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- Parente lembrou que as energias fósseis, hoje responsáveis por 80% da matriz energética mundial, devem ser rebaixadas a 20% do total
- O executivo afirma que até 2030, ainda deve haver uma expansão no uso do gás natural e outras fontes alternativas
- Isso torna a União Europeia um mercado bastante óbvio para o Brasil, disse Pedro Parente.
O presidente do Conselho de Administração da Vast Infraestrutura e sócio da EB Capital, Pedro Parente, disse nesta terça-feira (13) que a gestora vai lançar um fundo de investimentos com foco em geração distribuída (energia) e biogás. Parente fez as afirmações no painel de abertura do Prumo Day, seminário organizado pela empresa que controla o Porto do Açu, no litoral norte do Rio de Janeiro.
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Parente, que comandou a Petrobras entre 2016 e 2018, fez longo discurso em elogio a negócios de energias renováveis, cujas oportunidades, disse, se multiplicam devido às condições naturais do País e a demanda externa, sobretudo europeia, “bruscamente” acelerada pela conjuntura de guerra na Ucrânia.
Em apresentação na qual recorreu a prognósticos feitos em 2021 pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), Parente lembrou que as energias fósseis, hoje responsáveis por 80% da matriz energética mundial, devem ser rebaixadas a 20% do total, abrindo espaço para energias renováveis, com destaque para solar, e eólicas onshore e offshore, que devem dominar a transição, como fonte para geração do hidrogênio verde a partir de 2030.
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“A capacidade instalada crescerá quase 1 mil GW por ano entre solar e eólica”, prevê Parente. Ele afirma que até 2030, ainda deve haver uma expansão no uso do gás natural e outras fontes alternativas, que deverão ser desbancadas pelo hidrogênio verde como forma de armazenamento ao fim dos próximos cinco anos. “O hidrogênio verde vai ganhar muita força nessa década na forma de amônia verde ou metanol e vai se tornar uma commodity em 2030″, completou o executivo.
Para ele, essa produção de hidrogênio com fim energético vai se concentrar em portos ou outras áreas com vocação para exportação. Por trás do argumento estão os planos energéticos europeus, que prevê uma demanda de 20 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano, das quais metade será importada. “Isso torna a União Europeia um mercado bastante óbvio para nós”, disse Pedro Parente.
Em paralelo, afirma, os europeus também pretendem aumentar em dez vezes a sua produção de biometano, combustível que também deverá ser mais importado pelo bloco, justificando, inclusive, os novos investimentos que anunciou pela da EB Capital, em que participa como sócio.
Segundo Parente, por outro lado, a indústria do Petróleo deve preservar sua importância pelo menos até 2050, mas deverá intensificar a redução de emissões de gases do efeito estufa, sobretudo o metano. “Será preciso intensificar os esforços para transformar o petróleo pesado em leve, reduzir contaminantes”. Nesse sentido, outras indústrias, como a do aço, cimento e plástico, também devem compartilhar desse esforço.
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Ante a essa conjuntura, diz Parente, o Porto do Açu tem condições de liderar, ao menos na América Latina, a reunião desses esforços de transição, com produção de hidrogênio do próprio site e atração de cadeias de valor consumidoras na região.
“É uma oportunidade inigualável, que passa desde a [atração] da manufatura de turbinas, parques eólicos offshore, briquete de ferro a quente, agrobusiness a partir de amônia verde e ‘e-fuels’ [eletro combustíveis], que serão produzidos no local e armazenados pela nossa Vast [no Porto do Açu]”, disse Parente.
Para Pedro Parente, negócios de energias renováveis se multiplicam devido às condições naturais e demanda externa.