar desafios para quem busca dividendos. Uma das desvantagens é que a gestão da holding pode optar por alocar recursos em empresas que não favorecem os ganhos do investidor, destruindo o valor do portfólio, destaca Duarte, da Ticker. Um exemplo disso vem da holding Itaúsa, que tem sido muito criticada pelo mercado pela sua participação em companhias como Alpargatas e Dexco, que geram pouco valor e proventos.

Duarte cita também que algumas holdings trabalham com um endividamento elevado, que pode acabar pressionando os dividendos, como é o caso da Cosan. A companhia foi a única a perder para a sua subsidiária quando o assunto envolve retorno em dividendos nos últimos anos.

Holdings também não possuem a obrigação de distribuir dividendos e podem acabar direcionando novos recursos para investimentos em novas subsidiárias ao invés de remunerar seus acionistas, aponta Oliveira, do Projeto Vida de Acionista.

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A gestão da holding também pode acabar tomando decisões erradas que podem penalizar os dividendos dos investidores. Um exemplo vem da Bradespar, holding que investe na Vale atualmente e enfrenta um processo milionário na Justiça movido pela Litel Participações. O investidor que aporta diretamente na Vale não precisaria se preocupar com este conflito, pontua Oliveira.

Importante se atentar também para liquidez que pode ser reduzida em algumas holdings, como é o caso da Monteiro Aranha (MOAR3), que investe na Klabin.