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Dólar a R$ 5. Pode cair mais? Especialistas respondem

CPI dos Estados Unidos e arcabouço fiscal são gatilhos que podem diminuir o valor da moeda norte-americana

Dólar a R$ 5. Pode cair mais? Especialistas respondem
Moeda americana volta aos R$ 5 pela 1ª vez desde fevereiro. (Foto: Envato)
  • O dólar voltou ao patamar de R$ 5 nesta terça-feira (11) pela primeira vez desde o início de fevereiro
  • O principal motivo para a queda diária de 1,15% foi a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente ao mês de março abaixo das expectativas do mercado
  • Agora, para manter ou cair abaixo do patamar de R$ 5, cotação dependerá de alguns fatores; especialistas apontam quais

O dólar voltou ao patamar de R$ 5 nesta terça-feira (11), o menor valor de fechamento desde junho de 2022 e a divisa já acumula baixa de 1,21% em abril. O principal motivo para a queda diária de 1,16% foi a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente ao mês de março abaixo das expectativas do mercado. Contamos os detalhes aqui

Leia mais: Vale a pena comprar euro agora?

A cotação da moeda americana já vinha em queda há algumas semanas, depois de ultrapassar a faixa de R$ 5,27 na segunda quinzena do mês de março. À época, a falência de bancos nos Estados Unidos e a crise no Credit Suisse ajudaram a ampliar a aversão a risco nos mercados internacionais, pressionando o câmbio e desvalorizando o real.

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Agora, para romper a casa dos R$ 5, o cenário externo volta ao radar. Nesta quarta-feira (12) será divulgado o CPI, o principal índice de inflação dos Estados Unidos, além de novas informações sobre a política monetária do país. Se os dados indicarem uma desaceleração da inflação, cenário que permitiria o fim do ciclo de alta nos juros, a tendência será mais positiva para o real frente ao dólar.

“O dólar costuma encontrar bastante resistência neste patamar de R$ 5, mas a divulgação do CPI será importante para entendermos os próximos passos do Fed e os possíveis movimentos futuros da moeda americana”, explica Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio.

Mas não é só o exterior que pode impactar o câmbio no curto prazo. Por aqui, a discussão sobre política fiscal também deve estar no radar, especialmente nesta semana, quando o texto do arcabouço fiscal será entregue ao Congresso para que seja discutido e aprovado pelo Legislativo.

Como contamos nesta reportagem, a visão do mercado para com o arcabouço fiscal se alterou. Passada a euforia inicial, agora, os planos do governo para zerar o déficit e alcançar o superávit são considerados ousados, enquanto muitas dúvidas sobre a viabilidade da proposta permanecem não respondidas.

Com a discussão do arcabouço por parlamentares, a perspectiva é que alguma dessas arestas sejam aparadas. Um cenário que, se concretizado, seria mais positivo para a Bolsa e para o câmbio.

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“Um ambiente com menor ruído interno e perspectiva mais positiva para o cenário fiscal tende a ajudar a valorizar o real a ficar em melhores patamares de preços”, explica Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank. “Precisamos ver o arcabouço finalizado e aprovado para solidificar o patamar de R$ 5 e eventualmente até buscar patamares mais valorizados.”

De olho no mercado de opções

Um outro fator pode ajudar a valorizar o real ainda em abril: o vencimento de opções. Segundo dados da B3, cerca de 200 mil contratos de opções de venda de dólar vencem no final deste mês – o maior vencimento da história da Bolsa, segundo o Braza Bank.

Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do banco, destaca que trata-se de um volume “extremamente significativo”, com potencial de pressionar o câmbio para baixo,

“Para aquele que está vendendo, quanto mais o mercado cai, mais ele precisa vender para defender a posição que ele tem nas opções, e isso pode criar uma corrida para pressionar o dólar, de modo que possa chegar abaixo de R$ 5”, explica Perottoni. “Os quase 200 mil contratos de opções vencendo no final de abril podem atrair o preço do dólar para perto de R$ 4,60 e R$ 4,80.”

O vencimento de opções acontece sempre na terceira segunda-feira de cada mês, que, em abril, será no próximo dia 17.

Bom momento para comprar?

Sempre que o dólar é cotado a um valor mais favorável para o real, investidores começam a se questionar se é uma oportunidade para comprar a moeda americana. A recomendação de especialistas, no geral, é fazer a compra apenas no caso de objetivos específicos, como viagens internacionais.

Para quem tem esse foco, o patamar de R$ 5 pode ser de oportunidade. “Tecnicamente, ainda vemos o Brasil descolado de outras moedas emergentes. Por isso, acredito que se alguém está pensando em viajar para fora do País faz sentido aproveitar para comprar um pouco”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

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O ideal, no entanto, é não fazer a compra de dólar toda de uma vez. Como o câmbio é uma das variáveis mais difíceis de se prever, a recomendação é fazer aportes diferentes para se obter um preço médio, como explica Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar.

“Se não houver urgência, divida o montante a ser comprado em três ou quatro momentos diferentes com o objetivo de diluir o risco de comprar caro”, diz.

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